A viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Oriente Médio e Leste da Ásia pode trazer novas oportunidades para as empresas brasileiras, abrindo novos mercados e atraindo novos investimentos para o país, nos mais diversos setores.
Na viagem de Bolsonaro de dez dias ao Leste da Ásia e Oriente Médio, a comitiva brasileira esteve com empresários e autoridades governamentais de Japão, China, Emirados árabes, Catar e Arábia Saudita, estreitando laços, apresentando o Brasil como um destino seguro para os investidores desses países e, principalmente, como um parceiro confiável para negócios de exportação e importação.
No curto, médio e longo prazos, essa viagem pode gerar um grande retorno para as empresas brasileiras dispostas a internacionalizar seus negócios, exportando, importando e recebendo investimentos.
Entenda como os fundos de investimento e as empresas desses países podem se tornar grandes parceiros das empresas brasileiras, e como o Brasil pode se preparar para isso.
Economia do Japão é a terceira maior do mundo
O Japão é um dos nossos principais parceiros comerciais. Possui um PIB que passa dos US$ 5,7 trilhões, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que o coloca como a terceira maior economia do mundo, atrás somente dos EUA e da China.
As relações diplomáticas e comerciais Brasil/Japão datam de 1895, com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Desde então, os dois países mantêm um sólido intercâmbio cultural e econômico, com muitas empresas japonesas tendo uma forte presença na economia brasileira, em áreas que vão da indústria automobilística à bioenergia, infraestrutura, agronegócio e meio ambiente, entre outras.
Principais exportações brasileiras para o Japão
As principais exportações do Brasil para o Japão, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), são:
- Minérios de ferro e seus concentrados;
- Carne de frango congelada;
- Milho em grãos;
- Café cru em grão;
- Alumínio em bruto, ferro-ligas;
- Soja triturada;
- Celulose;
- Suco de laranja congelado;
- Aviões.
Produtos de exportação do Japão para o Brasil
No sentido oposto do fluxo comercial entre os dois países, o Brasil também importa muito do Japão, principalmente produtos industrializados como:
- Partes e peças para veículos automóveis e tratores;
- Automóveis de passageiros;
- Instrumentos e aparelhos de medida e verificação, etc.;
- Rolamentos e engrenagens, suas partes e peças;
- Tubos de ferro fundido;
- Ferro ou aço e seus acessórios;
- Compostos heterocíclicos, seus sais e sulfonamidas;
- Motores para veículos automóveis e suas partes;
- Partes e acessórios de motocicletas;
- Bicicletas e outros ciclos;
- Elementos de vias férreas de ferro fundido.
Balança comercial Brasil Japão
Segundo o MDIC, em 2015, o comércio entre Brasil e Japão chegou a US$ 9,72 bilhões. As exportações brasileiras para o Japão foram de US$ 4,84 bilhões, enquanto as exportações japonesas para o Brasil foram de US$ 4,88 bilhões. Esse déficit na balança comercial Brasil Japão foi o primeiro desde 2009.
Esses números vêm, aos poucos, melhorando a favor do Brasil. Essa visita pode fazer com que isso se acelere, visto que há muitos caminhos que anda não foram explorados pelos dois países.
Brasil e Japão: oportunidades de comércio e investimento
O Japão tem muito interesse em negócios com o Mercosul, e um acordo comercial Brasil e Japão, que vem sendo desenhado, poderia ajudar a viabilizar uma parceria comercial entre o bloco sul-americano e a potência econômica asiática, ampliando ainda mais o volume e o escopo do comércio de bens e serviços entre os dois países.
Mas não se deve esquecer que devemos encarar as questões legais e políticas internas que atrapalham acordos como esse e inibem nosso crescimento, avançando com as reformas econômicas e a criação de novos marcos legais.
Setores nos quais empresas do Japão querem investir no Brasil
O Japão tem uma forte presença na economia brasileira, em uma ampla gama de setores que vão de eletroeletrônicos a motocicletas, automóveis e muitos outros. As marcas japonesas são familiares e queridas do público brasileiro, o que já é um ponto positivo para que os japoneses planejem novos investimentos.
A aposta agora é que os japoneses mantenham os investimentos nos setores em que já atuam, mas também diversifiquem, investindo em:
- Agroindústria;
- Projetos de Infraestrutura;
- Produtos industrializados;
- Projetos ambientais.
Oportunidades no mercado do Japão para empresas brasileiras
O Japão é um mercado disputado, mas isso não quer dizer que não haja oportunidades para empresas brasileiras. Além do mercado de carne bovina, no qual o produto brasileiro tem preço e qualidade para aumentar ainda mais sua participação, as empresas brasileiras devem estar atentas aos acordos em ciência e tecnologia que estão sendo buscados, e em como podem participar e se beneficiar deles.
Investimento chinês pode impulsionar crescimento brasileiro
A China é hoje a segunda maior economia do mundo, com um PIB de US$ 14,83 trilhões, sendo o principal parceiro comercial do Brasil. Mas, muito mais do que um imenso mercado consumidor, capaz de importar muito do Brasil, a China também é um dos países com maior capacidade de investimento no mundo. E o Brasil deve se esforçar para se mostrar seguro e atrativo para esse capital.
O Brasil vive um momento em que se tenta mudar paradigmas, diminuindo a presença do Estado na economia e abrindo espaço para o setor privado. Nesse cenário, o dinheiro chinês pode ser um dos principais motores do crescimento do país.
Produtos que o Brasil importa da China
Devido aos custos de produção extremamente competitivos, não é de hoje que a China pode ser considerada a grande produtora e exportadora de manufaturados do mundo. Mas ficam cada vez mais para trás os dias em que se podia qualificar a indústria chinesa como copiadores de baixa qualidade. A qualidade dos manufaturados chineses é cada vez maior e mais perceptível, como mostra a lista dos principais produtos que o Brasil importa da China.
- Circuitos impressos;
- Peças de telefonia;
- Partes de aparelhos;
- Receptores e transmissores.
Quanto a China compra do Brasil
A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, sendo o destino de 27,8% de todas as exportações brasileiras. Mais que o dobro dos Estados Unidos, o segundo colocado, com 13,1%. Segundo dados do MDIC, em 2017, o volume de exportações brasileiras à China chegou a US$ 50 bilhões. Já as importações chinesas do Brasil foram de US$ 28 bilhões, gerando um superávit comercial do Brasil de cerca de US$ 32 bilhões.
Produtos que a China compra do Brasil
Commodities são os principais produtos de nossa pauta de exportações para a China é nossa principal porta de entrada para a China, sendo os principais produtos:
- Soja triturada;
- Minério de ferro;
- Petróleo bruto;
Mercados inexplorados na China
O PIB da China é o segundo maior do mundo e a maior população mundial, com 1,4 bilhão de pessoas. Ao longo dos anos, os chineses consumirão cada vez mais, gerando oportunidades para os exportadores brasileiros nos seguintes mercados, entre outros:
- Minério de ferro;
- Concentrados e óleos brutos de petróleo;
- Carne de frango;
- Carne bovina;
- Açúcar bruto;
- Celulose;
- Café;
- Farelo de soja.
Setores que podem atrair o investimento chinês no Brasil
Em sua viagem, além de buscar melhorar as relações comerciais Brasil-China, Bolsonaro procurou autoridades e empresários locais para apresentar o Brasil como uma grande oportunidade de investimento. Desses encontros, podem vir acordos bilaterais que injetem dinheiro chinês nos seguintes segmentos:
- Agricultura;
- Geração e Transmissão de energia;
- Educação e pesquisa.
Países do Golfo Arábico são mercados atrativos para os produtos brasileiros
Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita são parceiros comerciais do Brasil de longa data. Apesar de ter uma população relativamente pequena, esses países têm um grande poder de compra e são um mercado já tradicional para nossas exportações, não só de manufaturados, mas especialmente de carne halal e o frango halal, que são aqueles abatidos de acordo com as exigências da Religião Islâmica.
Além de serem grandes importadores de produtos brasileiros, quase US$ 10 bilhões por ano, esses países têm uma tradição e uma estratégia definida de investimento em diversos países do mundo por meio de seus fundos soberanos. Isso os torna especialmente atraentes para as empresas brasileiras que buscam capital para expandir seus negócios ou até mesmo para se internacionalizar.
Pensando nesses fundos investidores, executivos de governos, empresas e fundos soberanos do Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita foram apresentados a oportunidades de investimento no Brasil em agricultura, segurança, cooperação econômica, inteligência artificial, meio ambiente, pesquisa industrial, desenvolvimento e tecnologia de defesa.
Exportações brasileiras para os Emirados Árabes Unidos
Abu Dhabi e Dubai são os dois mais conhecidos dos sete emirados que formam os Emirados Árabes Unidos, que engloba ainda os territórios de Xarja, Ajmã, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujeira.
O Brasil é um dos principais fornecedores de produtos agrícolas para o país, mas os produtos manufaturados brasileiros também têm mercado e uma boa aceitação nos Emirados. No ano de 2016, segundo MDIC, na ordem, nossos produtos mais exportados foram:
- Carne de frango;
- Açúcar;
- Soja;
- Carne bovina;
- Milho;
- Automóveis de passageiros;
- Munição de caça e esporte;
- Tubos de ferro fundido;
- Ferro;
- Aço e acessórios.
Nosso fluxo comercial com os Emirados é bastante intenso. O item mais importante da nossa pauta de importações do país é o petróleo, mas podemos também podemos importar com excelente qualidade e preços competitivos os seguintes produtos:
- Ureia;
- Óleos comestíveis;
- Adubos e fertilizantes;
- Inseticidas;
- Polímeros;
- Nitrogênio;
- Querosene de ativação.
Fundo Mubadala já investe no Brasil
O Grupo Mubadala de Abu Dabhi, um dos principais fundos soberanos dos Emirados Árabes, já tem presença no Brasil. Embora a experiência com participações nas empresas do Grupo X, de Eike Batista, tenha resultado em perdas, o Mubadala continuou presente no Brasil, mantendo ou adquirindo participações em empreendimentos como o Porto Sudeste em Itajaí (RJ) e a concessionária de rodovias do interior de SP Rota das Bandeiras.
Economia do Catar é aberta ao comércio internacional
Apesar de sua pequena população e extensão territorial, o Catar tem a quarta maior reserva de gás natural do mundo, e é a 47ª maior economia de exportação do mundo. Em 2017, o Qatar exportou US$ 52,3 bilhões e importou US$ 21,6 bilhões.
Para os empresários brasileiros, o Catar (ou Qatar) é um mercado promissor, pois os produtos brasileiros têm boa aceitação entre os qataris.
De acordo com o MDIC, as exportações brasileiras para o Catar foram de quase US$ 384 milhões em 2018, sendo os principais produtos:
- Carne de frango;
- Óxidos e hidróxidos de alumínio;
- Minérios de ferro;
- Cobre;
- Partes de motores e turbinas de aviões;
- Munições;
- Tubos de ferro.
As importações brasileiras do Catar chegaram a mais de US$ 239 milhões, sendo o principal produto a ureia.
Arábia Saudita é um pais rico que quer se abrir para o mundo e aposta no Brasil
A economia da Arábia Saudita é baseada na exportação de petróleo, atividade em que ocupa a terceira posição no mundo. Mas importa praticamente tudo, sendo uma grande oportunidade para empresas brasileiras que querem se internacionalizar.
Exportações brasileiras para a Arábia Saudita
A Arábia Saudita é o maior comprador da carne de frango do Brasil no mundo. Mas a pauta de exportações brasileiras para os sauditas é mais ampla, e em 2017 chegou a US$2,1 bilhões. Os principais produtos brasileiros exportados para lá foram:
- Carne de frango;
- Açúcar;
- Carne bovina;
- Minério de ferro;
- Munições;
- Soja;
- Milho;
Principais produtos que o Brasil importa da Arábia Saudita
O Brasil importou em 2017 o valor de US$2,3 bilhões de dólares. A lista de produtos é baseada em petróleo e seus derivados, como:
- Petróleo bruto;
- Adubos;
- Fertilizantes;
- Polímeros.
Arábia Saudita anuncia investimento de 10 bilhões no Brasil
Um dos resultados positivos da viagem de Bolsonaro foi o anúncio de um investimento saudita de dez bilhões de dólares no Brasil. Mas, tão importante quanto o valor em si é o que ele sinaliza, que é uma chance que alguns dos maiores fundos investidores do mundo estão dando ao Brasil. Cabe aos empresários brasileiros aproveitar a oportunidade.