variante omicron

A variante ômicron não é uma surpresa, mas um alerta que precisa ser ouvido

A notícia do surgimento da variante ômicron da Covid-19, na África do Sul, colocou o mundo em alerta, derrubando previsões de recuperação econômica e consequentemente as bolsas de valores em todo o mundo. Embora as primeiras notícias a respeito, dadas por órgãos de imprensa sérios, afirmem que a ômicron é mais contagiosa, mas menos perigosa, ao menos aparentemente, convém termos a devida cautela antes de fazer qualquer afirmação.

A menor letalidade da ômicron, se confirmada, é uma excelente notícia, mas não diminuiu seu grande impacto psicológico. Tanto os países ricos como aqueles em desenvolvimento, como o Brasil, nesse momento já viviam uma sensação de pós-pandemia.

Não que alguém achasse que todos os problemas haviam terminado, mas o mindset global estava voltado para resolver o caos logístico, causado por quase dois anos de paralisação de atividades, controlar a inflação causada pela escassez de diversos produtos, e em alguns casos, até em reorganizar a globalização econômica, evitando os perigos da concentração da produção industrial em um único lugar, como ocorreu na crise dos respiradores.

Porque a ômicron não é uma surpresa

Conforme havíamos previsto nesse artigo, de março de 2021, muitos países do mundo, especialmente das regiões mais pobres, como a África, haviam recebido pouquíssimas doses de imunizantes, permitindo que o coronavirus se alastrasse, e sofresse mutações, porque essa á natureza dos vírus, livremente.

Então, é um erro chamar o surgimento de uma nova variante no continente africano de “surpresa desagradável”. Desagradável, com certeza, para ser eufemístico, Mas jamais uma surpresa.

Não seremos levianos a ponto de falar que o surgimento de uma nova variante poderia ter sido evitado, mas é um fato que muito pouco foi feito para levar imunizantes em quantidade suficiente para o continente africano. E podemos nos considerar com sorte de estarmos recebendo uma espécie de segunda chance.

Os mecanismos naturais que levam os seres vivos, inclusive os vírus, a sofrerem mutações são aleatórios, absolutamente imprevisíveis. Se no caso da ômicron o resultado ao que tudo indica, é de uma variante mais contagiosa, mas menos perigosa, nada impede que uma próxima mutação tenha outras características. Inclusive a de ser, o que seria o pior dos cenários, mais contagiosa, mais perigosa, e as vacinas que temos até o momento não terem efeito sobre ela.

A questão do continente africano e outras regiões menos desenvolvidas

A quebra de patentes para aumentar a quantidade de imunizantes disponíveis, conforme foi proposto pela OMC,  é uma das opções para resolver o problema o mais rápido possível, e tem seus pontos positivos e negativos. Existem outras que podem ser aplicadas, sem dúvida, inclusive porque o continente africano não é um bloco homogêneo, como uma visão estereotipada que temos de fora dele pode dar a entender.

A África tem um total de 54 países, diferentes entre si cultural, étnica e linguisticamente, do Egito à Nigéria, passando por Camarões e pela própria África do Sul, alguns mais estáveis, outro mais instáveis politicamente, e em diferentes graus de desenvolvimento econômico. Isso significa que a viabilização de uma imunização em larga escala em cada um desses países pode ter estratégias diferentes

Mas, independentemente de qual seja estratégia, o surgimento da variante ômicron é um aviso de que as questões sanitárias na África não poderão ser deixadas em segundo plano, e muito menos se restringirem a demonstrações públicas de boas intenções por parte de celebridades ou chefes de Estado.

Se o mundo permitir que o vírus continue a circular livremente pela África, será uma questão de tempo o surgimento de novas variantes, que podem ser mais contagiosas, mais letais, ou ambos. E como já está acontecendo com a ômicron, se espalharem pelo mundo, reiniciando a tragédia humana e econômica da Covid-19.

Então, mais do que uma questão de cunho humanitário, promover a imunização em massa da população dos 54 países da África é uma questão de interesse pragmático de todo o mundo.

A variante ômicron e os riscos de não se vacinar

O surgimento da variante ômicron é uma causa maior de preocupação no mundo inteiro. Não somente porque ainda não se sabe se as vacinas disponíveis no mercado são eficazes contra ela, mas porque existe um considerável contingente de pessoas, inclusive no Brasil, que embora minoritário, é bastante ativo nas redes sociais e meios de comunicação, e que por vontade própria se recusa a se vacinar, alegando os mais diversos motivos.

Com mais de 4 bilhões de pessoas imunizadas no mundo inteiro e o número de  contaminações e óbitos despencando nos países onde a vacinação em massa ocorreu, qualquer dúvida a respeito da segurança e eficácia das vacinas, que mesmo a pessoa mais cética e precavida teria o direito de ter, já deveria ter sido dirimida.

Esse contingente de não vacinados não somente atrasa o controle total das cepas do coronavirus que já estavam em circulação, como se torna a porta de entrada e o “caldo de cultura”  onde podem surgir novas variantes, como foi o caso da ômicron, que podem ser muito mais transmissíveis e perigosas.

Não custa lembrar que o coronavirus é conhecido pela ciência desde a década de 1960, e jamais havia se mostrado excepcionalmente perigoso para o ser humano até 2019, quando, até onde se sabe, uma única pessoa contaminada com uma mutação contaminou outras, dando origem à pior pandemia dos últimos 100 anos.

Enquanto houver possibilidade de o vírus se espalhar e sofrer mutações, variantes mais letais que a ômicron poderm surgir e se espalhar, perpetuando ou reiniciando a tragédia humana e econômica da pandemia.

 

renminbi x dólar

Moeda da China, o renminbi,  pode disputar espaço com o dólar no comercio internacional ?

 

 

Existe possibilidade de o renminbi, nome oficial da moeda chinesa, que conhecemos popularmente como Yuan, disputar espaço com o dólar nas transações comerciais internacionais? Essa é uma pergunta que tem sido feita com mais frequência desde que o crescimento econômico da China a colocou como um rival sério dos Estados Unidos pela liderança política a econômica global.

O processo, caso ocorra realmente, seria semelhante ao que ocorreu quando a libra esterlina, a moeda do Reino Unido , era a mais respeitada do mundo durante todo o século XIX,  e o dólar americano não estava entre as primeiras opções como uma moeda internacional.

A mudança aconteceu paulatinamente, começando na I Guerra Mundial, quando, mesmo à frente do Império Britânico, o Reino Unido terminou o conflito sem condições de continuar liderando a economia global, e os Estados Unidos, que haviam entrado na Guerra na Europa aliados aos britânicos e franceses , abandonavam seu tradicional isolacionismo, e participavam mais ativamente do comércio internacional.

A transição da libra esterlina para o dólar se completou após o fim da II Guerra Mundial, quando os Estados Unidos, além de emergirem do conflito como um dos grandes vencedores, e maior potência econômica, militar, e consequentemente política, do planeta, financiaram a reconstrução do Japão e da Europa, através de ações como o Plano Marshall.

Em que moeda é feito o comércio internacional hoje

Apesar de desde a o fim da II Guerra Mundial o dólar ser a principal moeda do comércio internacional, não é a única.  Além da moeda dos Estados Unidos,  as do Canadá (dólar Canadense), União Europeia  (euro) e Reino Unido (libra esterlina) também são utilizadas, e todas juntas, representam mais de 85% do comércio internacional.

A moeda chinesa no comércio internacional

O aumento do uso da moeda chinesa, o renminbi, no comércio internacional não ocorreu na mesma proporção que o aumento do peso do gigante asiático no comércio internacional. Desde 2001, o comércio de bens da China cresceu mais de 10 vezes, tornando-a o maior comerciante individual do mundo. No mesmo período, uso do renminbi em negociações forex chegou a mais de 6% das operações, tornando-a a sétima moeda mais negociada no mundo.

É um crescimento substancial, mas não proporcional ao peso chinês no comércio mundial.

Países que utilizam o renminbi, a moeda chinesa, no comércio internacional

A própria China sempre utilizou  o dólar em suas transações internacionais, e o uso do renminbi (yuan) não era cogitado seriamente fora de suas fronteiras. Entretanto a ascensão econômica chinesa, com o consequente aumento da credibilidade de sua moeda, somada aos atritos políticos e  guerra comercial com os Estados Unidos,  fizeram a China apressar o processo de internacionalização de sua moeda, para evitar a exposição em dólar americano.

Entre os países que tem realizado trocas comerciais com a China em renminbi estão a Rússia,  um peso-pesado militar e geopolítico, Paquistão, e outros países da Ásia Central, Myanmar, Angola e o Irã, que sob sanções americanas, têm muito interesse em não depender do dólar para fazer transações internacionais. Na América do Sul, a Argentina, desde 2014, tem um acordo com a China para utilização de suas moedas nacionais nas transações econômicas.

A estratégia chinesa para internacionalizar o renminbi

Promover o uso do renminbi no comércio internacional tem sido uma parte crítica dos esforços da internacionalização da moeda.

A China teve algum sucesso nessa frente, em função do estabelecimento dos acordos bilaterais de swap de moedas, que fornecem aos países moedas estrangeiras e reduzem o risco de flutuações nas taxas de câmbio. Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, a China assinou acordos de swap de moedas com um total de 36 países.

Os principais países que realizam as compensações, chamadas de clearing , são Hong Kong e Reino Unido, em Londres, mais especificamente.

SDR – Direitos Especiais de Saque

A China também empreendeu uma série de reformas para avançar para inclusão  do Renmimbi na cesta dos Direitos Especiais de Saque  – SDR – que é um ativo de reserva internacional criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para complementar as reservas internacionais dos seus países membros.
Para ser incluída na cesta do SDR, uma moeda deve ser emitida por um grande exportador, critério objetivo que a China obviamente atende muito facilmente, e também devem ser livremente utilizáveis, uma avaliação um tanto mais subjetiva, nas negociações forex e no mercado internacional.

A adição do Renmimbi  à cesta do SDR em outubro de 2016 foi um passo objetivo muito importante para a moeda chinesa, pois a elevou a um patamar onde só estavam o dólar , o Euro, o Iene e a Libra Esterlina. E, simbolicamente, sem dúvida significa muito para a China, pois confere ao gigante asiático um status de “de direito”, que há muito tinha de fato, o papel de grande player econômico e político.

Investimento estrangeiro em Renmimbi

Outras iniciativas da China para internacionalizar o sua moeda incluem permitir que o investimento estrangeiro direto interno e externo seja recompensado em renminbi, estabelecendo Londres, conforme informamos acima, como o maior centro comercial fora da China.

O investimento estrangeiro em renminbi aumentaria ainda mais com a liberalização dos controles de capital na China, permitindo maiores fluxos de capital para dentro e para fora do país. Mas é algo a que o governo chinês ainda resiste, porque também exporia a China e sua moeda a uma maior volatilidade, algo especialmente verdadeiro devido ao sistema financeiro do país ainda estar em desenvolvimento.

Criptomoeda chinesa com garantia do Estado

A China pode se tornar o primeiro país do mundo a introduzir uma moeda digital apoiada e principalmente garantida pelo Estado. A criptomoeda chinesa  é uma verdadeira quebra de paradigma a respeito das criptomoedas, e um incentivo a investidores que tem mais aversão ao risco, o que é absolutamente compreensível, a enxergarem criptomoedas de uma forma mais positiva.

O banco popular da China anunciou sua moeda digital. O DCEP (Pagamento eletrônico de moeda digital) poderá ser trocado por renminbis e será distribuído por bancos estatais e por empresas de pagamentos digitais, tais como Alipay e WeChat. Os usuários irão comprar os DCEP, armazená-los em uma carteira digital e trocá-los por bens e serviços.

A China está tentando se estabelecer como líder em tecnologia de pagamentos, e pretende consolidar essa posição ao lançar uma moeda digital que tem a garantia de um Estado soberano. Tal movimento seria um avanço na tecnologia de pagamentos, pois traz benefícios como compensações instantâneas e até pagamentos “off line”.

A relação da internacionalização da moeda chinesa com a imagem do país

Tanto os acordos que a China fez com outros países para o uso do renminbi para o comercio internacional, passando pela inclusão da moeda nas cesta do FMI de Direitos Especiais de Saque – SDR, até o lançamento de sua moeda digital com a chancela e a garantia do Estado Chinês podem ser vistos também como parte de uma estratégia de promoção de uma imagem positiva da China.

E essa estratégia para promoção e, digamos, posicionamento da marca, aplicando livremente um conceito de marketing para a imagem de um país, é bastante sofisticada, porque dialoga com vários públicos diferentes.

EUA x China – dólar x renminbi

Apesar do efeito novidade de ser a primeira entre as grandes economias do mundo a lançar sua moeda digital, um passo que outras grandes economias inevitavelmente seguirão, em algum momento, contar a favor do posicionamento que a “marca China” quer ter no mundo, isso aumentará apenas marginalmente a popularidade da moeda chinesa, não levando, necessariamente, ao aumento repentino do seu uso.

O dólar permanece como a moeda mais usada como reserva pelos governos dos principais países do mundo, inclusive do Brasil, e é utilizado em 60% de todas as transações comerciais internacionais, seguido do euro, com 20%.

O renminbi pode substituir o dólar um dia?

Com o perdão do trocadilho infame, essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. E não pode ser respondida através de análises contaminadas pelo viés ideológico que sempre surge quando se fala da disputa entre Estados Unidos e China.

Prever o que pode acontecer no futuro continua uma profissão tão ingrata quanto sempre foi, mas a melhor maneira de ter ao menos um rascunho de resposta, seria apelarmos às análises sobre processos semelhantes que ocorreram no passado, como o que já citamos no primeiro parágrafo, quando o dólar substituiu a libra esterlina como a principal moeda internacional.

Como muitas outras coisas que acontecem em economia, o uso de uma moeda é um comportamento humano aprendido. A moeda funciona porque tanto quem está dando, como quem está recebendo acreditam que aquele pedaço de papel vale o que está impresso nele. E sabem que outros também acreditarão nisso, de modo que a moeda possa continuar sendo utilizada para ser trocada por algo que as pessoas desejam.

Para que as pessoas passassem a acreditar mais no dólar do que na libra esterlina, foi preciso mais do que o tamanho militar, econômico e político dos Estados Unidos ser refletido em sua presença nas transações internacionais. Foi necessário também que o Reino Unido lutasse duas guerras mundiais, e saísse tão exaurido delas, especialmente da segunda, que  não pudesse manter sua pujança econômico, a ponto de inclusive, não conseguir manter o Império Britânico.

O crescimento chinês é um fato incontestável, e colocou os Estados Unidos na posição de ter um rival à altura, coisa que não acontecia desde que a Guerra Fria acabou e a União Soviética entrou em colapso. Mas a única conclusão a que podemos chegar com isso é que o poder relativo dos norte-americanos diminuiu. Somente isso. Nada indica que os Estados Unidos possam se exaurir como aconteceu com o Reino Unido após o fim da II Guerra Mundial.

Então, podemos sim esperar um crescimento do uso do Renmimbi nas transações internacionais. Mas uma completa substituição do Dólar por esse dependeria de uma mudança de cenário tão radical, que não aparece no horizonte previsível.

Agradeço às inestimáveis contribuições nesse artigo da professora Tatiana Prazeres, Senior Fellow at the university of International Business and Economic -Beijing

regionalização continental

Nova fábrica da Tesla pode indicar nova fase descentralizada da globalização econômica

A Tesla, montadora de carros elétricos do visionário Elon Musk é uma das empresas mais inovadoras do mundo. Em novembro de 2021, o valor da empresa atingiu 1 trilhão de dólares, confirmando sua a posição como a montadora mais valiosa do mundo. E como uma empresa de vanguarda, a localização de sua nova fábrica pode indicar também uma nova fase, descentralizada, da globalização econômica.

A Tesla tem 3 fábricas, de onde saíram as 509.737 unidades produzidas em 2020 : duas nos Estados Unidos, em Nevada e Nova Iorque, e uma na China, em Xangai. A nova fábrica da Tesla, nos arredores de Berlim, Alemanha, será inaugurada 2022.  Esses locais fora dos Estados Unidos, país de origem da montadora, são localizações chave. E podem indicar a nova fase da globalização econômica, que influenciará a estratégia de longo prazo das empresas globais.

A nova fase da globalização econômica

Até 2019, parecia uma tendência consolidada e irreversível que a China, ou países próximos a ela, onde há forte presença das empresas chinesas, se manteriam por um longo tempo como as grandes fábricas do mundo, devido aos baixos custos de produção.

Além do custo em si ser mais baixo, a China, especialmente, desenvolveu uma poderosa estrutura logística que permitia que produtos fabricados ali chegassem aos seus portos, e de lá fossem embarcados em navios que percorriam milhares de quilômetros por mar até qualquer país do mundo, e tendo preços finais que os fabricantes locais tinham muita dificuldade em conseguir competir.

Mesmo as ações e estímulos de países como os Estados Unidos e até o Japão para que empresas saíssem do território chinês, sob alegações diversas, mostraram pouco resultado. Afinal, independentemente das disputas entre Estados Unidos e China pela liderança econômica, política, e até militar do mundo, empresas privadas precisam ter lucro, e para isso, precisam  vender seus produtos.

Nenhuma empresa global de bem manufaturados que pretenda continuar existindo, e sendo relevante, nas próximas décadas, pode se dar ao luxo de não priorizar o mercado chinês, com mais de 1 bilhão de habitantes, sendo que 400 milhões de pessoas têm padrão de consumo de classe média.

A crise logística mundial, o início.

A crise mundial criada pela pandemia de Covid-19, e o caos logístico que vivemos no pós-pandemia, que dificulta a recuperação econômica, lembrou a todos que logística é uma palavra vinda das academias militares, onde os especialistas na área há séculos estudam as melhores maneiras de transportar com segurança equipamentos e suprimentos a tropas que estejam no front de algum conflito armado.

Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, ao longo de séculos de estudo sobre o assunto, os especialistas no assunto consideram imutável o fato de que quanto mais longa é uma linha de abastecimento, mais vulnerável ela é.

A crise dos respiradores e EPIs

Um dos momentos mais dramáticos da pandemia foi o seu início, quando hospitais do mundo inteiro precisavam desesperadamente de respiradores. Essas máquinas, para os padrões da indústria de equipamentos médicos, eram consideradas um item de baixo valor, cujo preço de venda não compensava os custos de produção nos Estados Unidos, Europa, ou mesmo no Brasil.

90% da produção de respiradores do mundo acontecia em Wuhan, na China, justamente onde a pandemia começou, causando uma escassez global do item e levando a uma disputa entre países pela compra dos poucos itens disponíveis no mercado, assim como aconteceu com os EPIs, equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, também fabricados em sua maioria, na China.

O preço desses itens disparou no mundo inteiro, e mesmo para quem estivesse disposto a adquiri-los com custos super inflacionados, muitas vezes não era possível acha-los para compra.

Da globalização para a regionalização continental

A lição da crise dos respiradores, mesmo levando em consideração que Wuhan, onde esses aparelhos são fabricados, é o lugar onde a crise eclodiu, e foi o primeiro a parar mostrou a vulnerabilidade da produção mundial de manufaturados ser concentrada na China e países vizinhos, e viajar milhares de quilômetros por mar para os outros mercados do mundo.

Recorrendo novamente à sabedoria dos especialistas militares em logística, é uma linha de suprimentos longa demais, muito vulnerável, com muitas possibilidades de algo dar errado, como de fato, deu.

A questão é o que fazer para diminuir essa vulnerabilidade, porque produzir tudo internamente, sem depender de importações, como defende, inclusive, certa linha do pensamento econômico brasileiro, simplesmente não é opção. A experiência já mostrou isso. Ao longo do século XX, países como Índia, Brasil e Argentina fecharam seus mercados e dificultaram importações, com o objetivo de incentivar suas indústrias nacionais.

Os resultados foram muito aquém do que poderia ser considerado satisfatório. Protegidas da concorrência internacional , muitas empresas desses países não mantiveram qualidade e preço para serem competitivas internacionalmente, e os consumidores também foram prejudicados, pagando preços mais altos por produtos ou serviços de qualidade inferior.

A regionalização continental é uma adaptação da globalização econômica

A solução para evitar um impasse parecido com a crise dos respiradores é a regionalização continental, em que a produção mundial de um determinado item, que antes ficava concentrada em um único lugar, no caso a China, por uma questão de custos, é descentralizada , tendo pelo menos uma unidade de produção em cada região do mundo, onde isso seja operacional e financeiramente viável.

Isso explicaria a localização estratégia das fábricas da Tesla, muito próxima aos mercados mais importantes para a montadora.

A planta de  Berlim provavelmente atenderá os consumidores da Alemanha e de outros países da Europa, A da China, o gigantesco mercado chinês, e eventualmente outros mercados interessantes da Ásia, como  Índia, Japão e Coréia do Sul, enquanto as fábricas nos Estados Unidos atenderão o mercado norte-americano, além do Canadá e América Latina, incluindo o Brasil.

O Brasil poderia ter uma fábrica da Tesla?

A resposta é não. O mercado de carros elétricos no Brasil ainda é um nicho formado por poucos consumidores de alto poder aquisitivo, que não  justificou a abertura de uma concessionária da Tesla em território brasileiro, quanto mais uma fábrica. E mesmo o mercado do Mercosul, e da América Latina como um todo, não seria o suficiente.

As vantagens e os limites da regionalização continental

Com várias fábricas em vários continentes,  ao invés de uma  na China ou em outros países próximos, com custos de produção mais baixos, abre-se mão, em um primeiro momento, da vantagem competitiva do baixo custo em troca da segurança de que, se algo semelhante à Covid-19 em Wuhan acontecer novamente, não haverá uma paralisação em escala mundial da produção de um determinado bem.

Mas não se pode esquecer que mesmo buscando não correr esse risco novamente, a estratégia da regionalização continental esbarra em limites muito claros, de que certos países são muito mais competitivos que os outros na produção de certos itens. E que mesmo com investimentos, nem sempre é possível alcançar o grau de excelência que eles alcançaram.

A fabricação de chips semicondutores, importantes tanto para a indústria de tecnologia da informação, como para a da própria indústria automobilística, que usamos como exemplo nesse artigo, está concentrada em Taiwan e Coréia do Sul.

Existem oportunidades na regionalização continental

Conforme já apontávamos, ainda em maio de 2020, portanto no início da crise do Covid-19, a regionalização continental é uma tendência colocada, que causará uma redefinição do conceito de globalização econômica. Pela posição que o Brasil tem no Mercosul e na América Latina como um todo, além do tamanho do nosso mercado, essa tendência trará oportunidades. Caberá às empresas internacionalizadas saber aproveitar.

baixo custo-baixo carbono

A globalização econômica de busca do baixo custo dará lugar à de busca por baixo carbono?

A lógica da globalização econômica sempre foi de que empresas e pessoas não estavam restritas ao seu país de origem para buscar a melhor qualidade e o mais baixo custo na hora de comprar. E nem deveriam estar restritas ao mercado de seu próprio país na hora de vender. Para as empresas internacionalizadas, o mercado era o mundo.

O ambientalismo como força política

Emissões de carbono e outros impactos ambientais não fizeram parte das preocupações da maioria das empresas durante muito tempo. Isso começou a mudar a partir da década de 1970, quando, movimentos  de defesa da ecologia se tornaram uma força política a ser considerada, liderando protestos contra empresas que degradavam o meio-ambiente.

Esses movimentos ganharam força a ponto de, na década de 1980,  se tornarem partidos políticos bastante relevantes em países como Alemanha e Austrália, com influência suficiente para aprovar legislações que obrigavam a utilização de equipamentos e procedimentos que minimizavam o impacto ambiental e puniam as empresas que não seguissem as regras.

Esses procedimentos diminuíam a degradação ambiental, mas também significavam um aumento de custos de produção para essas empresas, que enxergaram na economia globalizada uma solução, transferindo plantas industriais poluentes para países onde a legislação ambiental fosse menos rigorosa.

O aquecimento global e a questão ambiental como consenso mundial

As mudanças climáticas tornaram perceptíveis às pessoas comuns aquilo que antes somente os cientistas percebiam: que a temperatura da Terra está subindo e, na falta de outra explicação plausível, os responsáveis são os gases de efeito estufa, especialmente o CO2, Dióxido de Carbono, liberado na queima de combustíveis fósseis.

Essa percepção fez com que a questão ambiental ultrapassasse os guetos da militância radical e dos partidos verdes do mundo, para se tornar um consenso quase universal, influenciando, as posições e escolhas das pessoas enquanto eleitores e, principalmente, como consumidores.

A postura de empresas e governos na questão ambiental

O fato de a questão ambiental ter se tornado central influenciou fortemente as decisões de empresas e governos. Os governos não somente são cobrados a criar legislações mais severas quanto à emissão de gases de efeito estufa, como cada vez mais  empresas adotaram os protocolos ESG – Environmental, Social, and Governance, Ambiental, Social e Governança, em português.

Mais do que isso, o posicionamento ambiental começou a fazer parte da proposta de valor de diversas empresas, desde a montadora de carros elétricos Tesla, até as brasileiras Natura.  e Marfrig A primeira porque é a líder de mercado em carros que não emitem CO2, e as outras porque incluem a sustentabilidade em muitas coisas que fazem, inclusive no design de suas embalagens.

E, para o bem e para o mal, vivemos em uma época em que mesmo pessoas que não fazem parte do público-alvo das empresas são stakeholders que devem ser levados em conta na hora em que elas tomam suas decisões. Ter a imagem associada a um escândalo ambiental que pode gerar avalanches de críticas nas redes sociais, os famosos, ou infames, cancelamentos, é o pesadelo de qualquer gestor de marketing.

A globalização do baixo carbono

Nesse contexto, faz todo o sentido que empresas internacionalizadas procurem não somente os menores custos de produção, e a melhor qualidade possível, mas também o menor impacto ambiental, independentemente de que local do mundo elas, e essas condições, se encontrem, já que  mudanças climáticas não reconhecem fronteiras políticas, afetando todo o planeta igualmente.

Mas não significa que será fácil, especialmente no curto prazo. A pandemia de Covid 19 desestruturou as estruturas produtiva e logística do mundo, e não foi diferente no caso da energia. Os preços do petróleo subiram quatro vezes, do gás natural sete vezes e do carvão, duas vezes, porque a demanda por energia, qualquer energia, é alta e tende a crescer com a recuperação econômica mundial. Por isso, no curto prazo os preços dificilmente vão baixar.

Mas, mesmo com o preço dessas energias estando muito mais alto que o normal, infelizmente isso não está funcionando como um estímulo a mais para que se busque as energias mais limpas, porque essas, em sua maior parte ainda estão em uma fase de desenvolvimento tecnológico, não estando tão prontas e disponíveis quanto as energias à base de combustível fóssil. E a demanda para a retomada econômica é de curtíssimo prazo.

A transição energética no longo prazo

Além da questão da mudança da matriz energética, existe a questão da mudança da matriz econômica que depende dela.

Para muitos países, que vão desde os grandes produtores de combustíveis fósseis, como Arábia Saudita e Austrália, até os  grandes consumidores, como Estados Unidos e China, que também são produtores,  a mudança na matriz energética, das fontes de energia poluidoras, para as mais limpas, passam também por mudanças econômicas. E muitas vezes, elas podem ser traumáticas.

As economias de países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, dependem do petróleo. A do Qatar depende do gás natural. A Austrália, que também é uma grande produtora de gás, é uma das maiores exportadoras de carvão do mundo, com uma indústria ligada a esse setor que gera 50.000 mil empregos direitos, 300.000 indiretos e US$ 36,7 bilhões em exportações todos os anos.

Diminuir as emissões de gases de efeito estufa é um imperativo para tentar reverter, enquanto é tempo, as mudanças climáticas. Mas é um processo que, no longo prazo, deixará alguns “órfãos”, como toda mudança disruptiva. E por isso, demandará habilidade política e planejamento.

energias limpas,, energias sujas, recuperação econômica

As energias limpas, as sujas e os obstáculos para a recuperação econômica

Antes do início da pandemia, um dos grandes quase consensos mundiais era a respeito da necessidade de combater o aquecimento global através da adoção acelerada de energias limpas, que despejam menos gases de efeito estufa na atmosfera, e a diminuição do uso de energias sujas, baseadas na queima de petróleo e carvão.

A substituição de energias sujas por energias limpas

Em uma situação normal, substituir uma matriz energética suja que moveu os séculos XIX e XX por outra mais limpa em escala mundial já seria um desafio econômico e político de enormes proporções. Todos são a favor em teoria, mas a prática envolve um investimento que governos e empresas relutam em fazer. E economias e empresas que competem entre si globalmente  cobram das outras que façam também a sua parte.

Esse impasse aparentemente insolúvel havia sido quebrado por uma conjunção de fatores: As alterações no clima visíveis a todos, com suas consequências indesejadas, a contínua pressão política de ambientalistas, que deixou o nicho político dos adeptos de uma causa para se tornar um quase consenso global,  e o desenvolvimento tecnológico,  que tornou o uso de energias limpas, como a eólica e a solar, mais economicamente viáveis.

Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (AIER), nos últimos 20 anos as energias renováveis geraram 26% da eletricidade consumida no mundo.

Mas se o uso dessas energias se tornou mais viável do que havia sido algumas décadas atrás, isso não significou que automaticamente a tecnologia ou as condições necessárias para a sua adoção se tornassem acessíveis a todos,  para que o mundo deixasse de lado as energias sujas e a queima de petróleo e carvão se  tornasse coisa do passado. Queria dizer apenas que podíamos ser otimistas, e em algum momento do século XXI, se tornaria possível e viável.

Foi nesse contexto que ocorreu a pandemia de Covid-19.

A recuperação econômica pós pandemia e a questão energética

Nos primeiros meses da pandemia, que foram enfrentados com distanciamento social e, em alguns países, lockdowns, a diminuição do número de veículos em circulação parecia ter materializado o sonho dos ambientalistas mais radicais, com as emissões veiculares e a poluição diminuindo nas grandes cidades a ponto disso poder ser percebido nas coras do pôr do sol, inclusive em cidades como São Paulo.

A queda do consumo de petróleo fez os preços caírem ao nível mais baixo da história em 2020, mas com inevitável, e sim, muito desejada retomada das atividades econômicas e da vida próxima do que era o normal pré-pandemia, graças à vacinação em larga escala, a demanda de praticamente tudo aumentou, inclusive de energia.

Em uma situação em que as economias ,em fase de recuperação, enfrentam escassez de vários itens, por causa do caos causado pela desestruturação das cadeias produtivas e logísticas do mundo, o mesmo ocorre com a energia, condição agravada por condições climáticas atípicas, inclusive no Brasil.

A demanda mundial por petróleo, carvão e gás natural chegou a números altíssimos, devido a condições climáticas atípicas e ao aumento da demanda pela retomada da economias da pandemia da COVID-19

A demanda por petróleo no curto prazo

A Agência internacional de energia (AIE) estima que a demanda mundial por petróleo chegará a aproximadamente a 100 milhões de barris por dia, em 2022, próximo aos níveis da pré-pandemia, mas ainda assim a produção mundial encontra dificuldades para atender consumo crescente nos países que se recuperam da pandemia.

Os preços do petróleo Brent , referência mundial da commodity, chegaram a US$. 85,00 por barril, nível mais alto nos últimos três anos. Os operadores apostam que os preços continuarão em alta, alimentando em muito o mercado de opções.

Entretanto, os investimentos totais em petróleo e gás, sem contar com as bacias de xisto, em 2-21 alcançarão US$.360 bilhões , aproximadamente 26% a menos do que antes da pandemia, segundo a AIE.

O investimento em petróleo e a questão climática

Embora o aumento da demanda e dos preços sejam um óbvio estímulo para o aumento da produção de petróleo, para cumprir as metas do Acordo de Paris sobre o clima,  o nível de investimentos na produção de petróleo deverá ser mantido nesse mesmo patamar pelos próximos dez anos, para depois cair ainda mais, para manter a meta preferencial do aumento das temperaturas mundiais em torno de 1,5°C.

O futuro das energias limpas

Embora a questão do aquecimento global seja um fato comprovado, na era das redes sociais, em que todos têm uma opinião, independentemente de ela ser baseada em conhecimento científico ou fonte respaldada, no momento em que a questão da escassez energética está em evidência, já é possível ouvir ruídos tanto de negacionistas da ação humana como causa do aquecimento global como da viabilidade da transição para energias limpas.

Tal posicionamento deve ser entendido dentro da lógica de extrema polarização política que contamina as redes sociais, associando a questão ambiental e todas as questões relacionadas, como as energias limpas, a disputas político-ideológicas.

Sem entrar na discussão política, que produz muito calor e pouca luz, não custa lembrar que os sistemas de produção de energias limpas são antes de tudo aplicações de tecnologia, cuja eficiência aumenta à medida que o uso evidencia as limitações e cientistas e engenheiros trabalham para superá-las.

Para quem tem dúvida disso, basta pesquisar qual era a potência e desempenho dos motores à explosão de automóveis, caminhões e até veículos militares a aproximadamente 100 anos atrás, durante a I Guerra Mundial, e a potência e desempenho das versões atuais desses mesmos veículos hoje em dia.

A pesquisa e o desenvolvimento de energias limpas ainda tem um longo caminho a percorrer, e o objetivo é garantir um planeta melhor para se viver para as próximas gerações.

 

COP26, A Conferência do Clima de Glascow

É nesse contexto no mínimo desafiador, de um objetivo que é de longuíssimo prazo, mas cuja busca não pode ser adiada, e as questões urgentes da recuperação econômica pós pandemia, que entre 31 de Outubro e 12 de Novembro, os líderes mundiais se reunirão na Escócia, para a conferência do clima de Glascow, a COP 26. O objetivo da conferência é acelerar a  transição a uma matriz energética  mais limpa e reduzir as emissões de efeito estufa.

O impasse que se coloca para esses líderes é que a redução da emissão de gases de efeito estufa continua sendo um problema urgente, que exige investimento, e se os países ricos apoiarão financeiramente os menos desenvolvidos nessa transição para as energias limpas.

Essa questão interessa muito ao Brasil, não somente por ter sua cota nas emissões, tanto por parte da indústria, como do agronegócio, como por ser o dono da maior parte da Floresta Amazônica, um bioma vital para o equilíbrio climático do planeta.

Países têm interesses econômicos e políticos, que são legítimos. Mas não podem esquecer que todos estão no mesmo Planeta Terra, e eventos climáticos adversos não respeitam fronteiras políticas.

ameaças e oportunidades exportações

As ameaças e oportunidades para as exportações do agronegócio e a recuperação econômica

Pelo que indicam todas as projeções, a pior parte da pandemia de Covid-19 parece já ter sido superada, graças à vacinação em massa. Entretanto, o estrago causado pela crise ainda levará algum tempo para ser superado, e isso cria ameaças e oportunidades, inclusive para as exportações do agronegócio, carro chefe e maior mola propulsora da economia brasileira.

O que aconteceu com a economia

Após tanto tempo de atividades reduzidas, ou até mesmo paralisadas, dependendo do setor da economia houve uma desorganização econômica em escala global, envolvendo desde fábricas a cadeias logísticas, cujos efeitos estamos sentindo agora.

Essa é a mais provável explicação para notícias preocupantes como aumentos dos preços do petróleo, falta de gás natural em alguns mercados, escassez generalizada de componentes, falta de matérias primas e preços de minério de ferro e comodities agrícolas caindo e fretes internacionais subindo ainda mais.  O reflexo desses problemas aparece imediatamente com juros subindo, inflação em alta no mundo e na volatilidade das bolsas de valores.

A esses problemas causados pela pandemia, se somam outros, como a crise hídrica no Brasil, que afeta, além da oferta de água, a de energia elétrica, visto que o peso das hidrelétricas em nossa matriz energética nos torna vulneráveis às estiagens, ou a ameaça de desaceleração da economia da China, causada pela crise da incorporadora Evergrande.

Como avaliar as ações dos governos e a questão da inflação

O aspecto mais visível dessa crise é a questão da inflação, que é basicamente causada pela escassez de produtos diversos, o que leva ao seu aumento de custos, que por sua vez, tem origem na desestruturação das cadeias logísticas mundiais.

Já era um problema conhecido pelos especialistas em logística no mundo que os portos das maiores economias do mundo, como Estados Unidos, estavam atravancados com mais navios carregados com mais contêineres do que era possível desembarcar rapidamente, o que causou não somente a falta de produtos, mas também dos próprios containers em si em outros países, como o Brasil.

Apesar de a questão da inflação, assim como foi a da restrição de atividades para frear a pandemia, sair muito facilmente da análise econômica para uma questão política, infelizmente há muito pouco que governos e bancos centrais possam fazer no curto prazo, já que se trata de uma questão de infraestrutura que, em um momento de retomada econômica, simplesmente não dá conta de toda a demanda reprimida.

Cabe aos bancos centrais, inclusive o do Brasil,  controlar a inflação com as ferramentas disponíveis, lembrando sempre de que não se trata de uma inflação causada por um aumento de demanda que poderia ser controlada encarecendo o crédito, mas por uma escassez de bens, que só pode ser resolvida pela normalização das cadeias logísticas mundiais, que levará um tempo ainda indeterminado para acontecer.

Existem oportunidades nesse cenário?

Em tese, qualquer ator, público ou da iniciativa privada, que eventualmente  oferecesse soluções logísticas que aliviassem o problema atual com mais rapidez teria enormes ganhos.  Mas nada indica que possa aparecer uma solução que resolva um problema dessas dimensões no curtíssimo prazo. Ou seja, o mundo terá de conviver ainda por algum tempo com a crise logística.

Mas, no logo prazo, grandes oportunidades se colocam para o agronegócio brasileiro. A crise logística e a escassez deixarão lições, especialmente onde a segurança alimentar é uma questão mais grave, como o Oriente Médio e diversos países da Ásia, tradicionais importadores de produtos do agronegócio brasileiro, que em 2020 respondeu por 48% das  exportações totais do Brasil, que em 2021 poderão chegar a U$.120 bilhões.

E os maiores compradores serão os países do Sudeste Asiático, incluindo a China, e os países do Oriente Médio. A Ásia, especificamente, será responsável por 60% do consumo de classe média no mundo em 2030, o que afetará não somente a quantidade de alimentos que esses países comprarão, mas a qualidade.

Oportunidades no longo prazo

A previsão de aumento na demanda mundial por alimentos já causa movimentações entre os atores do setor, que pedem, entre outras demandas, o fim dos subsídios agrícolas e oferecidos pelos países ricos, especialmente da Europa, para seus produtores rurais.

Mas nada indica que tais subsídios, ou outras medidas protecionistas, diminuam tão cedo. O que o Brasil pode ou deve fazer é investir na sua competitividade no que tange à fatores como a logística dentro do Brasil, onde ainda existem grandes gargalos, mas que fazem parte da formação de preços dos produtos do agronegócio no exterior.

navegação de cabotagem Mercosul

Fim do acordo marítimo com Argentina e Uruguai estimula navegação de cabotagem no Mercosul

O Brasil não renovou o acordo marítimo que tinha com o Uruguai e a Argentina desde 1975, que havia sido promulgado pelos Decreto 78.671, de 25/10/1976, com o Uruguai, e 99.040, de 06/03/1990, com a Argentina.  A sua vigência foi revogada pelo Decreto no. nº 10.786, de 6 de setembro de 2021, e deverá estimular a navegação de cabotagem no Mercosul, com ganhos para o comércio e as cadeias de produção.

O fim de um acordo marítimo com nossos vizinhos e parceiros comerciais no Mercosul  está longe de ser um problema diplomático, ou de prejudicar as relações e o comércio entre os membros do Bloco. Muito pelo contrário! No longo prazo, tem o potencial de diminuir custos com logística ao baratear a navegação de cabotagem, incentivando o comércio dentro do Mercosul.

Como era o acordo de transporte marítimo entre Brasil, Argentina e Uruguai.

Os acordos de transporte marítimo estabeleciam que as mercadorias oriundas dos portos dos países contratantes, e a eles destinadas, seriam obrigatoriamente transportadas em navios de bandeira brasileira, argentina ou uruguaia, o que fazia sentido dentro da lógica de estimular empresas nacionais através de reservas de mercado, uma mentalidade dominante em muitos países da América do Sul até o fim dos anos 1980.

A experiência mostrou, entretanto, que de todas as formas de protecionismo, talvez a reserva de mercado seja a mais danosa às economias dos países que às adotam. Não somente diversas indústrias ficam estagnadas em função da zona de conforto criada por um mercado cativo, como os preços se tornam artificialmente mais caros, pela falta de concorrência.

Não é diferente no caso do transporte marítimo. O acordo entre Brasil, Argentina e Uruguai criava barreiras à entrada de novas empresas de transporte marítimo, limitando a concorrência e estabelecendo cotas  de mercado que diminuíam o incentivo a uma concorrência mais saudável, criando regimes de autorregulamentação que levavam, por exemplo, à fixação de tarifas.

Como fica o transporte marítimo no Mercosul após o fim do acordo

Com o fim do acordo, qualquer empresa de navegação interessada poderá operar as rotas marítimas entre Brasil, Argentina e Uruguai, independentemente da bandeira do navio. Como consequência, espera-se a entrada de novos players nesse mercado, a redução do valor dos fretes, e um aumento no  crescimento da corrente de comércio entre os três países, com ganhos para empresas de diversos setores, e também para os consumidores.

A partir de quando vale a nova regra para navegação de cabotagem no Mercosul

O governo brasileiro comunicou a não renovação do acordo à Argentina em 3 de fevereiro de 2021, valendo as novas regras a partir de 5 de fevereiro de 2022. O comunicado ao Uruguai foi feito na mesma data, 5 de fevereiro de 2022, mas as novas regras entram em vigor mais cedo, já em 7 de outubro de 2021

 

O que ainda falta para a navegação de cabotagem crescer no Brasil

Embora a questão da desburocratização da navegação de cabotagem entre os países do Mercosul que tem litoral esteja bem encaminhada, no Brasil esse é um tema que ainda tem limitações definidas em uma lei que na prática inibe o uso do transporte marítimo entre portos brasileiros.

Pela legislação atual, empresas brasileiras de navegação são obrigadas a ter embarcações próprias, não podendo afretar, ou seja alugar navios de outras empresas para a realização de um determinado serviço de transporte.

Já está em discussão no Senado do Brasil uma legislação mais moderna, a chamada BR do Mar, que entre  outras mudanças muito bem-vindas, permite que as empresas fretem navios por tempo ou a casco nu (vazios) para uso na navegação de cabotagem.

 

Porque o Brasil deve estimular a navegação de cabotagem

 

Dos 26 estados do Brasil, 17 têm litoral. As regiões metropolitanas de suas capitais, ou maiores cidades, onde geralmente ficam as principais fábricas, as sedes das maiores empresas, e também os maiores mercados consumidores, estão no litoral ou próximas ao Oceano Atlântico.

 

Entre os estados cujas capitais não estão no litoral, como Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Teresina (PI), Belém (PA) e Macapá AP), a distância para o mar é em torno de 100km, com a distância podendo ser percorrida  por estradas ou ferrovias de razoável qualidade. Apenas Teresina está mais longe do mar, a 330Km da costa.  Belém, Macapá e Porto Alegre tem ainda a vantagem de estar próximas de rios navegáveis.

 

Com essas características geográficas, aumentar o uso da navegação de cabotagem traria ganhos imensos para o Brasil, ainda maiores se considerarmos a inclusão dos nossos parceiros do Mercosul, tanto pensando em integrar cadeias de produção quanto no transporte de produtos prontos. Hoje, o grosso do transporte de cargas no Brasil é feito por via terrestre, em caminhões, o que não é feito em nenhum país com extensões territoriais semelhantes às nossas, como Estados Unidos, ou China, por exemplo.

 

Um caminhão não tem somente muito menos capacidade de carga que um navio ou trem, diminuindo os ganhos de escala com logística. Existem também outros fatores que influem nos custos, como a questão da segurança contra roubos ou acidentes.

 

Em uma situação hipotética, uma carga que fosse embarcada em Porto Alegre – RS para São Luís do Maranhão – MA, ou o sentido contrário, teria muito mais chances de chegar em segurança, sem ser danificada ou roubada, sendo transportada em um navio, do que percorrendo mais de 4.000 km de caminhão nas estradas brasileiras.

 

Logística faz parte do custo Brasil

 

Quando falamos do famigerado custo Brasil, não falamos apenas de um sistema tributário confuso e caro, ou de uma educação básica que diminui a capacidade de criarmos inovação tecnológica. Falamos também nos custos e riscos do transporte de cargas dentro do Brasil e para os países do Mercosul, que diminuiriam muito com a navegação de cabotagem.

 

Fica a dica para reflexão.

como fazer bons negócios com o Qatar

Como fazer bons negócios com o Qatar, um dos países mais ricos do mundo

O Qatar, ou Catar, sede da Copa do Mundo da FIFA de 2022, é um pequeno país árabe localizado na Península do Catar, no Golfo Arábico. O território do Qatar é pequeno, são apenas 11.856 km². Sua única fronteira terrestre, de 87km, é com a Arábia Saudita, sendo cercado em todo o restante pelas águas do Golfo, onde está também está seu segundo vizinho mais próximo, o Bahrein, do qual o Qatar é separado por um estreito marítimo.

O Emirado do Qatar tem chamado a atenção global já a alguns anos, não somente pela sua pujança econômica, sendo considerado pelo Fundo Monetário Internacional – FMI, como o país mais rico do mundo, mas também pela maneira como se movimenta e projeta influência na política do planeta. Por essa razão, consideramos importante que as empresas brasileiras saibam como fazer bons negócios com o Qatar.

A história do Qatar

O Qatar já foi parte do Império Otomano, participou da Revolta Árabe na época da I Guerra Mundial e se tornou parte do Império Britânico, do qual conquistou a independência formal em 1971. Até a primeira metade do Século XX, o Qatar era relativamente pobre, sendo a principal atividade econômica na península a extração de pérolas e o comércio marítimo.

O petróleo foi descoberto no Qatar em 1939, mas o início da Segunda Guerra Mundial atrasou o início da exploração e consequentemente, do enriquecimento do país. Em 1974 foi criada a Qatar General Petroleum Corporation, atualmente Qatar Petroleum, que assumiu o controle de todas as operações de petróleo. O primeiro depósito de gás natural foi descoberto em 1976, e desde então se constatou que o Qatar possui uma das maiores reservas de gás natural do mundo, e é um dos maiores exportadores desse produto.

 O sistema Político do Qatar

O Qatar é um emirado com um governo absolutista e hereditário, comandado pela Casa de Thani desde o século XIX. O atual Emir do Catar é Hamad Bin Khalifa Al Thani, governante do país desde 1995, quando derrubou seu pai, Khalifa al Thani em um Golpe de Estado.

A população do Qatar

O Catar tem uma população de 2.743.901 habitantes, mas apenas 25% deles são nativos do país. O restante faz parte de um enorme contingente de trabalhadores vindos de outros países, como Índia , Nepal , Bangladesh , Paquistão , Sri Lanka , Filipinas e outros países do Sudeste Asiático.

Uma particularidade em relação a Qatar é que quase 90% da sua população se encontra em áreas urbanas, e o país é considerado também o que tem a maior proporção de homens para cada mulher no mundo. De acordo com a Qatar Statistics Authority, seriam mais de 3 homens para cada mulher.

A maior parte da população está concentrada na capital, Doha, conhecida pelo seu acelerado desenvolvimento, que tem aproximadamente 1.300.000 habitantes e fica na região leste do pais. O clima é desértico, com temperaturas altíssimas, podendo se aproximar dos 50ºC nos dias mais quentes do verão.

O IDH do Qatar

O IDH da Qatar é de 0,856, bastante alto, quando se considera que o máximo possível é 1. Para se ter uma ideia, o país com o maior IH do mundo é a Suiça, com 0,962, seguido por Noruega, com 0,961 e Islândia, com 0,959. O IDH dos Estados Unidos é de 0,921 e do Brasil é de 0,754.

 

 

A Economia do Qatar

O Qatar é atualmente um dos países mais ricos do mundo, e tem uma das menores cargas tributárias, segundo o relatório global de competitividade. Inclusive, os cidadãos não pagam impostos. Antes, um dos países mais pobres do mundo, que dependia basicamente de pesca de pérolas, o Qatar começou a enriquecer quando, em 1974, a Qatar Petroleum assumiu o controle e exploração do petróleo no país, alavancando a economia,. Segundo o Observatório da Complexidade Econômica (OEC), o Catar é a 47º maior economia de exportação do mundo.

 

A economia do Catar é dependente do petróleo e do gás explorados no país. O setor petrolífero responde por mais de 50% da rendimento total do Qatar. Além do país ser um dos grandes produtores de petróleo, possui a segunda maior reserva de gás do mundo.

Mas, como veremos a seguir, o Qatar, tem uma estratégia, como nação, que o torna diferente dos demais países cujas economias são totalmente dependentes do petróleo, que alguns chamam de ‘Maldição do Petróleo“.

 

O PIB do Qatar

Em 2019, último período antes do início da pandemia de Covid 19, o PIB do Qatar foi de 191 bilhões de dólares, sendo que o PIB per capita atingiu us$.62.088 e em termos de paridade de compra esse número sobe para us$.91.670.

Já em 2021, o PIB do Qatar subiu para 240 bilhões de dólares, o PIB percapita chegou a us$80.000,00.

 

Fazendo negócios no Qatar

Pelos critérios da The Economist Intelligence Unit, como ambiente de negócios o Qatar está em 27o. lugar em um ranking global que inclui 82 nações. Em termos de competitividade, ocupa o 29o posto  entre 141 países, e em termos de facilidade de negócios, o 77o entre 190 países. Já em em termos de transparência, o Qatar ocupa o 30 lugar, entre 179 nações.

Exportações e importações do Qatar

Exportações

Os principais destinos das exportações do Qatar são a Coreia do Sul, Japão, Índia, China e Cingapura. Os principais produtos de exportação do país são:

 

Petróleo,

Petrolíferos refinados,

Polímeros de etileno

Alumínio em formas brutas.

 

Importações

O Qatar é um país cujo valor total em exportações costuma ser maior do que o de importações, e historicamente, costuma ter um saldo positivo em sua balança comercial. As principais origens de importação países como Reino Unido, França, Alemanha e China e os principais produtos importados pelo Qatar são:

Aviões

Helicópteros

Automóveis

Turbinas a gás

Joias.

As relações comerciais Brasil Qatar

Em 2020, o Brasil importou do Qatar o valor de USD 503,3 milhões em produtos. No ranking de importações do Brasil o Catar ocupa o 41º lugar e no de exportações, o 69o lugar. Mas, tradicionalmente, o Brasil tem um déficit em balança comercial em relação ao Qatar, que por exemplo, até abril de 2021, havia acumulado USD 130,2 milhões.

De janeiro a setembro de 2022, as exportações brasileiras para o Qatar chegaram a US$.310 milhões, sendo que as carnes de boi e de frango representaram mais de 60% , seguindo-se minério de ferro, tubos de aço perfiladas, máquinas e aparelhos eletrônicos, e há um potencial de aumento das exportações de alimentos do Brasil, pois o Qatar importa anualmente um volume de US$.580 milhões.

Quanto às importações, no mesmo período de janeiro a setembro de 2022, elas atingiram o volume de Us$.855 milhões, representados por adubos e fertilizantes, gás e produtos químicos e inorgânicos, fazendo o déficit brasileiro chegar a US$.545 milhões.

Os principais produtos do Brasil exportados para o Qatar são:

Alumina calcinada

Minério de ferro aglomerado

Carnes de frango congelada

Pedaços e miudezas de frango, congeladas

Madeiras compensadas

Madeira de coníferas serrada

Os principais produtos importados pelo Brasil do Qatar

Combustíveis

Adubos

Plásticos

Sal, enxofre, pedras, cimento

Químicos orgânicos

Oportunidades de exportação do Brasil para o Qatar

Como um mercado riquíssimo, que embora não seja grande do ponto de vista do número da habitantes, tem alguns dos consumidores de maior poder aquisitivo no planeta, o Qatar representa ainda oportunidades para os exportadores brasileiros, inclusive as pequenas e médias empresas, nos seguintes produtos

Alimentos processados

Têxteis

Calçados

Materiais de construção

Granitos e mármores

 

A estratégia do Qatar

Um dos fatores que chamam a atenção em relação ao Qatar é que o pais tem uma estratégia definida de projeção de influência política no mundo, independentemente do poder militar, o chamado softpower. Essa estratégia passa tanto por tentar evitar ser vítima da chamada ´‘maldição do petróleo‘‘, quanto por ter um bom trabalho de relações públicas, de divulgação da imagem do país, que poderíamos chamar de posicionamento de marca.

O que é a maldição do petróleo

Segundo estudiosos como Michael L. Ross, um país ter grandes reservas de petróleo, ou gás, como no caso do Qatar, pode ser um problema porque a exportação do produto gera tanto dinheiro que o país se torna capaz de importar praticamente tudo o que quiser, de bens de capital a bens de consumo. Segundo os adeptos dessa teoria, isso eliminaria o maior incentivo para que um país desenvolva localmente não somente indústrias, mas quaisquer atividades econômicas mais relevantes, pois importar sempre seria mais fácil e barato.

Não é nosso objetivo nos estender na análise da teoria da maldição do petróleo, inclusive em seus aspectos sociais e políticos, ou apontar onde essa teoria tem as suas falhas, visto que existem países que são grandes produtores de petróleo e são economias desenvolvidas. Mas é inegável que ela nos ajuda a incitar bons debates, mesmo que não a aceitemos como integralmente válida.

Então, com base na teoria da Maldição do Petróleo como integralmente válida, é interessante analisar a estratégia de longo prazo do Qatar para lidar com ela e não ser simplesmente um país exportador de commodities em estado bruto.

Qatar Petroleum e Qatargas

O governo do Qatar, através das companhias que pertencem ao Emirado, como Qatar Petroleum e a Qatargas, integrou outras etapas da cadeia de valor desses produtos, inclusive as de maior valor agregado, como a liquefação, que transforma o gás natural em GNL e o transporte.

A Qatargas, e suas empresas subsidiárias, são responsáveis por várias etapas da cadeia de valor do gás natural, incluindo, de forma resumida: Extração e liquefação, no próprio Qatar, que transforma a o produto em GNL, para que possa ser embarcado na sua enorme frota de navios gaseiros, que o transportam até os principais mercados do mundo, como países da Europa e China.

Em alguns casos, as próprias usinas que transformam o GNL em gás novamente, para que possa se distribuído dentro desses mercados, pertencem à Qatargas ou a uma subsidiária.

Dessa maneira, o Qatar se posiciona não como um país que exporta commodities, mas como um que exporta energia, tendo um poder de negociação muito maior do que aqueles que simplesmente exportam commodities em estado bruto.

Fundos Soberanos

Outro exemplo de como o Qatar tem uma estratégia definida é a atuação de seu fundo soberano, o Qatar Investment Authority. Como muitos outros países grandes produtores de petróleo, esses fundos são utilizados como uma maneira de impedir que uma quantidade enorme de dinheiro vindo da exportação do produto inunde o mercado local e cause um descontrole inflacionário.

Mas, ao invés de somente adquirir porcentagens minoritárias de negócios promissores, o Fundo de Investimento Soberano do Qatar adquire o controle acionário e atua diretamente na administração de vários negócios, especialmente aqueles que geram grande visibilidade, como uma estratégia de relações públicas.

Entre esses casos, talvez desse o mais famoso seja o PSG – Paris Saint Germain, clube de futebol francês cujo controle acionário e a administração foram assumidas pela QSI Qatar Sports Authority, e chamaram a atenção pela contratação do craque brasileiro Neymar , uma das maiores transações de todos os tempos nesse mercado, e mais recentemente do argentino Lionel Messi, que alguns consideram o maior jogador de futebol em atividade.

No Brasil, há investimentos do Qatar em campos petrolíferos e na companhia aérea Latam.

 

Rede Al Jazeera

Al Jazeera Media Network é um canal de televisão via satélite de notícias e atualidades, que transmite notícias em árabe e em vários idiomas, com uma qualidade de conteúdo que equivale às maiores empresas mundiais do ramo. Tem 80 escritórios em todo o mundo..

A Al Jazeera é uma das maiores ferramentas de softpower do governo do Qatar, porque não somente projeta a imagem do país no ocidente, como também porque têm grande audiência em outros países da região, permitindo que o Qatar exerça alguma influência sobre a opinião pública desses países, o que já foi motivo de polêmicas.

Cidade da Educação

A “Cidade da Educação” é uma iniciativa da Fundação do Catar para a Educação, Ciência e Desenvolvimento Humanitário, iniciada em 1997., e que talvez seja o lance mais ousado e inteligente da estratégia do Qatar para se desenvolver economicamente, já que, como vimos aqui, a educação de um povo é um dos principais fatores que influem no desenvolvimento econômico de um país.

Ao invés de enviar os membros de sua elite para estudarem nas melhores universidades do mundo, o Qatar trouxe essas universidades até Doha, onde a população qatari recebe educação de altíssimo nível ministrada em Inglês e Árabe, garantindo que o país tenha capital intelectual disponível para o futuro.

Entre as grandes marcas do mundo acadêmico que têm campus na Cidade da educação estão universidades de renome como Cornell, Texas A&M University, Carnegie Mellon, Georgetown University, HEC Paris e University College of London.

Na Cidade da Educação fica também o estádio que sediou eventos como os Jogos Asiáticos de 2006, Jogos Pan-Arábicos 2011 e diversos jogos da Copa da Ásia. E, possivelmente, também veremos lá alguns jogos da Copa do Mundo de 2022.

Copa do Mundo da FIFA de 2022

Não poderíamos encerrar esse texto sem falar sobre a Copa do Mundo de 2022. O futebol é o esporte mais popular do mundo, e a Copa do Mundo é um evento que o mundo literalmente para para assistir. Se não todo o mundo, pelo menos nós, brasileiros.

Ao conseguir se tornar o primeiro país árabe, de religião muçulmana, a sediar esse evento, o Qatar deu um grande passo na divulgação de sua marca. E podemos esperar nada menos do que algo espetacular em matéria de estruturas e organização nas cinco cidades que serão sedes: Doha, Al Khor, Al Rayyan, Al Wakrah e Lusail. Para se ter uma ideia, o Qatar gastou US$220 bilhões com a construção de metrô, estradas e novos hotéis, que disponibilizarão 13.000 novos apartamentos.

O Qatar fez todo esse investimento para receber um volume esperado de 1,2 milhão de turistas durante a competição, um movimento que deverá gerar receitas de US$. 17 bilhões para o país.

Embora pareça haver uma discrepância entre o investimento para receber a Copa do Mundo da FIFA, e a receita que ela trará, não se engane: o objetivo é mostrar que o Qatar está aí, é uma força a ser levada em conta nas arenas política e econômica mundiais.

Conclusão

O Qatar é um caso de país que tem uma estratégia definida de crescimento econômico e projeção de sua influência na geopolítica mundial, e merece ser observado por todos os que se interessam pelo assunto. E do ponto de vista dos exportadores, representa uma excelente oportunidade para empresas de todos os tamanhos, pelas características únicas do seu mercado, onde são bem aceitos desde produtos alimentícios mais básicos, até itens de luxo, de altíssimo valor agregado, de marcas prestigiadas.

Cabe às empresas brasileiras aproveitarem a oportunidade. E caso não estejam ainda prontas para vender a esse mercado, se prepararem para isso.

internacionalização de startups

Internacionalização de Startups: O que você precisa saber

Quando se fala em internacionalização de startups, quais as grandes vantagens competitivas, e os cuidados necessários? Expandir os negócios em novos mercados, adquirir novas tecnologias , que geralmente surgem primeiro no exterior, ou captar investimento estão entre as razões para que muitas startups, quando iniciam suas operações, enxerguem na internacionalização uma oportunidade, ou mesmo a incluam em seus planos de negócio desde o início.

 

Para ajudar os empreendedores a transformar boas ideias em negócios rentáveis tanto no mercado brasileiro, como no externo, e evitar que percam tempo e dinheiro por erros de avaliação, ou dificuldades operacionais causadas por desconhecimento do mercado externo, que poderiam ser evitadas, preparamos essa postagem sobre a internacionalização de startups.

 

Startups têm vocação natural para atuar em um mundo globalizado

 

Comparadas a negócios que nasceram de uma maneira menos planejada, mais “orgânica”, startups têm a vantagem de muitas vezes já terem em seu DNA um modelo de negócios global, o que significa que para atuar em outros mercados elas precisam de poucas adaptações, em seus produtos ou serviços, o que economiza tempo e esforços.

 

 

vantagens da Internacionalização de startups

 

 

Adquirir novas tecnologias

 

Tecnologia é um grande diferencial competitivo em qualquer ramo de atuação. No caso das Startups, muitas são empresas 100% baseadas em aplicação de tecnologia, com serviços baseados em aplicativos.

Quando elas passam por um processo de internacionalização, e podem acessar os mercados externos onde boa parte dos avanços tecnológicos são gerados, elas conseguem uma grande vantagem competitiva.

 

Facilidade de exportar serviços

 

Não é novidade para ninguém que o Brasil tem uma grande desvantagem competitiva, que atinge empresas de todos os tamanhos, que é a precariedade da nossa infraestrutura logística e complexidade tributária. Mas quando se fala de empresas de tecnologia, não somente elas têm um regime de exportação de serviços específico, o REPES, como não dependem da nossa infraestrutura física.

 

 

Captar investidores estrangeiros

As startups que já nascem com o a globalização no DNA, têm maior chance de captar investidores no exterior, porque eles podem estar pensando não somente nas oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro, mas também na implementação do produto em outros mercados.

 

Mas para isso, nem sempre basta ter uma boa ideia ou um bom produto pronto. É importante a startup estar adequada ao sistema de trabalho desses investidores, porque eles têm regras muito rigorosas, não bastando apresentar cases de sucesso ou estimativas de lucro otimistas para conseguir recursos estrangeiros.

 

 

Constituir empresa no exterior.

 

Na condição de país emergente, o Brasil muitas vezes não é visto como um destino seguro para investimentos, por uma série de razões. E da mesma maneira que desejam o maior retorno possível, os investidores desejam mais garantias e menos riscos.

 

Então, investidores e fundos de investimento que têm um perfil mais sofisticado,  como por exemplos, os fundo soberanos, que administram recursos oriundos da riqueza de países inteiros, têm preferências, ou mesmo regras, de não realizar investimentos em mercados locais ou emergentes, optando por locais onde tenham mais confiança e estejam familiarizados com as regras.

 

Então, muitas startups de países emergentes, como estratégia de internacionalização  costumam constituir offshores em jurisdições como as Ilhas Cayman ou o estado americano de Delaware, que tem legislações favoráveis e tributação mais baixa, e os investidores internacionais se tornam acionistas diretos dessas offshores que se tornam holdings, investindo indiretamente na empresa brasileira, no nosso caso.

 

 

Cuidados a serem observados na Internacionalização de startups

Fatores culturais

Aprender sobre os costumes dos mercados em que se pretende investir, entendendo as semelhanças e diferenças culturais que possam influenciar o comportamento dos consumidores nesses mercados.

 

Línguas

Dar preferência a mercados cujas lingas faladas já sejam do domínio das pessoas da empresas. Lembre-se que são poucos os países do mundo onde se fala português. Se as pessoas de sua equipe já falam inglês, francês, espanhol ou mandarim, as  línguas de maior uso no mundo dos negócios, isso é positivo mas lembre-se de que isso só é útil para a comunicação entre executivos, com seus eventuais parceiros nesse mercado.

 

É muito importante que seu produto ou serviço esteja traduzido para as  línguas de uso local, especialmente se se tratar de um produto de tecnologia, como um aplicativo, cuja instalação e uso muitas vezes são feitas sem o auxílio de um executivo de vendas. Não economize na tradução. Se possível, envolva um falante nativo da língua do mercado para o qual você quer vender.

 

Câmbio Real x Dólar x Moeda Local

 

Preste atenção às diferenças cambiais. Dê preferência aos países onde elas são historicamente atrativas, se comparadas ao Brasil.

 

Tamanho do mercado, concorrência e potencial de vendas

Analise o tamanho do mercado, o potencial de vendas e quem são seus concorrentes diretos e indiretos. Que market share você terá de conseguir para chegar ao volume de vendas que você espera para o investimento dar retorno. E quais movimentos os concorrentes já estabelecidos no mercado podem fazer para não perder participação para você.

 

Infraestrutura e situação social, política e econômica

 

Potencial de lucro não é tudo. Existem riscos que vão além do negócio em si, como agitações políticas e sociais, ou crises econômicas. O quanto o mercado em que você quer investir está sujeito a esses acontecimentos?

 

Ter um plano de marketing

 

Se o seu objetivo é vender para outros países, a internacionalização garante apenas que você terá acesso àqueles mercados. A decisão de comprar, ou não,  seu produto ou serviço, seja ele B2B ou B2C é do consumidor. Tenha um plano de Marketing.

 

Analise o ROI (Return  on Investment) esperado, e garanta que você tem fundos suficientes para esperar o retorno do investimento acontecer.

 

Case de sucesso de internacionalização de uma startup brasileira

Existem vários casos de startups brasileiras que  se internacionalizaram, mas o mais  famoso é o da 99 Taxis, que teve seu controle acionário adquirido pela empresa chinesa Didi Chuxing, uma concorrente do Uber  em 2018 por um valor não confirmado, mas que se sabe que foi em torno de  US$ 1 bilhão, que garantiu à empresa brasileira a musculatura necessária para enfrentar seu maior concorrente.

 

Conclusão

 

Um dos fatores que fazem o sucesso de uma startup é ela oferecer ao mercado formas de as pessoas fazerem o que já fazem de uma maneira mais eficiente e barata. Ou até de uma completamente nova, criando novos usos e costumes nos consumidores.

 

Se você tem uma ideia assim, acredite nela e vá em frente. E se acredita também que mercados promissores ou investidores dispostos a acreditar na sua ideia podem estar fora das fronteiras do Brasil, não desperdice essa boa ideia. Procure a ajuda de um especialista em internacionalização.

internacionalização PME

Internacionalização de pequenas e médias empresas -PMEs. O que você precisa saber

 Ganhar dinheiro no mercado exterior não é uma exclusividade das grandes empresas. Negócios menores também podem obter lucros consideráveis importando ou exportando, além de ganhos indiretos  em termos de eficiência operacional e até marketing. Por isso, vamos falar das vantagens na internacionalização de pequenas e médias empresas, – PMEs, e dos cuidados que elas precisam tomar para a estratégia ser bem-sucedida no curto, médio e longo prazos.

 

Porque pequenas e médias empresas devem se internacionalizar

A vantagem da internacionalização de pequenas e médias empresas é primeiramente de diluir riscos, não dependendo unicamente do mercado brasileiro, que muitas vezes é inconstante e exposto a crises de causas diversas.

Outra razão é elevar o seu nível de profissionalização e eficiência operacional. Ao passarem por um processo de internacionalização, pequenas e médias empresas ajustam seus procedimentos a padrões internacionais,  otimizando detalhes de suas operações em que normalmente não prestavam tanta atenção, conseguindo uma redução de custos que aumenta sua lucratividade.

Finalmente, temos um aspecto do marketing, que é a mudança na percepção de valor que os clientes do mercado interno tem sobre produtos ou serviços que são exportados.

 

Existe alguma diferença em relação às grandes empresas?

 

O processo de internacionalização de pequenas e médias empresas, ou de  microempresas, não tem grandes diferenças em relação ao que acontece com as  grandes empresas do ponto de vista conceitual. O objetivo é poder comprar melhor, no caso de quem importa, e vender melhor, no caso de quem exporta, embora a grande maioria das pequenas empresas comece seus processos de internacionalização exportando.

 

Em relação ao valor do investimento e prazo de retorno, sempre se recomenda prudência, optando pela modalidade  indireta de exportação e importação, que exige  menos capital. E, embora possa acontecer de o tempo de retorno ser menor do que se espera, sempre se recomenda dar passos do tamanho da perna, e encarar a decisão de buscar o mercado externo como uma estratégia de longo prazo.

 

Burocracia e tributação

 

Pequenas e médias empresas que exportam têm benefícios garantido na  Lei 147/2014, que alterou o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, permitindo que elas acessem o mercado externo por meio de procedimentos simplificados de habilitação e despacho aduaneiro e pelo Simples Exportação, regulamentado pelo Decreto nº 8.870, de 5/10/2016 e pela  Instrução Normativa 1.676, de 06/15/2016.

 

Esse decreto também criou a figura do operador logístico internacional, uma pessoa jurídica que pode ser contratada por uma empresa que adota o  Regime tributário do Simples Nacional, e habilitado junto à Receita Federal, pode realizar as seguintes operações de exportação:

Habilitação

Licenciamento administrativo

Despacho aduaneiro

Consolidação e desconsolidação de carga

Contratação de seguro

Câmbio

Transporte e armazenamento de mercadorias objeto da prestação do serviço.

 

Fatores de atenção na internacionalização de pequenas e médias empresas

 

A internacionalização abre grandes oportunidades de negócios para as PMEs, e no longo prazo, elas ficam menos vulneráveis às intempéries da economia brasileira. Mas existem pontos que precisam ser ponderados para transformar oportunidades em resultados, como:

 

Conhecimento sobre os mercados em que se pretende atuar.

 

Para ter sucesso nos mercados externos, é importante ter informações como a legislação de cada país e o nível de concorrência do mercado, ou nicho ou segmento em que se pretende atuar. Saber se é um mercado pulverizado, com muitos concorrentes, ou se já existe uma empresa ou marca dominante é fundamental para elaborar sua estratégia de entrada.

 

Comportamento do consumidor

 

Vivemos hoje em um mundo globalizado, com marcas e símbolos sendo conhecidos mundialmente, principalmente através da internet. Mas isso não significa que consumidores de países diferentes necessariamente pensem ou ajam de maneira igual.

É importante conhecer as características socioculturais de cada país, e estar pronto e aberto para fazer adaptações em seu produto ou serviço.

 

Capacidade de Investimento em produção

 

Quando buscamos clientes no exterior, sempre é possível que apareçam muitos compradores para  grandes volumes, ou ainda um grande comprador para um grande volume. Produzir para atender a essa demanda requer um investimento antecipado, que as micro, pequenas e médias empresas devem analisar cuidadosamente se têm condições de fazer.

 

Capacidade de investimento em tecnologia e mão de obra

Muitas vezes, para poder ser competitivo no mercado de outros países, é necessário investir em mão de obra ou em atualização tecnológica. As micro, pequenas e médias empresas devem avaliar cuidadosamente como e onde podem adquirir essas competências e/ou equipamentos, e qual o tamanho do investimento necessário.

 

Investimento em adaptações

 

É importante que as Micro, Pequenas e Médias empresas tenham em mente que o retorno de um processo de internacionalização vem a longo prazo. Então, caso decidam fazer os investimentos em adaptações, devem fazer sua engenharia financeira levando esse fato em consideração.

 

 

Capital de Giro

 

Além do volume de investimento em si, as micro, pequenas e médias empresas devem avaliar se tem o capital de giro necessário para suportar prazos de pagamento mais longos, inclusive levando em conta as eventuais necessidades de investimento que já colocamos.

 

Vulnerabilidade a flutuações no câmbio.

 

O brasil adota o regime de câmbio flutuante. Isso significa que, tanto influenciado por fatores internos, quanto externos, a cotação entre o Real e o Dólar, ou o Euro, que são as principais moedas utilizadas nas transações de comércio exterior podem sofrer variações imprevisíveis.

Concentração de riscos

Diz a sabedoria popular que não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta. Isso também vale para a internacionalização Micro, Pequenas e médias empresas. Um dos principais ganhos do processo de internacionalização é diluir os riscos, diminuindo a dependência do mercado brasileiro.

 

Mas, da mesma maneira, deve-se tomar cuidado para não depender unicamente de um único outro mercado, trocando uma concentração de riscos por outra.

 

Como evitar a concentração de riscos

 

Na realidade das micro, pequenas e médias empresas, a melhor maneira de se evitar a concentração de riscos é manter uma proporção segura em relação a quanto um único mercado no exterior representa proporcionalmente na receita e nos lucros da empresa, evitando a situação de ter um cliente que, se por alguma razão começar a compra menos, ou parar de comprar, isso comprometa a continuidade da empresa.

 

Quanto as Pequenas e Médias Empresas brasileiras exportam

 

Colocada uma perspectiva realista dos riscos que precisam evitar e dos ganhos que podem ter,

Segundo o Sebrae, em 2019, portanto, antes da pandemia de Covid-19 criar uma situação totalmente anormal, 40% das empresas exportadoras brasileiras eram micro e pequenas empresas, que venderam US$1.239 milhões para o exterior.

 

Embora seja um volume pequeno, quando colocado em comparação com os US$ 225,4 bilhões de exportações total do Brasil no mesmo período, há razões para as pequenas e médias empresas brasileiras prestarem atenção ao mercado externo e incluírem a internacionalização como uma de suas estratégias no momento de retomada das atividades, porque talvez outros países se recuperem mais rapidamente, e  seus mercados estarão compradores.

 

O que as pequenas e Médias empresas  brasileiras exportam

Em 2019, aproximadamente 8.3 mil PMEs brasileiras exportaram, sendo que elas se dividem da seguinte maneira, por ramo de atuação:

Industrial – 47,10%

Comercial – 41,20%

Agropecuário – 10,60%

Serviços – 1,10%

Vale destacar que, na realidade das grandes empresas, o volume mais significativo das nossas exportações são commodities, especificamente minérios e produtos do agronegócio. Mas entre as micro, pequenas e médias empresas, essa lógica se inverte, mostrando a  predominância de indústrias entre os exportadores, especialmente nos seguintes segmentos, divididos entre microempresas e pequenas e médias empresas:

 

Microempresas: Vestuário, calçados , pedras preciosas ou semipreciosas,

Pequenas e médias  empresas: Madeira serrada, obras de mármore e granitos e pedras preciosas.

Fatores de sucesso na internacionalização de pequenas e médias empresas

 

Para a internacionalização ser interessante para uma empresa pequena ou média, ela precisa ter definidos quais serão os seus fatores de sucesso e competitividade.

 

Como elas não tem o mesmo capital ou acesso a crédito que maiores tem, os dois principais acabam sendo uma estrutura enxuta, capaz de se adaptar rapidamente às necessidades específicas e a capacidade utilizar essa flexibilidade para serem competitivas em nichos de mercado específicos.

 

Capacidade de focar em nichos e segmentos específicos do mercado

 

Existem certos nichos e segmentos de mercado cujo volume de vendas não é atrativo para grandes empresas, mas que são bastante interessantes para as pequenas e médias, que podem obter margens de lucro consideráveis nesses mercados.

 

Estrutura ágil e enxuta

 

Empresas pequenas e médias conseguem fazer com rapidez e agilidade as adaptações que precisariam para atender a um cliente do mercado externo, inclusive, passar pele processo de internacionalização, quando identificam uma oportunidade de ganho.

 

Case de sucesso: A Indústria de Granito do Espírito Santo

 

A Indústria de Granitos do Espírito Santo é um case de sucesso. Não somente por ser um produto brasileiro reconhecido como de boa qualidade, mas por utilizar estratégias como a designação de origem para evitar a comoditização do produto, conquistando mercado em países Estados Unidos, México, Itália, Canadá, Colômbia, Argentina, Alemanha, Polônia e países árabes.

 

Esses granitos conseguiram esse espaço no mercado internacional por serem tão resistentes quanto  os granitos comuns, mas tendo cores e padrões que permitem que eles disputem a preferência de arquitetos e designers de ambientes desses países com o mármore, que é muito menos durável e resistente.

 

O que é interessante no case do granito do Espírito Santo é que entidades que representam as empresas do setor, como o Sindrochas, utilizam estratégias de marketing consistentes, como criar uma designação de origem de granito brasileiro, que funciona como uma marca que agrega valor ao produto, da mesma maneira que café colombiano, vinho chileno, e design italiano ou escandinavo.

 

 

Conclusão

 

O mercado externo oferece muitas oportunidades para as pequenas e médias empresas brasileiras, e a internacionalização oferece a elas a oportunidade de acessar mercados quer tendem a ser recuperar mais rapidamente que o Brasileiro.

 

Procurem empresas ou profissionais qualificados para fazer seus processos de internacionalização e aproveitar essas oportunidades.