mercado indiano é um dos maiores do mundo

Visita de Bolsonaro à Índia busca abrir um grande mercado aos produtos do Brasil

A economia indiana é a quinta maior do mundo. Com um PIB de US$ 2.6 trilhões e crescimento contínuo desde a década de 1990, a Índia chama a atenção de empresas do mundo inteiro pelo seu potencial econômico. Com uma população de 1.3 bilhão de pessoas e uma classe média de 300 milhões de pessoas, o equivalente a uma vez e meia toda a população do Brasil, é apontada como a China do Futuro, uma oportunidade que não pode ser ignorada.

Apesar do tamanho do mercado indiano, as relações comerciais entre Brasil e Índia ainda estão em um patamar muito abaixo do que poderiam ser. Especialmente quando analisamos o potencial indiano de consumir produtos brasileiros e de nos fornecer produtos e serviços. Em 2019, exportamos para a Índia US$ 2,76 bilhões e importamos US$4,26 bilhões.

Aumentar esse fluxo comercial foi a razão que levou o presidente Jair Bolsonaro a visitar a Índia em janeiro de 2020, acompanhado de uma comitiva de empresários de diversos setores. Nessa visita foram discutidas agendas temáticas e assinados acordos de cooperação e facilitação de investimentos (ACFI) para melhoria da governança institucional e a criação de mecanismos bilaterais para a mitigar riscos e diminuir controvérsias.

O que busca o acordo comercial Brasil Índia

Um dos pontos discutidos na visita foi o subsídio indiano ao setor açucareiro. Estima-se que o preço artificialmente baixo do açúcar indiano cause prejuízos na casa dos US$ 3 bilhões anuais a produtores de outros países. Só os produtores brasileiros perderiam US$ 1,25 bilhões por ano, tanto que o Brasil entrou com uma queixa contra a Índia na Organização Mundial do Comércio – OMC em 2019.

A retirada da queixa brasileira na OMC, bem como a isenção de vistos para a entrada de cidadãos indianos no Brasil foram pedidos de Nova Délhi a Bolsonaro, que serão analisados futuramente. Em troca da retirada dos subsídios, o Brasil propôs a utilização da cana-de-açúcar para a produção de etanol, que além de achar uma destinação ao excedente de produção indiano, pode ajudar a diminuir a poluição atmosférica, que é um problema na Índia.

Mas isso não significa que a visita não tenha gerado retornos mais imediatos. A Índia concordou em abrir seu mercado de gergelim para o Brasil, que em troca abrirá seu mercado para sementes de milho indianas.  Além disso, foram assinados acordos e memorandos de entendimento nas áreas de tecnologia, energia, previdência social, agricultura e saúde. No âmbito do Mercosul, avançaram os estudos para aumentar de 450 para 2.000 o número de produtos no acordo de preferências tarifárias entre a Índia e o bloco sul-americano.

Informações sobre a economia indiana

A economia da Índia é diversificada, abrangendo desde a agricultura familiar praticada em vilarejos até uma moderna agricultura de produção em larga escala, além de uma ampla gama de indústrias modernas.

A principal fonte do crescimento econômico indiano tem sido a indústria de serviços, notadamente na área de tecnologia da informação, onde o país é considerado referência mundial. A expertise dos indianos nessa área, somada à sua enorme população de Língua Inglesa permitiu que a Índia se tornasse um grande exportador de serviços de TI, terceirização de negócios e especialistas em software.

Semelhanças entre Brasil e Índia

Apesar das muitas diferenças culturais, econômicas e religiosas, Brasil e Índia têm algumas semelhanças no que diz respeito às suas economias. Ambos os países vieram de uma tradição de economias fechadas, com forte interferência do Estado, que iniciaram aberturas econômicas a partir de 1990.

Na Índia, a abertura trouxe liberalização econômica, desregulamentação industrial, privatização de estatais e menos controles sobre o comércio exterior. O resultado foi que a economia indiana experimentou um crescimento médio próximo de 7% ao ano entre 1997 e 2017.

Mas, assim como o Brasil, a Índia também teve freadas e solavancos no seu crescimento econômico, que desacelerou em 2011, com o declínio do investimento em razão do contexto da economia mundial, altas taxas de juros, aumento da inflação e pessimismo dos investidores quanto aos ânimos do governo indiano de continuar com as reformas econômicas.

A economia indiana voltou a crescer a altas taxas em 2014, com a redução do déficit em conta corrente, a estabilização da moeda e a expectativa de reformas, que trouxe um aumento do fluxo de investimentos. Em 2015 o PIB da Índia cresceu 8,2%, exuberância que se manteve em 2016 (7,1%) e 2017 (6,7%).  Nos anos seguintes, o crescimento indiano foi um pouco menor, entre 5% e 6%.

O que o Brasil exporta para a Índia

A maior oportunidade imediata para as empresas brasileiras na exportação para a Índia está na carne de frango. Um acordo sanitário foi firmado entre Brasil e Índia em 2008, mas somente em 2019 a autoridade sanitária da Índia aprovou a primeira remessa de carne de frango in natura.

A média mundial do consumo de carne de frango é de 11,9 kg/ano, mas a média de consumo dos indianos ainda é de 3,5 kg.  Por ser um tipo de proteína animal que não tem restrições ao seu consumo de ordem cultural e religiosa entre a maioria dos indianos, como é o caso da carne bovina, é a que tem maior potencial de crescimento do consumo entre a emergente, e gigantesca, classe média de 300 milhões de pessoas.

A Índia também tem uma vasta pauta de importação de outros produtos, que podem ser oportunidades para as empresas brasileiras, como por exemplo:

  • Pedras preciosas
  • Máquinas
  • Produtos químicos
  • Plásticos
  • Ferro e Aço

Produtos e serviços oferecidos pela Índia

Além dos serviços de TI, onde a qualidade e o preço indiano são quase imbatíveis, a Índia é uma grande exportadora de uma série de produtos que podem interessar aos importadores brasileiros, como:

  • Derivados de petróleo
  • Pedras preciosas
  • Veículos
  • Máquinas
  • Ferro e Aço
  • Produtos Químicos
  • Produtos farmacêuticos
  • Cereais
  • Vestuário

Mercado Indiano para a Industria da Defesa

Uma das partes menos divulgadas da viagem de Bolsonaro à Índia foi a realização do primeiro Brazil-Índia Defence Industry Dialogue, em que Marcos Degaut, secretário para produtos de defesa do governo e Ajav Kumar, secretário de defesa da Índia, oficiais do Ministério da Defesa do Brasil e os CEOs da Taurus, Embraer, Altave, Atech, Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) ,Condor, Iveco, Macjee e  Omnisys conversaram sobre parceiras nesse setor.

Entre as razões de tantos gastos militares por parte dos indianos, ficando atrás somente da Arábia Saudita na lista dos maiores compradores de armas do mundo, estão as rivalidades com a China e o Paquistão, com quem a Índia tem disputas territoriais históricas.

O dever de casa para as empresas brasileiras

Algumas empresas brasileiras, como a fabricante de ônibus Marcopolo já estão presentes na Índia desde 2008, tendo feito uma joint venture com a gigante local Tata, formando a Tata Marcopolo, e participando de um gigantesco mercado.

A Índia pode representar nas próximas décadas uma oportunidade tão grande quanto é a China hoje. Cabe às empresas brasileiras entender as necessidades e gostos do consumidor indiano para fazer o mesmo.

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