mudanças climáticas e protecionismo

Mudanças climáticas não devem ser pretexto para protecionismo disfarçado

Com o alegado motivo de combater as mudanças climáticas, a União Europeia anunciou que vai instituir uma taxa de carbono para reduzir emissões de gases de efeito estufa, que irá atingir inicialmente aço, cimento, alumínio e eletricidade.

A medida aparenta ser bem-intencionada, visto que nesse momento, pelo menos, não atinge produtos do agronegócio, o que poderia encarecer a alimentação,  e o mundo assiste assustado, e impotente, a desastres  naturais como enchentes em diversos países europeus e na China e ondas de calor no sempre frio Canadá, fenômenos causados pelas mudanças climáticas.

Se alguém tem explicação melhor para as alterações climáticas que não o excesso de emissões de gases de efeito estufa, tal explicação ainda não apareceu, então, conter sua emissão é não somente necessário, mas urgente! E, com exceção dos conspiracionistas que ganharam voz com as redes sociais nos últimos anos, mas que atualmente se converteram em “especialistas” em vacinas, todos concordam que mudanças climáticas são um problema muito sério.

Como é a Taxa de carbono da Europa

A taxa de carbono da Europa foi batizada de mecanismo de ajuste de fronteira de carbono (CBAM, em inglês) , e conforme falamos, ela inicialmente impõe uma sobretaxa a aço, cimento, alumínio e eletricidade importados de outros países que não tenham um legislação ambiental tão rigorosa quanto a europeia.

A medida faz parte do chamado pacote Fit for 55, – em que o bloco europeu busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em pelo menos 55% até 2030, ficando abaixo dos níveis de 1990.

Por que a taxa de carbono da Europa está causando polêmica

A questão polêmica é que essa taxa aparentemente só serviria para proteger as indústrias da União Europeia de concorrentes estrangeiros com legislações ambientais menos rigorosas, e por isso mesmo, com custos mais baixos, e até da fuga dessas empresas europeias para produzir nesses lugares de depois exportar para os países do bloco. Os exportadores de Rússia, China, Turquia e Ucrânia estariam entre os maiores afetados.

O Brasil não seria muito afetado nesse primeiro momento, mas é dado como certo que o nosso agronegócio poderia ser alvo de uma ampliação dessa medida, já que existe a questão das emissões causadas pela pecuária bovina, mas mesmo assim, se opôs fortemente à medida.

Preocupação ambiental ou protecionismo disfarçado?

A questão que se coloca é que o efeito estufa não respeita fronteiras. Existe a degradação ambiental causada por indústrias poluidoras que normalmente se restringe ao seu entorno e às regiões onde estão localizadas. E existe o efeito estufa, que causa, como o próprio nome diz, o aquecimento global.

Então, se questiona a postura europeia de, pelo que indica esse raciocínio,  utilizar a questão ambiental como um pretexto para proteção de mercado, porque nada indica que tal medida poderia forçar, ou ao menos induzir, países de fora do bloco a adotar legislações mais rigorosas a respeito das emissões de gases de efeito estufa.

Por outro lado, não seria a primeira vez que governos do Bloco Europeu utilizariam a questão ambiental como mero pretexto para protecionismo de mercado.

Não somos ingênuos a ponto de ignorar que esse tipo de atitude não é inesperada, faz parte da política real. Países defendem seus interesses e os políticos desses países atendem às demandas de eleitores e grupos de pressão.

Mas não deve ser ignorado que a questão das mudanças climáticas é séria e urgente. A resolução das questões ambientais globais avançaria muito mais se o problema não fosse descredibilizado por ações oportunistas e principalmente  unilaterais, sem qualquer tipo de negociação com as partes envolvidas.

E quando se fala em soluções multilaterais, do outro lado do Mundo, a China abre o maior mercado de carbono do mundo.

 

perspectivas agronegócio 2021-2030

Perspectivas do Agronegócio para o Brasil e o mundo de 2021 a 2030 

As perspectivas do agronegócio, tanto para o Brasil como para os países do mundo que são grandes produtores agropecuários são animadoras para os próximos 10 anos. O período 2021-2030 não  verá um crescimento tão exuberante como o ocorrido entre 2011 e  2020, porque o consumo da China não crescerá nas mesmas proporções.  Mas ainda assim, as empresas brasileiras do agronegócio podem se animar, embora haja também grandes desafios a serem superados.

 

A FAO Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em seu relatório anual sobre as perspectivas agrícolas do período 2021-2030, apresentaram a previsão de que que a produção agrícola sofrerá variações de preços em função dos acontecimentos climáticos, pragas e doenças animais e vegetais, alteração dos preços dos insumos e situação macroeconômica mundial.

 

A demanda mundial por commodities agrícolas até 2030

 

A demanda global por commodities agrícolas, incluindo as de uso não alimentar deverá crescer 1,2% ao ano até 2030. Esse crescimento é inferior à expansão média observada no período 2011-2020, que foi de  2,2% ao ano.

 

A razão disso é que a grande locomotiva econômica do mundo, a China, continuará importando muito, embora a taxa de crescimento anual dessa importação seja menor, 0,85%. A título de comparação, na década passada a importação de produtos do agronegócio do gigante asiático, e de outros países emergentes, aumentou em média 2,7% ao ano.

 

Uma outra questão são os biocombustíveis, cuja demanda até 2030 será menor do que foi  entre 2011 e 2020, já que a indústria automobilística tem acelerado a substituição dos veículos movidos por motores à explosão por veículos elétricos, o que explica a Tesla, pioneira na fabricação desse tipo de veículo ter atingido o  valor de mercado de 800 bilhões de dólares, superando não somente outras montadoras, como se tornando a

empresa mais valiosa do mundo em janeiro de 2021.

 

Obviamente a substituição de toda a frota mundial de veículos movidos por motores à  explosão por veículos elétricos ainda  vai demorar muito para acontecer, por razões cuja explicação necessitaria de um outro artigo, bem mais extenso. Mas é uma tendência que  está colocada.

 

O Comércio Internacional no fornecimento mundial de alimentos

 

O comércio internacional continuará a ser crítico para a segurança alimentar global, nutrição, renda agrícola e combate à pobreza rural. No mundo, hoje, em média, aproximadamente 20% do que é consumido internamente é importado, e essa é uma tendência que irá se manter ou até aumentar. Os países da América Latina, por exemplo, exportarão 34% de sua produção agrícola em 2030.

 

 

A produção e consumo mundial de alimentos vão cresces de 2021 a 2030

 

No mundo, espera-se que a disponibilidade de alimentos cresça 4% durante a próxima década, assim como o consumo de alimentos.

A alimentação terá também uma mudança qualitativa, especialmente nos países em desenvolvimento, influenciando positivamente as condições de saúde da população. Nesses países, onde a segurança alimentar muitas vezes é ou foi um problema, aumentará o consumo de proteína animal, especialmente carne bovina e de pesca.

 

Além da questão da qualidade da alimentação, a demanda mundial por alimentos também vai crescer porque a população mundial vai continuar crescendo, chegando a  8,5 bilhões de pessoas até 2030. E a boa notícia é que será possível produzir alimentos para todas essas pessoas de forma sustentável.

 

Como a produção mundial de alimentos irá aumentar

 

O aumento de 4% da produção agrícola mundial previsto para 2030 acontecerá da seguinte maneira:

 

87% aumento da produtividade

 

6% expansão do uso da terra e

 

7% do aumento da intensidade de cultivo.

 

A expansão na produção de carnes e peixes que garantirá o aumento no consumo dessas proteínas de origem animal será resultado de ganhos de produtividade. A ampliação do rebanho contribuirá significativamente para o crescimento da produção pecuária em economias emergentes e países de baixa renda.

 

O papel do Brasil no crescimento da produção de alimentos de 2021 a 2030

 

O Brasil continuará sendo um dos principais fornecedores mundiais de alimentos, incluindo carne bovina, e tenderá a aumentar sua produção, mesmo com um ritmo menor do crescimento da demanda chinesa, ou até com a própria China qualificando novos fornecedores para diminuir sua dependência do Brasil, como colocamos nesse artigo.

 

Também, o Brasil continuará dominando o mercado mundial de soja, ao lado dos Estados Unidos . A produção brasileira poderá crescer 17% e as exportações aumentarão no mesmo ritmo. Até 2030, o Brasil deverá representar 50% das exportações totais de soja. A China importa mais de dois terços do total mundial.

 

O papel da América Latina no crescimento da produção de alimentos de 2021 a 2030

 

A produção agrícola crescerá em toda a América Latina, mas o maior player do agronegócio na região continuará sendo o Brasil, A produção agrícola latino-americana crescerá 14% nos próximos dez anos, e valor líquido das exportações da região crescerá 31%, segundo os estudos. Mas esse crescimento, apesar de relevante, equivalerá a pouco mais da metade da taxa alcançada no período de 2011-2020.

 

Até 2030, a América Latina continuará a ampliar a sua participação no mercado mundial, sendo responsável por:

 

63% das exportações mundiais de soja,

56% das exportações de açúcar,

44% das exportações de pescado,

42% das exportações de carne bovina

33% das exportações de frangos.

 

A questão ambiental e a produção de alimentos.

 

A maior questão que o agronegócio no mundo, e especialmente no Brasil, terá de lidar nos próximos anos é a questão do impacto ambiental da agropecuária. O aumento esperado da produção agrícola pode se dar sem desmatamento, visto que  87% dela virá do aumento da produtividade, e apenas 6% da expansão do uso da terra, o que é muito positivo quando se  fala de alimentar um planeta que terá 8,5 bilhões de habitantes.

 

Entretanto, as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) provenientes da agropecuária deverão aumentar 4% nos próximos dez anos, com a pecuária respondendo com mais de 80% desse crescimento.

 

O desafio do agronegócio será tentar reduzir essas emissões onde for possível, e tentar compensá-las, por exemplo, plantando mais árvores ou  ajudando a preservar a vegetação nativa, onde não for. As mudanças climáticas são um problema real, uma questão que está sobre a mesa, que deve ser abordada com a seriedade que merece,

 

subsídios agrícolas

Subsídios agrícolas: como eles distorcem os preços internacionais dos alimentos 

 Os subsídios agrícolas sempre foram um fator a ser levado em conta no agronegócio. A princípio, eles se justificariam para dar alguma previsibilidade financeira a um setor que depende muito de condições climáticas que, além de imprevisíveis, são incontroláveis. Por mais que um produtor agrícola tenha um padrão de excelência em todos os seus processos, secas, geadas e pragas só são contornáveis até certo ponto. Ninguém pode negociar com a natureza.

 

A segurança alimentar de países inteiros depende de o agronegócio ter uma certa segurança, para que, na hipótese de o produtor agropecuário ser  vitimado por alguma catástrofe natural, ele tenha condições, e estímulos, para no período seguinte iniciar uma nova lavoura, garantindo que as pessoas tenham comida.

 

A justificativa é nobre. Mas talvez os subsídios agrícolas tenham se tornado um remédio cuja dose excessiva está prejudicando o paciente, pois está criando preços artificialmente altos.

 

Qual o volume dos subsídios agrícolas no mundo hoje?

 

Os subsídios agrícolas alcançaram o volume de US$.720 bilhões entre 2018 e 2020, em 54 países, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Para se ter uma ideia do que significa esse volume, é como se a China, que tem um PIB de US$14,34 trilhões (2019), despejasse 5% de todas as riquezas que produz parta subsidiar a produção de alguma coisa. Seria impossível não causar uma distorção no mercado.

 

Quais os países que mais praticaram o subsídio agrícola

 

Embora os países da Europa, como a França, por exemplo, sejam os que mais comummente utilizam, e defendem com unhas e dentes os subsídios agrícolas, esse artifício é uma prática comum entre muitos países da OCDE. Noruega, Islândia, Suíça, Coreia do Sul e Japão oferecem subsídios e proteções contra a concorrência, por meio de tarifas que representam 40% a 60% da renda dos produtores.

 

Mas eles não são os únicos. Nos últimos anos, China, Índia e Indonésia se destacam entre os países que mais subsidiaram o setor agrícola. Esses países puxaram a fila dos 12 emergentes que mais despejaram subsídios agrícolas em suas economias.

 

Para se ter uma ideia do aumento dos subsídios, entre 2000 e 2002, os 12 países emergentes que mais subsidiaram injetaram US$.44 bilhões ao ano em suas economias. Entre 2018 e 2020, volume ficou em  US$.280 bilhões, numa expansão impulsionada pela China, India e Indonésia, não coincidentemente, três dos países que mais cresceram economicamente no mesmo período, e que estão fazendo com que a balança econômica do mundo penda para a Ásia.

 

Quais os países que mais subsidiam a agricultura (valores para o período 2018-2020)

 

China US$.234,4 bilhões

União Europeia, US$.100,8  bilhões

EUA US$.94,3 bilhões.

Índia US$.123,1 bilhões

 

Cabe lembrar quer o Brasil também subsidia sua agricultura, mas o volume é muito menor, US$.4,6 bilhões.

 

 

Por que os subsídios agrícolas prejudicam os consumidores

 

Mais da metade dos subsídios agrícolas despejados no mundo atualmente não tem nenhuma função além de distorcer os preços do mercado mundial, beneficiar uma minoria de produtores agrícolas, o que interessa a muitos governos por uma questão de política doméstica e, mesmo que não seja a intenção, penalizar os consumidores, jogando para eles a conta.

 

Entre 2018 e 2020, os consumidores do mundo pagaram um excedente de US$.272 bilhões para adquirir alimentos. Ou seja, o que essas pessoas pagaram mais caro para se alimentar, sob a forma de preços mínimos estabelecidos pelos governos, é mais do que o equivalente ao PIB do Vietnã, que não é uma economia qualquer, mas um dos Novos Tigres Asiáticos.

 

Os Subsídios Agrícolas não financiam o aumento da produtividade do setor no Mundo

 

Uma das justificativas de diversas escolas econômicas para proteção de mercados, o que inclui os subsídios agrícolas, é desenvolver a competitividade de indústrias locais. Entretanto, de todo esse montante colocado em subsídios governamentais à agricultura no mundo, apenas 6% foram efetivamente investidos em inovação na agricultura.

 

Ou seja, os consumidores do mundo não pagaram mais caro para se alimentar para que, em algum momento no futuro, pudessem pagar mais barato em função de inovações tecnológicas ou ganhos por aumento da eficiência operacional da produção. Pagar mais caro hoje apenas garantiu que se pagará mais caro amanhã.

 

É um dinheiro gasto para manter um setor pouco competitivo, sem expectativa de retorno direto para o contribuinte, que no final das contas paga duas vezes por isso: Quando paga seus impostos, e quando vai ao supermercado.

 

O quanto os subsídios encarecem os alimentos para o consumidor.

 

É possível fazer uma média.  No caso da China, que é a maior produtora agrícola do mundo, os preços subsidiados pagos aos agricultores entre 2018 e 2020 tornaram os preços finais pagos pelos consumidores em média  10% mais elevados que a cotação mundial. No Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Chile e África do Sul, esse sobrepreço, no mesmo período, ficou abaixo de 5%.

 

Existe solução para a questão dos subsídios agrícolas?

 

A questão é política, e dependeria principalmente do quanto cada país aceitaria ganhar ou perder com uma liberalização das regras do comércios internacional.

 

No caso do Brasil, nosso agronegócio é o mais competitivo do mundo. Temos preço e qualidade para disputar todos os mercados de alimentos do planeta. Mesmo levando em conta que deixamos a desejar em matéria do uso de técnicas avançadas de marketing para agregar valor aos nossos produtos e à designação made in Brazil.

 

Por outro lado, nossos produtos manufaturados ainda dependem de um mercado relativamente fechado para conseguir competir com as importações dentro do próprio mercado brasileiro. E menos ainda têm conseguido fazer isso nos mercados externos.

 

Mesmo que os países que subsidiam pesadamente seus produtores agrícolas aceitassem retirar, ou ao menos diminuir esses subsídios, dificilmente aceitariam fazer isso sem exigir a contrapartida de uma maior abertura do mercado brasileiro de manufaturados, o que gera um impasse político aparentemente insolúvel, que se estende já por décadas.

 

O que o Brasil pode fazer em relação aos subsídios agrícolas.

 

O Brasil pode e deve trabalhar para negociar acordos bilaterais que incluam a abertura de mercados onde nossos produtos agrícolas seriam muito competitivos, mas são prejudicados por subsídios. Mas terá muito mais força para isso se não tiver um flanco vulnerável em relação aos manufaturados feitos no Brasil.

 

Por isso o Brasil precisa investir na competitividade de sua indústria, tornando sua economia mais atrativa  aos investimentos que trarão essa competitividade.

 

Fica a dica para reflexão.

oportunidades de exportação agronegócio

Há oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro mesmo após a pandemia

Uma das grandes incógnitas dos exportadores brasileiros em relação à recuperação econômica pós pandemia seria sobre qual o tamanho do mercado para os produtos brasileiros em economias que passam por processos diferentes de recuperação. Mas, de acordo com a FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura), a demanda mundial por alimentos será alta, gerando oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro.

 

Segundo a agência, as importações mundiais de alimentos poderão atingir US$.1,715 trilhão em 2021, cerca de US$.185 bilhões a mais do que em 2020, representando um aumento de aproximadamente 10% em um ano, demonstrando que a Pandemia de Covid-19 pode ter represado compras ou entregas em um primeiro momento, em função das restrições, mas não afetou a demanda mundial por alimentos.

 

O que está gerando o aumento de demanda por alimentos

 

De acordo com a FAO, o aumento de demanda está sendo gerado pela retomada econômica permitida pelas providências que as autoridade de diversos países tomaram para controlar a pandemia alguns meses atrás, como um controle rigoroso da circulação de pessoas, testes em grande escala, para medir a disseminação da Covid-19, medidas de isolamento, quando e onde foi necessário, e quando foi finalmente possível, vacinação.

 

A retomada da economia, com o consequente aumento das importações de alimentos, e de outros bens de consumo, e de um retorno ao que estamos acostumados a chamar de vida normal está diretamente associada aos processos de vacinação em massa.

 

Quais os países que estão abrandando as restrições

 

O abrandamento das restrições de circulação de pessoas está acontecendo quase simultaneamente em todos os países que conseguiram vacinar uma parte considerável de sua população, sendo as principais China, a Europa, Estados Unidos e países do Oriente Médio, sendo esses os mercados para onde o agronegócio deverá exportar mais.

 

 

Como os preços dos produtos do agronegócio se comportaram

 

Segundo o estudo apresentado no Comitê de Agricultura da Organização Mundial de Comércio, o Brasil, e outros países grandes produtores e exportadores agropecuários serão beneficiados em 2021 por um crescimento simultâneo dos preços e dos volumes demandados pelos mercados compradores, sendo que os preços continuarão altos, influenciados pelo alto custo dos fretes.

 

O índice de preços de alimentos da FAO chegou em maio de 2021 a 127,1 pontos, com aumento de 39,7% em relação a maio de 2020, um crescimento impulsionado pela valorização de óleos, açúcar, cereais, carnes e produtos lácteos, movimentando US$.185 bilhões.

 

Mercados dos países Ricos x Países em desenvolvimento.

 

O aumento dos preços dos alimentos não será uniforme entre regiões econômicas e geográficas do mundo. Os países desenvolvidos deverão comprar um volume menor em 2021, mas a um valor maior do que o de 2020, devido ao aumento dos custos e do frete internacional.

 

Já no caso dos países em desenvolvimento, apesar dos aumentos dos preços mundiais, a previsão é que as compras de alimentos vão crescer em todas as categorias de produtos em 2021, em função de economias se reaquecendo com algum retorno à normalidade à medida que os processos de vacinação forem avançando e  pandemia, arrefecendo.

 

Conclusão

 

Esse é um momento de ouro para as empresas do agronegócio preparadas para atuar no mercado internacional, e que aquelas que ainda não se internacionalizaram, não podem deixar passar.

 

Mas cabe a observação de que, mesmo com a infraestrutura deficiente do Brasil, temos o agronegócio mais competitivo do mundo. Caso façamos as reformas que permitirão mais investimento nessa área, essa competitividade aumentará ainda mais. E o agronegócio não será o único beneficiado. Nossa indústria, que sofre para competir no mercado internacional, teria enormes ganhos diminuindo seus custos com logística.

 

Fica a dica para reflexão.

exportar e importar Egito

Egito: Como fazer bons negócios com um dos países mais ricos da África

 

A República Árabe do Egito se localiza no Norte da África e a Península do Sinai, já na Ásia. Com seu litoral de2.450 km banhado pelo Mar Mediterrâneo e Mar Vermelho e tendo fronteiras terrestres com a Líbia.  Faixa de Gaza, Israel e Sudão, o Egito tem uma extensão territorial de 1.001.450km² dividida administrativamente em 27 províncias e é o país mais rico da África, quando se usa o tamanho do PIB como critério.

 

A História do Egito

 

No Egito se estabeleceu uma das mais desenvolvidas e fascinantes civilizações da história humana, que data de mais de três milênios antes de Cristo, que adquiriu conhecimentos avançadíssimos, perdidos no tempo, que foi capaz, dentre outros feitos, de legar uma herança arquitetônica na forma de pirâmides e templos que até hoje intrigam os cientistas, que tentam descobrir como foram construídas obras tão grandiosas.

 

A civilização Egípcia nasceu às margens do Rio Nilo, cujo cheia garantia terras férteis para o cultivo agrícola, ao mesmo tempo em que os desertos a Leste e Oeste, como o célebre Deserto do Saara, garantiram um relativo isolamento que protegeu os Egito de invasões e garantiu o seu florescimento.

 

O primeiro reino unificado do Egito surgiu por volta de 3.200 aC, e uma série de dinastias governou o país pelos três milênios seguintes. A última dinastia egípcia nativa caiu para os persas em 341 aC. Esses, por sua vez foram substituídos por gregos, romanos, bizantinos. A conclusão do Canal de Suez, em 1869,ligando o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, tornou o Egito um importante centro de transporte mundial. Para proteger seus investimentos no Egito, especialmente o Canal de Suez, a Grã-Bretanha assumiu o controle do governo do Egito em 1882.

 

Embora o Egito fosse nominalmente parte do Império Otomano, que acabou na I Guerra Mundial,  quem dominava realmente eram os britânicos. Parcialmente independente do Reino Unido em 1922, o Egito adquiriu total soberania da Grã-Bretanha em 1952, quando os militares nacionalistas Oficiais Livres, liderados por Gamal Abdel Nasser, derrubassem o Rei Faruk e estabeleceram a República Árabe do Egito, que era governado por egípcios pela primeira vez em quase 2.300 anos.

 

Nasser estabeleceu uma corrente política nacionalista, influente em todo o Oriente Médio nos anos seguintes, que teve seu grande momento quando nacionalizou o Canal de Suez e provocou a reação militar de França e Reino Unido, potências coloniais tradicionais. Mas essas perceberam que o mundo pós-segunda Guerra Mundial era diferente. Sem o apoio das grandes potências da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, não tiveram como garantir suas pretensões, decretando o fim da Era dos Impérios Coloniais.

 

Nasser governou até seu falecimento, em 1970, sendo sucedido por Anwar Al Sadat, que celebrou o acordo de Paz de Camp David, com Israel, afastou o Egito da esfera de influência da União Soviética e diminuiu a influência estatal na economia, uma herança de Nasser, em uma política chamada Infitah.

Anwar Al Sadat foi assassinado em 1981, sendo sucedido por Hosni Mubarak, que manteve o acordo de paz com Israel e governou até 2011, por trinta anos.

 

Hosni Mubarak renunciou após intensos protestos populares, na chamada Primavera Árabe. Em 2012 foi eleito Mohamed Mursi, que governou por pouco tempo. Depois de uma onda de protestos em 2013, Mursi foi derrubado por militares, assumindo o poder Abdelfattah El Sisi que foi reeleito em março de 2018.

 

A população do Egito

O Egito tem 106.437.241 habitantes, dos quais 95% vivem a até 20 km do delta do Rio Nilo, o que faz com que vastas áreas do país, que tem um clima de deserto muito rigoroso, sejam quase ou totalmente desabitadas.

A população é considerada etnicamente egípcia e 90% dela segue a vertente sunita da Religião Islâmica, sendo os 10% restantes cristãos, especialmente Ortodoxos Coptas. A língua oficial do Egito é o Árabe, embora o Francês e o Inglês sejam muito falados entre aqueles de melhor nível educacional.

 

 O PIB do Egito

 

O PIB do Egito é de U$323.763 bilhões, o que o torna o país mais rico da África, seguido pela Nigéria e África do Sul. Entretanto, se o critério para definir o país mais rico for o PIB per capita a posição do país cai bastante.

Antes da Pandemia o crescimento do PIB do Egito vinha seguindo uma taxa bastante significativa, sendo de 4,4% em 2015, 4,3% em 2016 e 4.2%  em 2017, Embora a inflação também seja bastante alta, tinha caído progressivamente nos mesmo período, sendo de 29,6% em 2017, 14,4% em 2018 e 9,3% em 2019.

 

 

A Economia do Egito

 

O peso de cada setor da economia do Egito na construção da riqueza do país é o seguinte:

 

Agricultura: 11,7%

Indústria: 34,3%

Serviços: 54%

 

Os principais produtos agrícolas são: Cana de açúcar, beterraba, trigo, milho, tomate, arroz, batata, laranja, cebola e leite.

Os principais produtos industriais são: têxteis, processamento de alimentos, produtos químicos, farmacêuticos, hidrocarbonetos, construção, cimento, metais e manufaturas leves.

O principal produto do setor de serviços do Egito é o Turismo.

 

O Egito recebe desde pessoas de países próximos para relaxarem nas praias do Mar Vermelho até milhões de turistas de todos os lugares do mundo, que vão lá para apreciar desde os passeios de barco no Rio Nilo, imortalizados nos romances de Agatha Christie até sítios arqueológicos incríveis, como as Pirâmides de Gizé, o Vale dos Reis e Abu Simbel, entre outros.

 

A taxa de desemprego no Egito é alta: 24,7% da População Economicamente Ativa.

 

Exportações e importações do Egito

 

O Egito se encontra em um processo de modernização e abertura de sua economia, que busca se tornar mais diversificada, o que impactará diretamente em suas exportações e importações.

 

Produtos importados pelo Egito

 

Total de Importações do Egito no ano de 2020 foi de US$ 60.279.554, sendo os principais produtos importados os seguintes:

 

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Matérias betuminosas;

Ceras minerais

Caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes ,

Automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, especialmente pata transporte de pessoas,  suas partes e acessórios ,

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes;

Aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios

Trigo

Medicamentos

Milho

 

 

Países de origem das importações do Egito

 

Os principais fornecedores mundiais para as importações egípcias são:

 

China ,

Estados Unidos da América ,

Arábia Saudita ,

Alemanha ,

Turquia

 

Produtos exportados pelo Egito

 

O total das exportações do Egito no ano de 2020 foi de US$ 26.815.145, sendo os principais produtos exportados pelo Egito os seguintes:

 

Pérolas naturais ou cultivadas,

Pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes,

Ouro,

Metais banhados a ouro com platina, em formas brutas ou semimanufaturadas, como folheados ou chapeados e suas obras; como bijuterias e moedas

Plásticos e suas obras

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes;

Frutas e nozes comestíveis; cascas de frutas cítricas ou melões

Óleos de petróleo e óleos obtidos de minerais betuminosos, brutos ,

Fertilizantes nitrogenados minerais ou químicos (exceto aqueles em pellets ou formas semelhantes ,

Frutas cítricas, frescas ou secas  .

 

Principais destinos das exportações do Egito

 

Emirados Árabes Unidos,

Arábia Saudita ,

Turquia ,

Estados Unidos da América ,

Itália

 

As relações comerciais Brasil-Egito

 

O Brasil tem boas relações comerciais e diplomáticas com o Egito, e também com praticamente todos os países  árabes. Esse bom relacionamento é oriundo não somente de um trabalho diplomático competente e pragmático,  realizado ao longo de décadas, como pela peculiaridade de que boa parte da nossa população, que alguns estimam em quase 10% dos brasileiros, ser descendente de imigrantes de países árabes, em um processo que começou no fim do Século XIX e que continua até hoje.

 

Falando especificamente das relações comerciais Brasil-Egito, as exportações brasileiras para o Egito somaram US$ 1.754.031.562 em 2020. No mesmo ano, as importações do Brasil vindas do Egito somaram US$ 212.188.566, garantindo para o Brasil um superavit comercial bastante considerável nas relações com esse país árabe do Norte da África.

 

 

Principais produtos exportados pelo Brasil para o Egito

 

Cereais em geral

Milho, exceto para semeadura

Carne bovina, desossadas, congeladas e miudezas, comestíveis

Carnes de galos e galinhas da espécie doméstica não cortadas em pedaços, congelada

Açúcar de cana e produtos de confeitaria

Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados, escórias e cinzas

Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão

 

Principais produtos importados pelo Brasil do Egito

 

Fertilizantes

Preparações de produtos hortícolas, de frutas ou de outras partes de plantas

Azeitonas preparadas ou conservadas, exceto em vinagre ou ácido acético, não congeladas, ,

Plásticos e suas obras

Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação;

matérias betuminosas;

ceras minerais

Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis.

superfosfatos

Ureia, mesmo em solução aquosa

Policloreto de vinila,

Parafina

 

Acordos comerciais entre Brasil e Egito                                                                                              

 

O Acordo de livre comércio (ALC) entre o Mercosul e o Egito foi firmando em San Juan, Argentina, em 02/08/2010, aprovado pelo congresso nacional pelo decreto legislativo no. 216/2015 e promulgado pelo decreto no. 9229 de 6/12/2017.

 

O acordo, que entrou em vigor em 01/09/2017,  abrange cerca de 980 linhas do universo tarifário, que terão suas tarifas desgravadas até 01/09/2026. As preferências concedidas pelo Brasil ao Egito E vice-versa serão distribuídas ao longo de 10 anos e já completou 3 anos e meio de sua vigência.

 

Entre os produtos que o Brasil passou a vender mais para o Egito, após a vigência do acordo, estão: carnes de boi, frango, tijolos, placas, ladrilhos e peças cerâmicas semelhantes para construção, e óleos de petróleo ou de minerais betuminoso.

 

No caso do Egito, as exportações para o Brasil cresceram em: plantas, suas partes, sementes e frutos, para uso em perfumaria, inseticidas, azeitonas preparadas ou congeladas, parafina e cimentos.

 

 

A modernização da Economia Egípcia

 

A economia do Egito passou por um recente processo de modernização. As reformas macroeconômicas e estruturais estabilizaram a economia egípcia, tornando o ambiente de negócios no país mais saudável e atraente a investimentos externos. O timing dessas reformas foi propício, permitindo que o Egito enfrentasse as consequências econômicas da pandemia de COVID-19 em condições mais favoráveis do que em outros tempos

 

Efeitos da Pandemia de Covid -19 na economia do Egito.

 

 

O Egito entrou na crise global do COVID-19 com a contas fiscais e externas em uma situação bem melhor do que em outros tempos, o que deu ao país alguma margem de manobra.  No entanto, as repercussões adversas da pandemia, desde então, minaram esse progresso recente, lançando luz sobre desafios de longa data.

 

Entre esses desafios está a lenta atividade do setor privado e criação de empregos, especialmente formais, desempenho inferior das exportações não petrolíferas e do Investimento Estrangeiro Direto (IDE), elevada relação dívida pública / PIB, baixo potencial de mobilização de receitas e uma estrutura orçamentária desfavorável, com alocações limitadas a setores-chave, como saúde e educação.

 

Medidas de estímulo à economia do Egito após a Covid-19

 

No início da crise da COVID-19, o governo elaborou um pacote de resposta de emergência no valor de 100 bilhões de LE, Libras Egípcias, o equivalente a 1,7% do PIB do anos fiscal de 2018/2020.  As medidas incluem uma concessão monetária excepcional a trabalhadores irregulares, expansão dos programas de transferência de renda já existentes, maior tolerância nos atrasos das declarações de impostos e pagamento de empréstimos, além de crédito subsidiado para alguns  setores-alvo.

 

O Banco Central do Egito cortou as taxas de juros em 400 pontos-base, para aumentar a liquidez e permitir que pessoas físicas tenham acesso ao crédito em termos favoráveis. Em um cenário mais otimista, em que a vacinação contra a COVID-19 progrida de forma rápida e constante, ao longo de 2021 e início de 2022, espera-se que o Egito comece a recuperar lentamente seu ímpeto de crescimento econômico pré-pandemia,

 

Mas, Mas, se  o processo de vacinação se tornar mais demorado ou as variantes da doença causarem mais interrupções da atividade econômica,. crise causada pela pandemia terá um efeito ainda mais grave sobre a economia do Egito.

 

Oportunidades pós-pandemia na economia do Egito.

 

Como em outros países do mundo afetados pela Covid-19, a pandemia ressaltou a importância de fazer avançar a agenda do capital humano, acelerar a transformação digital e fortalecer a proteção social.

 

Além disso, uma segunda onda de reformas  econômicas,  projetada para desencadear a atividade do setor privado e enfrentar os desafios estruturais de longa data do Egito está pendente. Ela é crucial para criar melhores oportunidades de emprego e melhorar os meios de subsistência da população, e participar desse processo, em que a iniciativa privada será muito bem-vinda, é uma grande oportunidade para as empresas brasileiras.

Fica a dica para reflexão.

recuperação econômica pós-pandemia

O que esperar da recuperação econômica pós pandemia

A recuperação econômica pós pandemia já começou, segundo a OCDE.

De acordo com a  Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a economia global deverá crescer quase 6% em 2021,  uma reação vigorosa após a contração de 3,5% ocorrida em 2020, ano em que, como todos sabemos, o mundo inteiro foi atingido pela pandemia de Covid-19.

Essa recuperação é a maior expansão econômica desde 1973, e tem como principais vetores a vacinação em larga escala que ocorre em vários países do mundo, principalmente os mais ricos e desenvolvidos, e o recente estímulo fiscal promovidos pelos Estados Unidos.

Temos razões para comemorar?

O número por si só é exuberante. E merece ser comemorado depois de tanto tempo de notícias ruins, não somente no aspecto econômico e comercial, como no humano.

Mas se sempre cabe uma dose de cautela quando falamos de previsões e estimativas, mesmo vindas de uma entidade com credibilidade, essa dose de prevenção deve ser redobrada quando falamos do cenário criado pela pandemia de Covid-19.  Não somente pela previsão depender de diversas variáveis se confirmarem, como o controle da pandemia nas principais economias, como do não surgimento novos contratempos ou ameaças no horizonte.

Posto isso, devemos lembrar que esse número alto é uma média mundial. E médias, mesmo quando são números animadores, podem ser formadas por números bons, e outros que podem não dar margem a tanto otimismo. Ainda não é hora de soltar os fogos de artifício.

A própria OCDE, em seu estudo, alerta que os maiores riscos a essa projeção otimista se confirmar estão ligados às imprevisibilidades da própria pandemia e às condições dos países emergentes, como Brasil, Índia e África do Sul, que não tem conseguido impor um ritmo de vacinação tão rápido quanto o dos países desenvolvidos.

A Recuperação dos Países Emergentes

A OCDE considera preocupante a falta de vacinas para as economias emergentes e de baixa renda, o que as expõe a uma ameaça fundamental, pois elas têm menos capacidade de apoiar a atividade do que os países desenvolvidos. Um crescimento mais fraco, causado pela pandemia, é mais difícil de superar, resultando aumento de pobreza e problemas de financiamento.

A desestabilização das economias emergentes é uma realidade, exacerbando as desigualdades não somente entre países ricos e em desenvolvimento, mas também entre  ricos e pobres dentro dos próprios países.

As cadeias de fornecimento


As disrupções das cadeias de fornecimento, que em certos momentos de 2020, pareciam que iam colocar a globalização econômica em xeque, devem começar a melhorar no final de 2021 e no início de 2022, à medida que a oferta e demanda dos insumos e o consumo se normalize.

A recuperação econômica pós pandemia das principais economias do mundo

Estados Unidos – Previsão de crescimento do PIB dos EUA é de 7%em 2021 e de 3,5% em 2022.

Japão – A terceira maior economia do mundo teve contração do PIB no primeiro trimestre, e  acredita-se que haverá uma retomada gradual,  com a previsão de crescimento de 2,5% em 2021.

União Europeia –  Nós países da Zona do Euro, o PIB caiu no primeiro trimestre, mas a forte demanda externa está alavancando a atividade industrial. A expectativa de crescimento é de 4,3% em 2021

China –  No gigante asiático, o crescimento deve alcançar a 8,5% em 2021 e 5,8% em 2022. O comércio exterior chinês é muito dinâmico.

Índia – No outro gigante asiático,  a perspectiva não é tão animadora. A Índia, em função da pandemia, deve ter uma retração do seu PIB em cerca de 10% em 2021.

 

A recuperação econômica pós pandemia do Brasil

 

No Brasil, a previsão é que, se a pandemia for controlada e o ritmo da vacinação melhorar, o PIB poderá crescer 3,7% em 2021, abaixo da estimativa dos 4,5% feita pelos bancos privados e 2,5% em 2022.

Entretanto,  no início de 2021 o crescimento da economia brasileira superou as previsões,  com  O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro crescendo 1,2% em comparação com o trimestre anterior e 1% em relação ao mesmo período de 2020,  chegando a R$ 2,048 trilhões.

Com esse surpreendente resultado do primeiro trimestre, o PIB brasileiro voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, um período pré-pandemia.

Esse resultado deve ser comemorado? Sem dúvida que sim. O mesmo critério que usamos para analisar a economia mundial cabe para o Brasil. Depois de um período como uma sequência de incertezas e uma avalanche de notícias ruins, o crescimento econômico acima do esperado é mais do que bem-vindo. Mas isso não significa que a crise tenha acabado e já seja o momento de soltar os fogos de artifício.

O próprio IBGE aponta que a economia já vinha em recuperação desde os dois trimestres anteriores, ainda em 2020, e que mesmo com a perda de ritmo causada pela segunda onda de contaminações ocorrida no Brasil, foi o suficiente para conseguir um bom resultado.

Como se deu a recuperação do PIB do Brasil em 2021

Segundo alguns analistas, inclusive na imprensa internacional, como o que foi publicado nesse artigo do respeitado Wall Street Journal, a razão do crescimento seriam as exportações do nosso competitivo agronegócio, especialmente para a China, e a uma decisão de muitos brasileiros de ignorar os apelos dos cientistas para que ficassem em casa e retornassem ao trabalho.

Há sim pessoas que deliberadamente ignoraram os conselhos dos cientistas de ficar em casa. Assim como aquelas que, mesmo cientes dos riscos, escolheram sair de casa porque não tinham outra opção. Não nos cabe fazer esse tipo julgamento em uma situação como a pandemia de Covid-19, que é uma tragédia humana do ponto de vista sanitário, mas também do econômico.

Só nos cabe lamentar que o Brasil seja retratado negativamente em veículos de imprensa influentes ao redor do mundo. E aconselhar às empresas e órgãos diplomáticos brasileiros tenham uma estratégia para tentar remediar os danos que essa percepção, justa ou injusta, pode causar à imagem do país e às nossas empresas, produtos e marcas.

Os setores que impulsionaram o PIB brasileiro

Segundo dados do IBGE apontados nessa reportagem de O Globo, os setores que cresceram, impulsionando o crescimento do PIB brasileiro em 2021 foram os seguintes

  • Serviços: 0,4%
  • Indústria: 0,7%
  • Agropecuária: 5,7%
  • Investimentos: 4,6%
  • Exportação: 3,7%
  • Importação: 11,6%
  • Construção civil: 2,1%

 

Por outro lado, os setores que sofreram retração foram esses:

  • Consumo das famílias: -0,1%
  • Consumo do governo: -0,8%

Analisando, o Agronegócio, como sempre, é o setor mais competitivo do Brasil, internacionalmente, tendo preço e qualidade para disputar todos os mercados, enquanto a indústria, especialmente de bens manufaturados, continua dependendo de um mercado relativamente fechado para sobreviver.

Mas chamou a atenção o crescimento das importações, mesmo com a economia e o dólar a preços altos. Se por um lado a compra de produtos farmacoquímicos do exterior, para a produção de vacinas, explica essa alta, pelo outro a importação de máquinas e aparelhos elétricos pode sinalizar que algumas indústrias investiram em sua capacidade produtiva, o que é positivo.

Cenários da economia brasileira no curto e médio prazo

O cenário ainda é bastante incerto, apesar da boa notícia. Embora o tamanho do PIB seja o mesmo que no último trimestre de 2019, não podemos esquecer que os fatores que formam esse número mudaram.

Setores como os de serviços, responsáveis por grande parte do PIB brasileiro em épocas normais, e por gerar muitos empregos, foram duramente afetados. E a recuperação de muitos setores da economia pode ser mais demorada do que se imagina, já que a pandemia provocou uma mudança disruptiva em diversos ramos de atividade, que talvez demorem muito para retomar seu antigo ritmo, se é que um dia o farão.

A economia brasileira deslancha em 2021?

A análise que a OCDE fez sobre o aumento da desigualdade nos países emergentes serve bem para entender o momento da economia brasileira.

Por um lado, muitas micro, pequenas e médias empresas sofreram muito e até encerraram atividades durante a pandemia. Quantas dessas, e os empregos que geravam, serão capazes de retornar quando a situação se normalizar é uma questão que está sobre a mesa.

Por outro lado, a crise gerou muitas oportunidades para quem tinha algum capital, o que explica, por exemplo, o recente aquecimento do mercado imobiliário. E, olhando o copo meio cheio, não podemos esquecer que já houve alguma recuperação mesmo com vários setores importantes, como turismo, varejo físico, eventos e outros com um baixíssimo nível de atividade.

A retomada desses setores, com todo o consumo represado de produtos e serviços, sem dúvida gerará oportunidades. É toda uma cadeia econômica que só aguarda uma sinalização positiva para acelerar.

A questão é que durante algum tempo, ainda virão sinais com sentidos opostos. Por um lado, o histórico da pandemia já demonstrou que pequenos aumentos da atividade, quando as medidas restritivas são amenizadas, têm resultado em uma reação rápida da economia. Entretanto, tão rápida quanto a reação econômica é o de novos picos de contaminação, aumentando a quantidade de doentes e colocando o sistema de saúde próximo ao colapso.

Enquanto não tivermos a população vacinada, teremos de conviver com pequenos voos de galinha em termos de aquecimento econômico.

A recuperação da economia brasileira no longo prazo

Finalmente, uma ponderação deve ser colocada. O PIB brasileiro retornar ao tamanho que tinha no último trimestre de 2019 é muito positivo quando analisamos o contexto atual, do mundo atingido por uma pandemia e paralisando suas atividades.

Mas não podemos esquecer que o Brasil em 2019 era um país em compasso de espera, que se preparava para crescer depois de pelo menos meia década de estagnação econômica, que entre os anos de crescimento medíocre, teve dois de recessão profunda.

É preciso analisar o quanto restou do projeto de modernização da economia brasileira que deveria vir com as reformas econômicas tão necessárias para nos tornar mais competitivos e atrair mais investimentos.

E não custa novamente lembrar: Para que os cenários positivos se concretizem é preciso vacinar toda a nossa população. E assim que possível, contribuir para a vacinação de outros países mais pobres. Somente assim poderemos voltar a ter um grau de incerteza normal, para que empresas e famílias possam programas seus investimentos e consumo.

África do Sul exportação e importação

África do Sul oferece oportunidades de excelentes negócios para empresas brasileiras

A África do Sul está localizada no extremo sul do Continente Africano, sendo o vigésimo sexto maior país do mundo, com um território de 1,219,090 Km², o equivalente a aproximadamente 14% da extensão territorial do Brasil, sendo um pouco menor do que o estado do Pará, e fazendo fronteira com Botswana , Lesoto Moçambique, Namíbia, Suazilândia e  Zimbábue.

Terceiro país mais rico da África, quando se leva em conta o PIB como critério, a África do Sul oferece oportunidades de excelentes negócios para as empresas brasileiras que pretendem exportar ou importar, por ter uma economia diversificada e que tem mostrado potencial de crescimento nos últimos anos, fazendo parte, junto com Brasil, Rússia, Índia e China do chamado Grupo dos BRICS.

 

A  História da África do Sul

 

Uma área de presença humana muito antiga, a história da civilização onde hoje é a África do Sul tem o registro mais antigo em 500n D.C., quando os povos de língua Bantu começaram a se estabelecer onde hoje é nordeste do país, expulsando os grupos de língua Khoisan.

Comerciantes holandeses se estabeleceram em 1652, fundando um entreposto comercial da Rota das Especiarias entre o Extremo Oriente e a África, fundando a Cidade do Cabo. Quando os Britânicos dominaram a área do Cabo da Boa Esperança, em 1806, os colonos de ascendência holandesa, Afrikaners também chamado de Boers (agricultores), se deslocaram para o Norte, fundando suas próprias repúblicas, Transvaal e Estado Livre de Orange.

Na década de 1820 começou um longo período de guerras, quando os Zulus expandiram seu território, saindo do que hoje é o sudeste da África do Sul e entrando em confronto com outros povos nativos e com os assentamentos europeus. Um confronto que começou a pender ainda mais para o lado europeu quando foram descobertos diamantes (1867) e ouro, 1886, aumentando a riqueza da região e atraindo ainda mais imigrantes europeus.

A Guerra Anglo-Zulu (1879) resultou na incorporação do território Zulu ao Império britânico. Entre 1899 e 1902 a Guerra dos Bôeres ( que teve como um de seus heróis, do ponto de vista dos britânicos, o futuro Primeiro Ministro Winston Churchill) ,  acabou com a derrota dos afrikaners, com suas repúblicas sendo incorporadas ao Império Britânico.

O Apartheid e a questão racial na África do Sul

Após o fim da Guerra dos Boeres, apesar da vitória britânica, eles e os africâneres governaram juntos a partir de1910, sob a União da África do Sul, que se tornou uma república em 1961 após um referendo exclusivamente para brancos. Mas já em 1948, o Partido Nacional foi eleito para o poder, instituindo a famigerada política de apartheid – anunciada como “desenvolvimento separado” das raças – favorecendo a minoria branca em detrimento da maioria negra e outros grupos não brancos.  A luta contra o Apartheid foi liderada pelo Congresso Nacional Africano (ANC), cujos líderes mais importantes, como Nelson Mandela passaram parte de suas vidas nas prisões da África do Sul. Décadas de protestos internos, com alguns periodos de insurgência armada, bem como boicotes por parte de nações e instituições ocidentais, levaram ao enfraquecimento do regime e sua disposição a negociar uma transição pacífica para um governo da maioria.

As primeiras eleições após o fim do apartheid aconteceram em 1994, resultando em um regime de maioria liderado pelo CNA. Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente pós Apartheid, e inicou um governo que honrou a transição pacífica negociada, e buscou um governo de união nacional e integração racial que durou até 1999, sendo sucedido por Thabo Mbeki, que governou até 2008, quando renunciou por falta de apoio político, tendo seu mandado completado por seu vice-presidente, Kgalema Motlanthe.

Nelson Mandela, estadista notável por ter abandonado a ideia de uma revolução por meios violentos e feito um governo de integração racial, que buscou também diminuir os desequilíbrios da era do apartheid em termos de riqueza, habitação, educação e saúde, faleceu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos. Mas, ainda em vida, se tornou um dos líderes políticos mais admirados do mundo, e é considerado o Pai da Nação Sul-Africana.

Jacob Zuma elegeu-se presidente em 2009 e foi reeleito em 2014, mas renunciou em 2018, após inúmeros escândalos de corrupção. Seu sucessor, Cyril Ramaphosa, fez alguns progressos no combate à corrupção, apesar de muitos desafios persistirem.

Essa contextualização histórica e política da África do Sul é importante para podermos chegar aonde interessa, em termos de oportunidade de negócios para as empresas brasileiras, a começar de que hoje se trata de um país multiétnico, como também multilinguístico.

População da África do Sul

A África do Sul tem  56.978.635 de habitantes, de acordo com estimativas para 2021, sendo que 67,8% vive em áreas urbanas e 32,2% em áreas rurais.

Línguas faladas na África do Sul

A África do Sul tem várias línguas oficiais: Africâner, Inglês, Ndebele, SeSotho do Norte, SeSotho do Sul, Suazi, ShiTsonga, SeTswana, Venda, Xhosa e Zulu Capital

PIB da África do Sul

O PIB da África do Sul é de 351.4 bilhões de dólares, sendo o terceiro país mais rico do continente africano, atrás do Egito (1º) e Nigéria (2º). A formação desse PIB se dá através de uma economia bastante diversificada, mas com uma vocação evidente para serviços, que correspondem a 67,5% do PIB Sul Africano.

A Economia da África do Sul

A África do Sul é um país emergente, com uma população de renda média, abundante oferta de recursos naturais e diversos setores bem desenvolvidos, como  financeiro, jurídico, comunicações, energia e transporte. Além disso, o país conta também com a maior bolsa de valores da África, que está entre as 20 principais do mundo.

A economia da África do Sul foi uma das que mais cresceu no mundo. Em 2000 o PIB sul africano era de 136,4 bilhões de dólares, Em 2010, ano em que foi realizada alia a Copa do Mundo da FIFA, o PIB do país chegou a 373,3 bilhões de dólares, mais do que dobrando em uma década, e chegando ao seu ponto mais alto em 2011, com 416,4 bilhões de dólares.

Agricultura – Gerando uma riqueza que corresponde a 2,8% do PIB, os principais produtos agrícolas sul-africanos são: Cana-de-açúcar, milho, leite, batata, uva, frango, laranja, trigo, soja, carne bovina

Indústria –  Correspondendo a 29,7 % do PIB da África do Sul, os principais produtos da indústria Sul-africana são Mineração, montagem de automóveis, metalurgia, maquinário, têxteis, ferro e aço, produtos químicos, fertilizantes, alimentos, reparação de navios comerciais

Serviços – Item de maior peso da economia da África do Sul, os serviços correspondem a 67,5% da riqueza do país. Os principais são: Varejo, serviços financeiros, comunicações e turismo.

Crescimento econômico da África do Sul

O  crescimento econômico da África do Sul desacelerou nos últimos anos para cerca de 0,7% em 2017. O desemprego oficial é alto, cerca de 28% da força de trabalho, mas  é significativamente maior entre os jovens negros. Essa mazela se reflete no IDH da África do Sul que é 0,597

A política econômica da África do Sul tem buscado controlar a inflação e capacitar uma base econômica de trabalhadores qualificados e consumidores mais ampla. No entanto, o país enfrenta restrições estruturais que também limitam o crescimento econômico, como escassez de mão de obra qualificada, declínio da competitividade global e frequentes greves.

A governo da África do Sul enfrenta uma crescente pressão da população urbana para melhorar a prestação de serviços básicos nas áreas de baixa renda, combater o desemprego e fornecer educação superior a preços acessíveis.

Infraestrutura da África do Sul

A infraestrutura moderna do país garante uma distribuição relativamente eficiente de bens aos principais centros urbanos da região, mas existe um gargalo energético, com o fornecimento de eletricidade instável retardando o crescimento econômico.

Tratados de Comércio Internacional de que a África do Sul faz parte

Grupo dos BRICS.

É um erro, em nossa opinião, tratar os BRICS como um bloco econômico, ou mesmo chama-lo assim.  O acrônimo, nascido das iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa) foi cunhado por investidores na década de 2000, quando esses cinco países experimentaram momentos de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que mercados tradicionais como destino de investimentos,  como Estados Unidos e Europa, enfrentavam dificuldades econômicas e estavam menos atrativos aos investidores.

Esses países têm perfis e interesses econômicos e geopolíticos muito diferentes entre si para formarem um bloco econômico no sentido mais comum da palavra. O correto seria considerar o BRICS como uma entidade de fomento econômico, visto que tem até um banco com esse objetivo, com sede em Xangai, na China, o Banco dos BRICS.

Para as empresas brasileiras e sul-africanas, existe a vantagem de que tanto o Brasil quanto a África do Sul são membros dos BRICS, e que isso pode facilitar algum tipo de aproximação.

Tratados comerciais no continente Africano

A África do Sul  faz parte também da União Aduaneira da África Austral (SACU), do Acordo África do Sul-União Europeia, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Tratado de Livre Comércio Africano, estabelecido em 2019 e que reúne 55 países.

Nos últimos anos, os países da África, na média, apresentaram taxas de crescimento acima da média global e potencial estratégico para o desenvolvimento, já que a região como um todo já conta com mais de 1,2 bilhão de consumidores, dos quais cerca de 350 milhões migraram para a classe média. A estimativa é que em 2050 o número de “consumidores” salte para 2,5 bilhões de pessoas.

O Acordo de Preferências tarifárias (ACP) entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral

O Acordo de Comércio Preferencial (ACP) entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral (SACU), formada pela África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia, foi firmado pelos países membros do Mercosul em Salvador, em 15 de dezembro de 2008, e pelos países africanos em Maseru, em 3 de abril de 2009.

O acordo foi aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 220, de 18 de setembro de 2015, promulgado pelo Decreto n.º 8.703 de 1º de abril de 2016 e assinado pelo Mercosul em 15 de dezembro de 2008 e pelo SACU em 03 de abril de 2009, entrando em vigor em 1º de abril de 2016. A Reunião do Comitê Conjunto de Administração do Acordo foi realizada em 25 e 26 de maio de 2017, em Joanesburgo, África do Sul..

O ACP MERCOSUL-SACU trata de temas como Comércio de Bens, Regras de origem, Medidas de Salvaguardas, Antidumping e Medidas Compensatórias, Barreiras Técnicas ao Comércio, Medidas Sanitárias e Fitossanitárias e Solução de Controvérsias e  engloba 1.026 de linhas tarifárias ofertadas pela SACU e 1.076 itens pelo Mercosul, com margens de preferência de 10%, 25%, 50% e 100%.

Exportações e Importações da África do Sul

A corrente de comércio da África do Sul com o mundo foi de 155.090 bilhões de dólares em 2020, sendo os seus principais parceiros comerciais a China, Índia, Estados Unidos, Alemanha e Arábia Saudita

Produtos exportados pela África do Sul

Pérolas naturais ou cultivadas,

Diamantes (incluídos na categoria pedras preciosas ou semipreciosas)

Ouro (Ouro banhado com platina, metais folheados a metais preciosos e suas obras);

Minério de ferro, escória e cinzas ,

Carvão Betuminoso

Paládio

Ródio

Veículos, exceto material rodante ferroviário ou elétrico, e suas partes e acessórios ,

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Substâncias betuminosas;

Ceras minerais,

Máquinas,

Aparelhos mecânicos-

Principais destinos das exportações da África do Sul

China 11,4%

Estados Unidos 8,3%

Alemanha  8,25%

Reino Unido 9,45%

Brasil 0,3%

 

Produtos Importados pela África do Sul

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Substâncias betuminosas;

Ceras minerais,

Máquinas,

Aparelhos mecânicos,

Maquinaria e equipamento elétrico e suas partes;

Gravadores e reprodutores de som,

Gravadores e reprodutores de imagem e som de televisão e peças e acessórios desses artigos ,

Commodities não especificadas ,

Veículos,  exceto material ferroviário ou elétrico, peças e acessórios

 

Principais origens das Importações Sul-africanas

China 20,72%

Alemanha  10%

Estados Unidos  6,4%

Índia 5,2%

Arábia Saudita 9,15 %

Brasil 1,1 %

 

As relações comerciais Brasil – África do Sul.

A aproximação econômica entre Brasil e África do Sul trouxe resultados positivos para o comércio exterior. O país africano recebeu investimentos de empresas brasileiras para o desenvolvimento de obras de infraestrutura e industrialização. Mas ainda assim, o Brasil é somente a origem de 1,1% das importações da África do Sul, e destino de 0,3% de suas exportações, mostrando que a espaço para crescer esse fluxo comercial.

O comercio bilateral Brasil-África do Sul movimentou em 2020  USD 1.601.267 , sendo que o Brasil importou do parceiro africano o total de USD 612.238 milhões.

Produtos exportados pelo Brasil para a África do Sul

Carnes e miudezas,

Comestíveis ,

Veículos automóveis,

Tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios ,

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Matérias betuminosas;

Ceras minerais

Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes ,

Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão

Açúcares de cana, de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido ,

Ferroníquel

Produtos importados pelo Brasil da África do Sul

Pérolas naturais ou cultivadas,

pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes,

metais preciosos,

metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e suas obras;

bijuterias;

moedas ,

Alumínio e suas obras ,

Produtos diversos das indústrias químicas ,

Combustíveis minerais,

óleos minerais e produtos da sua destilação;

matérias betuminosas;

ceras minerais

Ferro fundido,

ferro e aço

Paládio em formas brutas ou em pó ,

Ródio em formas brutas ou em pó ,

Herbicidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento para plantas ,

Alumínio

Conselho às empresas brasileiras

A África do Sul é um país que tem muitas semelhanças com o Brasil, tanto nas possibilidades que tem para crescer como nos desafios que precisa superar para isso. Mas, apesar de ser um mercado que esteve relativamente fora do radar de muitas empresas exportadoras e importadoras do Brasil, oferece inúmeras oportunidades.

E também é preciso ter em mente que , além da própria África do Sul, o continente africano como um todo é uma região do mundo que aumentará seu padrão de consumo nos próximos anos. Parcerias com os sul-africanos significam uma porta de entrada para os demais países africanos.

É questão de se preparar para aproveitar as oportunidades. Fica a dica para reflexão.

agronegócio brasileiro

A competitividade do agronegócio brasileiro vem do investimento em inovação e tecnologia  

O agronegócio brasileiro é um dos mais competitivos do mundo. Há algum tempo não só é a principal locomotiva econômica e fonte de recursos do país, como é também um setor do comércio internacional em que, ao contrário da indústria, aberturas de mercado nos beneficiariam enormemente, pois os produtos agrícolas e pecuários brasileiros têm preço e qualidade para disputar qualquer mercado do planeta.

 

Mesmo tendo uma grande produtividade, a da soja brasileira, por exemplo, é de 3.379 kg/ha, a competitividade do nosso agronegócio não vem de somente de fatores naturais, como um clima especialmente favorável, ou de uma grande disponibilidade de espaço para lavouras e pastos. Muito menos depende de desmatamento e queimadas para aumentar sua produção. Ela vem de investimentos em pesquisa, inovação e tecnologia, realizados desde a década de 1970.

 

E cabe destacar que esse sucesso nos investimentos em pesquisa e inovação foram feitos em conjunto pela EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, uma das raras estatais brasileiras cuja eficiência não pode ser contestada, departamentos de Pesquisa de diversas universidades e empresas privadas.

 

O agronegócio é parte importante da economia de vários estados brasileiros, inclusive de São Paulo, o mais industrializado. Mas talvez o melhor exemplo para explicar o sucesso do agronegócio brasileiro seja o estado de Mato Grosso.

 

Investimento em pesquisa, inovação e tecnologia explicam o sucesso de Mato Grosso

 

O estado do Mato Grosso é maior produtor de soja do Brasil. Dos 125 milhões de toneladas de soja produzidos pelo Brasil na safra 2019/2020, o maior estado da Região Centro Oeste foi o responsável por 35 milhões de toneladas. E isso é o resultado de anos de investimento em pesquisas, inovação e tecnologia

 

Mas, no início da década de setenta, o Mato Grosso , que hoje também  é um grande produtor de milho, girassol e algodão, além de ter um enorme rebanho de cabeças de gado bovino, não era especialmente relevante para a produção agrícola ou pecuária. E a razão disso é que a maior parte das terras de Mato Grosso eram consideradas improdutivas, em função da acidez do solo.

 

A transformação do Mato Grosso em um case de sucesso do agronegócio se deveu às pesquisas agropecuárias realizadas pela Embrapa,  por diversas universidades, e pelos próprios produtores agropecuários, gerando avanços tecnológicos que permitiram a correção da acidez do solo e engenharia genética, para a criação de culturas adaptadas às condições tropicais.

 

Um exemplo de avanço tecnológico que gerou produtividade foi na cultura da soja, com  a fixação biológica de nitrogênio, feita por bactérias, que permitiu que os agricultores brasileiros economizem muito dinheiro na compra de adubos nitrogenados.

 

O Peso do agronegócio no comércio internacional brasileiro

 

O Instituto Millenium compilou dados da FAO – Organização para as Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que comprovam que o Brasil está entre os cinco maiores exportadores mundiais, em valor, de aproximadamente 30 produtos agrícolas.

 

Maior exportador mundial  de cana de açúcar, soja, laranja, café verde, caju, fibras, sisal, castanhas do Brasil e culturas oleaginosos – Farelo equivalente.

 

Segundo maior exportador mundial  de oleaginosos, culturas oleaginosas e óleo equivalente.

 

Terceiro maior exportador mundial de: Frutas cítricas, feijão, abacaxi, mamão papaia e pimenta.

 

Quarto maior exportador mundial de milho, frutas, tabaco e culturas de fibras primárias.

 

Quinto maior exportador mundial de cereais, mandioca, semente de algodão, banana, coco, melancia e semente de mamona.

 

De acordo com o estudo, a colheita de todas as lavouras anuais e perenes atingiu cerca de 1,24 bilhão de toneladas em 2020, não sendo prejudicada pela desvalorização da moeda brasileira em relação ao Dólar.

 

Efeitos da desvalorização cambial no agronegócio brasileiro

 

A desvalorização cambial prejudicou diversos setores, como o industrial, que depende muito de peças e insumos importados, cotados em moeda estrangeira, especialmente o Dólar. No caso do agronegócio, aconteceu o contrário.  A desvalorização da moeda brasileira barateou os produtos agropecuários do Brasil, que tinha como simplesmente produzir mais, se aproveitando do aumento do poder de compra de outros países.

 

Uso intensivo de tecnologia

 

Outra razão que explica o sucesso do Agronegócio Brasileiro é o uso mais intensivo de tecnologia, que pode ser avaliado pelo emprego de máquinas e equipamentos inovadores. Entre 2006 e 2017, o número de estabelecimentos agrícolas que utilizam tratores, por exemplo, aumentou 50%. Em 45 anos, desde 1975, o crescimento foi de 391%.

 

Acesso a crédito

 

Ao contrário de muitos concorrentes estrangeiros, O agronegócio brasileiro não precisa de subsídios. Além de competitivo, ele é fortemente capitalizado. Mas cabe observar que apenas 784 mil estabelecimentos agropecuários brasileiros, de um total de mais de 5 milhões, buscaram algum tipo de financiamento para suas atividades.

 

Origem dos recursos investidos no agronegócio

 

Um dado interessante é que, dos recursos que foram emprestados por instituições financeiras ao agronegócio, 53% tiveram origem pública e 47% privada. Esse apetite pelo risco demonstrado por instituições financeiras e fundos de investimento privados chama a atenção porque o que costumamos ver em outros setores da economia brasileira é uma excessiva aversão ao risco, que dificulta o investimento, além de exigir uma série de isenções e condições  especiais que acabam por onerar o tesouro, e em ultima instância, o contribuinte.

 

Oportunidades geradas pelo agronegócio brasileiro

 

O agronegócio brasileiro conseguiu ser extremamente competitivo, e principal categoria de produto brasileiro no comércio internacional, mesmo com o Brasil sofrendo com uma infraestrutura precária de portos e estradas ferro, além de não  ter havido grandes investimentos de empresas brasileiras na criação de marcas brasileiras relacionadas ao agronegócio.

 

Então, existem oportunidades relacionadas ao agronegócio brasileiro, mesmo para quem não planta uma única semente ou cria uma cabeça de boi sequer, que é no investimento em infraestrutura dentro do Brasil e em Marketing fora de nossas fronteiras.

 

Conclusão

 

Conforme demonstramos, o sucesso do agronegócio brasileiro dependeu muito menos de um determinismo geográfico ou de uma imensa disponibilidade de mão de obra pouco qualificada no campo. Ele é resultado de investimentos feitos ao longo de décadas em tecnologia, pesquisa e educação, e é um exemplo que deve ser imitado por outros setores, para que o brasil pare de perder indústrias e empregos.

O que o Brasil deve esperar da Cúpula dos Líderes Sobre o Clima

A cúpula dos líderes sobre o clima, realizada em 22 e 23 de abril de forma virtual, reúne 40 Chefes de Estado, incluindo o do Brasil, Jair Bolsonaro, dos Estados Unidos, Joe Biden e da França, Emanuel Macron.  O que o Brasil deve esperar desse encontro, e quais são as oportunidades, ou ameaças que ele pode gerar para as empresas brasileiras que atuam globalmente e o potencial de atração de investimentos da nossa economia?

A situação do Brasil na agenda ambiental

Não é segredo que, principalmente pelas queimadas ocorridas no Pantanal e principalmente na Amazônia, o Brasil recebeu muitas críticas na questão ambiental, e que essas críticas tiveram motivações diversas, tanto as meramente oportunistas como aquelas vindas de pessoas, e organizações com uma preocupação sincera e genuína com assuntos como a preservação do meio ambiente e o aquecimento global.

Entre as críticas que podemos considerar oportunistas, estava aquela feita pelo presidente francês Emanuel Macron, relacionando erroneamente a soja brasileira com o desmatamento da Amazônia, que em nossa opinião, seria um pretexto para justificar o protecionismo de mercado e os subsídios aos produtores de soja franceses, cujo produto custa 25% mais caro que o do Brasil, maior produtor mundial.

Conforme já havíamos falado, a soja brasileira não desmata a Amazônia, algo garantido pela moratória do Soja,  um acordo feito há mais de 10 anos e que vem sendo cumprido por produtores e fiscalizado por ONGs e órgãos governamentais, e que já foi explicado em maior profundidade dessa postagem e nesse artigo publicado no jornal O Estado de são Paulo.

Mas o fato de existirem críticas oportunistas e com motivações pouco nobres, não muda o fato de que existem também as críticas vindas de pessoas, em muitos países do mundo, com uma preocupação genuína com a questão ambiental. que afeta a percepção que elas têm sobre produtos, empresas, marcas e governos com base em como elas se relacionam com o tema ambiental.

São justamente essas pessoas que têm nesse momento uma percepção ruim sobre o Brasil, que acreditam que perdemos credibilidade em matéria de preservação ambiental. E, sendo realistas sobre o tema, é necessário admitir que hoje a posição brasileira é desconfortável. A questão é como o Brasil se posicionará, em termos de discurso e ações, a partir de agora.

O que muda na cúpula dos líderes sobre o clima em 2021

A grande novidade sobre o tema preservação ambiental é que desde o início de 2021, Joe Biden ocupa a presidência dos Estados Unidos, e ele abraçará a postura historicamente abraçada pelo Partido Democrata nos Estados Unidos, de preocupação com a questão ambiental.

Além de agradar ao eleitorado que o colocou na Casa Branca, Biden também quer mostrar que após 4 anos de uma postura mais isolacionista de seu antecessor, Donald Trump, os Estados Unidos estão de volta ao jogo do multilateralismo, o que é por si só positivo. E estão dispostos a utilizar seu imenso poder de influência na geopolítica mundial em uma causa que é vista como nobre no mundo inteiro, a preservação do meio ambiente.

E como seria de se esperar, essa mudança de postura coloca a Amazônia, e o Brasil, que abriga 5.500.000 km² desse bioma no centro da discussão.

 

A posição do Brasil na questão ambiental

Em nossa opinião, é totalmente do interesse do Brasil a preservação do meio-ambiente, especialmente da grande extensão do bioma amazônico que se encontra em território brasileiro. E não somente pela grande quantidade de riquezas ali presentes, mas também pela influência que, segundo estudiosos, a floresta tem sobre o regime de chuvas no Brasil e em outros países, e talvez até sobre a temperatura do planeta.

Um exemplo de como o Brasil não é alheio à essa questão está em nossa legislação ambiental, uma das mais rigorosas do mundo em relação à preservação de matas nativas e do ambiente como um todo.

Mas ao mesmo tempo que temos uma legislação rigorosa, não podemos deixar de reconhecer que temos dificuldade em fazer com que ela seja cumprida. Se fiscalizar um território de dimensões continentais como o Brasil não é uma tarefa simples, o que dizer de fiscalizar uma área de floresta como a Amazônia, com uma extensão equivalente à de vários países somados, e com um acesso bastante difícil?

O discurso do Brasil na Cúpula do Clima

É preciso reconhecer que o governo brasileiro , representado pelo Presidente Jair Bolsonaro, teve uma positiva mudança no seu discurso. Se em um primeiro momento se falava em exigir recursos estrangeiros antecipados para se investir na preservação do meio ambiente, agora se apresentou uma meta ainda mais ambiciosa do que a que já existia, se propondo a zerar o desmatamento ilegal até 2030.

Apresentar uma meta ambiciosa, por si só, não é suficiente para mudar a percepção de desconfiança sobre o Brasil. Mas é muito melhor para a imagem brasileira do que haver a percepção de que exigimos pagamento do mundo por cuidar de um bioma que está em nosso território e sob nossa soberania.

Falta agora o Brasil transformar a promessa em ações efetivas. E é justamente aí que reside tanto um enorme desafio, mas também uma oportunidade.

A importância da Amazônia para o mundo

A questão do meio-ambiente é hoje muito mais ampla do que simplesmente preservar rios, oceanos e espécies animais e vegetais, Ela abrange também a questão do aquecimento global, causado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa.

E nesse caso, estão envolvidos na questão, e podem ser muito prejudicados por ela, tanto países como o Brasil, que tem grandes extensões de florestas, como aqueles que têm muito pouco, e são altamente industrializados.

O Vice-Presidente Hamilton Mourão fez uma observação interessante a respeito dessa questão apontando que o Brasil só é responsável por 3% das emissões de gases de efeito estufa no planeta, das quais 40%, ou seja, 1,2% do total mundial, são resultados de queimadas.

Mas isso não significa que a cobrança em cima do Brasil a respeito da conservação ambiental seja exagerada, desproporcional.

A responsabilidade do Brasil na questão ambiental

Embora o Brasil não seja o maior emissor de gases de efeito estufa, tanto por termos uma matriz energética muito mais limpa, que não depende por exemplo, da queima de óleo diesel ou carvão, e de outros países industrializados despejarem uma quantidade muito mais desses gases na atmosfera, existem outras questões.

A primeira é que os cientistas são praticamente unânimes em afirmar que a Floresta Amazônica tem um efeito regulador sobre a temperatura de todo o planeta, independentemente da quantidade de gás de efeito estufa que o Brasil despeja na atmosfera.

A segunda questão é que a Amazônia é lar de milhares de espécies animais e vegetais, algumas ainda por ser descobertas e catalogadas, além é claro de muitos povos indígenas, talvez até de algumas tribos que ainda não teriam tido contato com o Homem branco e o que convencionamos chamar de civilização.

As imagens dessa floresta queimando são muito mais fortes e impactantes do que as de chaminés de fábricas e escapamentos de veículos, e por essa razão comovem tantas pessoas, gerando tantas reações, fazendo com que o Brasil, que é o dono desse bioma tenha uma responsabilidade pela preservação do meio ambiente muito maior do que a proporção de gases de efeito estufa que emite.

Oportunidades para o Brasil na Cúpula dos Líderes Sobre o Clima

Em um primeiro momento, o primeiro objetivo do Brasil é sair da defensiva e da posição de vidraça na questão ambiental. Mas como já falamos anteriormente, existe a possibilidade de tornar a preservação ambiental um posicionamento da marca Brasil, beneficiando o Brasil e o Made in Brazil.

Indo mais longe, existe a vantagem de que o tamanho do desafio brasileiro em preservar um território tão extenso, e o investimento necessário para realizar essa tarefa, foram colocados. Para se negociar qualquer coisa, é muito melhor fazer isso sobre objetivos e números do que simplesmente sobre boas intenções.

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Como fazer bons negócios com o Vietnã, um dos novos Tigres Asiáticos

O Vietnã é um país milenar, com indícios de ocupação humana desde a pré-história e onde se estabeleceram riquíssimas civilizações, mas que ocupa um lugar no imaginário coletivo como palco de diversos conflitos militares ao longo da história. Por trás desse estereótipo está um dos novos tigres asiáticos, uma das economias que mais cresce  no mundo, e um excelente mercado para empresas internacionalizadas, que ganharam muito dinheiro ao aprender como fazer bons negócios com o Vietnã.

 

Localização geográfica do Vietnã

 

O Vietnã se localiza no Sudeste Asiático, uma das regiões cujo crescimento econômico acontece de forma mais acelerada no Século XXI, e para onde a balança econômica do mundo está se inclinando.

 

Seu território de 310,070 km² é dividido em 48 províncias e 5 municípios, fazendo fronteira com Camboja, China e Laos. Seu litoral tem  3.444 Km, sendo banhado pelas águas do Golfo da Tailândia, Golfo de Tonkin e Mar da China Meridional.

 

 

População do Vietnã

 

O Vietnã é o 14º país mais populoso do mundo. O tamanho da população vietnamita em 2021 foi estimado em 102.790 milhões de pessoas, sendo que a população economicamente ativa é de 58 milhões.

 

 

Breve história do Vietnã

 

O Vietnã  foi domínio da China Imperial por um longo tempo, entre 111 a.C. até 938 d.C., quando, após a Batalha de Bach Dang, começou a ser governado por diversas dinastias vietnamitas e floresceu cultural e politicamente. Esse período de autodeterminação foi interrompido no Século XIX, quando começou o domínio colonial francês, com a criação da chamada Indochina Francesa, do qual faziam parte também o Laos e o Camboja.

 

O domínio francês foi interrompido em 1940, com um período de ocupação japonesa que terminou com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão Imperial. Com o retorno do domínio colonial francês, se iniciou a Primeira Guerra da Indochina, que conseguiu expulsar os franceses em 1954, mas dividiu o pais em dois, a República Democrática do Vietnã, ou Vietnã do Norte, socialista, sob o comando de Ho Chi Minh  e a República do Vietnã, ou Vietnã do Sul, sob o comando do Imperador Bao Dai, depois deposto Ngo Dinh Diehn.

 

Imediatamente após o fim do domínio francês se iniciou uma guerra civil pela unificação do país, com a Frente Nacional de Libertação, também conhecida como Vietcong, apoiada pelo Vietnã do Norte, e o governo do Vietnã do Sul, com apoio crescente dos Estados Unidos, que a partir de 1963 se intensificou, resultando em um dos mais notórios conflitos armados do período da Guerra Fria.

 

A Guerra do Vietnã durou de 1963 a 1975, quando os Estados Unidos se retiraram de Saigon, tendo tido intensa cobertura jornalística e um impacto político e cultural muito  profundo nos Estados Unidos e em todo o Ocidente, como pode ser percebido em toda a imensa produção ficcional e não-ficcional sobre o tema, influenciando até hoje a percepção que se tem sobre o Vietnã.

 

Após o fim do conflito, vencido pelo Vietnã do Norte e o Vietcong, o país foi reunificado como a República Socialista do Vietnã, um dos poucos países do mundo que ainda se declara oficialmente comunista, juntamente com Laos, Cuba, Coréia do Norte e China.

 

Mas, da mesma maneira que seu gigantesco vizinho asiático, a China, com quem teve um breve confronto militar em 1979, a Guerra Sino Vietnamita, o Vietnã abandonou o que se poderia chamar de uma visão “marxista linha dura” sobre o desenvolvimento econômico, implementando a partir de 1986 reformas que aceleraram seu crescimento econômico, a ponto de garantir ao país o status de novo tigre asiático.

 

A economia do Vietnã.

 

O Vietnã é hoje um país em desenvolvimento, em transição desde 1986, de uma economia agrária  altamente planejada centralmente para uma economia mais industrial e baseada no mercado, o que gerou um aumento substancial na riqueza do Vietnã e na renda de sua população, fazendo do país um mercado interessante para se exportar e de onde importar.

 

A taxa de desemprego do Vietnã em 2019 era de 2,0% da população economicamente ativa.

 

 

O PIB do Vietnã

 

O PIB do Vietnã é de US$ 261.921 bilhões, tendo mantido taxas de crescimento real altas e constantes  antes da Pandemia.

Em 2017, o ÌB Vietnamita cresceu 6,8%, – ultrapassando metas e expectativas, principalmente devido a aumentos inesperados na demanda doméstica e fortes exportações de manufaturados, um número que aumentou e se manteve nos anos seguintes, sendo 7,00% em 2018, 7% em 2019 e 1,6% em 2020, que embora seja pequena comparada aos períodos anteriores, chama a atenção por ter tido um crescimento positivo quando a maioria das economias do mundo teve retrações brutais.

 

Composição do PIB do Vietnã

 

Agricultura: 15,3%

Indústria: 33,3%

Serviços: 51,3% .

 

Principais produtos agrícolas Vietnamitas:

Arroz

Vegetais

Cana-de-açúcar

Mandioca

Milho

Banana

Café

Coco

 

Principais produtos Industriais do Vietnã:

 

Processamento de alimentos

Vestuário

Sapatos

Construção de máquinas

Mineração

Fertilizantes químicos

Vidros

Pneus

Óleos

Telefones celulares

 

Uma informação relevante é que 1/3 da produção global de smartphones da prestigiada marca sul-coreana Samsung é feita no país

 

 

Serviços

 

Turismo,

Telecomunicações,

Transporte.

Serviços financeiros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tratados Comerciais e Organizações multilaterais de que o Vietnã participa.

 

 

O Vietnã aderiu à OMC – Organização Mundial do Comércio em janeiro de 2007 e concluiu vários acordos de livre comércio entre 2015 e 2016, incluindo:

 

Acordo de Livre Comércio União Europeia-Vietnã,

Acordo de Livre Comércio da Coreia

Acordo de Livre Comércio da União Econômica da Eurásia.

 

Buscando diversificar suas oportunidades, o Vietnã também assinou o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica em 2018 e a Parceria Econômica Abrangente Regional (Regional Comprehensive Economic PartnershipRCEP), sendo também parte integrante do ASEAN, com Mianmar, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia e Singapura.

 

A primeira onda de reformas econômicas no Vietnã.

 

As reformas econômicas que o Vietnã ao crescimento foram iniciadas em 1986, com o nome de Doi Moi, que na língua vietnamita significa renovação, com o objetivo de criar uma economia de mercado com orientação socialista. Por esse sistema, contrariando o que poderia se chamar de linha dura comunista, a produção de bens e serviços por empresas privadas foi permitida, e mais tarde, devido ao sucesso, encorajada pelo Partido Comunista do Vietnã.

 

Analisando em retrospecto, era algo que estava dentro do espírito do que acontecia no principal aliado do Vietnã naquela época, a União Soviética, que passava por seu próprio processo de reestruturação, a célebre Perestroika, no momento histórico que hoje conhecemos como últimos anos da Guerra Fria.

 

Mas, diferentemente do que ocorreu na União Soviética, que entrou em colapso e se desintegrou, no processo que deu fim à Guerra Fria com os Estados Unidos e dando origem à Federação Russa e uma série de outras repúblicas, o sistema político vietnamita sobreviveu e conduziu as reformas com sucesso.

 

 

 

A segunda onda de reformas econômicas do Vietnã.

 

Para se manter em uma trajetória de forte crescimento econômico, o governo do Vietnã reconheceu a necessidade de desencadear uma segunda onda de reformas, que alcança, inclusive, as empresas estatais, reduzindo a burocracia e aumentando a transparência dos setores empresarial e financeiro, reduzindo o nível de inadimplência nos empréstimos bancários.

 

Em 2016, alegando preocupações do público e das autoridades com segurança e o altíssimo custo, o Vietnã cancelou seu programa de desenvolvimento de energia nuclear.  Desde então, o país enfrenta uma pressão crescente na infraestrutura de energia. Aliás, cabe destacar que a infraestrutura do país como um todo não atende às necessidades de sua classe média em expansão.

 

Apesar dessa demanda que exige investimentos pesados, o Vietnã tem demonstrado compromisso com o crescimento sustentável,  não se mostrando disposto a dar passos maiores que a perna. Apesar da recente aceleração do crescimento econômico, o governo continua cauteloso quanto ao risco de choques externos.

 

Mas essa cautela não impede que o país esteja em dia com os investimentos que precisa fazer para que o manter sua crescente competitividade global, como por exemplo, a Internet 5G, que está sendo instalada lá por uma empresa estatal, a Viettel, que também é responsável por essa tecnologia em países como Camboja, Laos e Mianmar.

 

Comércio exterior do Vietnã

 

O comércio exterior vietnamita é pujante. Seu fluxo comercial com o mundo já ultrapassou o do Brasil, e a competitividade de sua indústria já é igual à da brasileira.

 

Importações e exportações do Vietnã

 

A corrente de comércio do Vietnã com o mundo alcançou em 2019, a soma de US$.518.052 bilhões, com as alcançando US$.264.610 bilhões e as importações de US$.253.442 bilhões, garantindo aos vietnamitas um  superavit comercial de US$.11.168 bilhões.

 

Principais destinos das exportações do Vietnã

 

Estados Unidos da América,

China,

Japão,

Coreia do Sul

Hong Kong.

 

Principais produtos exportados pelo Vietnã

 

Máquinas

Aparelhos e materiais elétricos

Aparelhos de gravação  ou de reprodução de som

Aparelhos de gravação ou reprodução de imagens e de som em televisão

Calçados, polainas e artefatos semelhantes

Vestuário e  acessórios

Caldeiras

Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos.

 

Principais origens das importações do Vietnã

 

China,

Coreia do Sul

Japão

Taiwan

Estados Unidos da América.

 

Principais produtos importados pelo Vietnã

 

Plásticos

Combustíveis minerais

Óleos minerais e produtos de sua destilação

Matérias betuminosas e ceras minerais

Ferro fundido

Ferro e aço.

 

Relações comerciais Brasil Vietnã

 

O fluxo comercial Brasil-Vietnã atingiu US$.4,568 bilhões em 2020, com exportações do Brasil no valor de US$. 2,264 bilhões e importações de US$.2,303 bilhões. Logo, o Brasil tem um déficit comercial com o Vietnã de US$ 39 milhões.

 

Principais produtos exportados pelo Brasil para o Vietnã

 

Milho

Soja e proteína de soja

Algodão, não cardado e não penteado

Carnes suínas congeladas.

 

Principais produtos importados do Vietnã pelo Brasil

 

 

Peças de aparelhos telefônicos

Telefones para redes celulares ou redes sem fio

Aparelhos de transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados

Processadores e controladores, mesmo combinados com memórias

Conversores

Circuitos lógicos

Amplificadores

Circuitos temporizados e de sincronização ou outros circuitos

Calçados esportivos para tênis, basquetebol, ginástica, feitos de materiais têxteis e sola de borracha ou plástico.

 

Porque as  empresas brasileiras devem prestar atenção ao Vietnã

 

O Vietnã, e mesmo ainda não sendo um país totalmente capitalista, no sentido mais purista do termo, com as reformas que realizou a partir de 1986 o Vietnã se tornou um lugar onde empresas internacionalizadas podem realizar bons negócios, importando ou exportando.

 

A segunda onda de reformas trará grandes oportunidades de bons negócios. Não somente para atender à imensa demanda para a construção da infraestrutura do país, como também ao consumo de uma classe média vietnamita que a cada dia se torna mais rica.

 

E não custa reforçar que, além do mercado vietnamita em si, o país pode ser o hub de acesso aos mercados de outros países do Sudeste Asiático, que é a região para onde o peso econômico do planeta está se deslocando e consequentemente, o lugar onde as coisas irão acontecer, oferecendo as oportunidades de bons negócios.