África do Sul exportação e importação

África do Sul oferece oportunidades de excelentes negócios para empresas brasileiras

A África do Sul está localizada no extremo sul do Continente Africano, sendo o vigésimo sexto maior país do mundo, com um território de 1,219,090 Km², o equivalente a aproximadamente 14% da extensão territorial do Brasil, sendo um pouco menor do que o estado do Pará, e fazendo fronteira com Botswana , Lesoto Moçambique, Namíbia, Suazilândia e  Zimbábue.

Terceiro país mais rico da África, quando se leva em conta o PIB como critério, a África do Sul oferece oportunidades de excelentes negócios para as empresas brasileiras que pretendem exportar ou importar, por ter uma economia diversificada e que tem mostrado potencial de crescimento nos últimos anos, fazendo parte, junto com Brasil, Rússia, Índia e China do chamado Grupo dos BRICS.

 

A  História da África do Sul

 

Uma área de presença humana muito antiga, a história da civilização onde hoje é a África do Sul tem o registro mais antigo em 500n D.C., quando os povos de língua Bantu começaram a se estabelecer onde hoje é nordeste do país, expulsando os grupos de língua Khoisan.

Comerciantes holandeses se estabeleceram em 1652, fundando um entreposto comercial da Rota das Especiarias entre o Extremo Oriente e a África, fundando a Cidade do Cabo. Quando os Britânicos dominaram a área do Cabo da Boa Esperança, em 1806, os colonos de ascendência holandesa, Afrikaners também chamado de Boers (agricultores), se deslocaram para o Norte, fundando suas próprias repúblicas, Transvaal e Estado Livre de Orange.

Na década de 1820 começou um longo período de guerras, quando os Zulus expandiram seu território, saindo do que hoje é o sudeste da África do Sul e entrando em confronto com outros povos nativos e com os assentamentos europeus. Um confronto que começou a pender ainda mais para o lado europeu quando foram descobertos diamantes (1867) e ouro, 1886, aumentando a riqueza da região e atraindo ainda mais imigrantes europeus.

A Guerra Anglo-Zulu (1879) resultou na incorporação do território Zulu ao Império britânico. Entre 1899 e 1902 a Guerra dos Bôeres ( que teve como um de seus heróis, do ponto de vista dos britânicos, o futuro Primeiro Ministro Winston Churchill) ,  acabou com a derrota dos afrikaners, com suas repúblicas sendo incorporadas ao Império Britânico.

O Apartheid e a questão racial na África do Sul

Após o fim da Guerra dos Boeres, apesar da vitória britânica, eles e os africâneres governaram juntos a partir de1910, sob a União da África do Sul, que se tornou uma república em 1961 após um referendo exclusivamente para brancos. Mas já em 1948, o Partido Nacional foi eleito para o poder, instituindo a famigerada política de apartheid – anunciada como “desenvolvimento separado” das raças – favorecendo a minoria branca em detrimento da maioria negra e outros grupos não brancos.  A luta contra o Apartheid foi liderada pelo Congresso Nacional Africano (ANC), cujos líderes mais importantes, como Nelson Mandela passaram parte de suas vidas nas prisões da África do Sul. Décadas de protestos internos, com alguns periodos de insurgência armada, bem como boicotes por parte de nações e instituições ocidentais, levaram ao enfraquecimento do regime e sua disposição a negociar uma transição pacífica para um governo da maioria.

As primeiras eleições após o fim do apartheid aconteceram em 1994, resultando em um regime de maioria liderado pelo CNA. Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente pós Apartheid, e inicou um governo que honrou a transição pacífica negociada, e buscou um governo de união nacional e integração racial que durou até 1999, sendo sucedido por Thabo Mbeki, que governou até 2008, quando renunciou por falta de apoio político, tendo seu mandado completado por seu vice-presidente, Kgalema Motlanthe.

Nelson Mandela, estadista notável por ter abandonado a ideia de uma revolução por meios violentos e feito um governo de integração racial, que buscou também diminuir os desequilíbrios da era do apartheid em termos de riqueza, habitação, educação e saúde, faleceu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos. Mas, ainda em vida, se tornou um dos líderes políticos mais admirados do mundo, e é considerado o Pai da Nação Sul-Africana.

Jacob Zuma elegeu-se presidente em 2009 e foi reeleito em 2014, mas renunciou em 2018, após inúmeros escândalos de corrupção. Seu sucessor, Cyril Ramaphosa, fez alguns progressos no combate à corrupção, apesar de muitos desafios persistirem.

Essa contextualização histórica e política da África do Sul é importante para podermos chegar aonde interessa, em termos de oportunidade de negócios para as empresas brasileiras, a começar de que hoje se trata de um país multiétnico, como também multilinguístico.

População da África do Sul

A África do Sul tem  56.978.635 de habitantes, de acordo com estimativas para 2021, sendo que 67,8% vive em áreas urbanas e 32,2% em áreas rurais.

Línguas faladas na África do Sul

A África do Sul tem várias línguas oficiais: Africâner, Inglês, Ndebele, SeSotho do Norte, SeSotho do Sul, Suazi, ShiTsonga, SeTswana, Venda, Xhosa e Zulu Capital

PIB da África do Sul

O PIB da África do Sul é de 351.4 bilhões de dólares, sendo o terceiro país mais rico do continente africano, atrás do Egito (1º) e Nigéria (2º). A formação desse PIB se dá através de uma economia bastante diversificada, mas com uma vocação evidente para serviços, que correspondem a 67,5% do PIB Sul Africano.

A Economia da África do Sul

A África do Sul é um país emergente, com uma população de renda média, abundante oferta de recursos naturais e diversos setores bem desenvolvidos, como  financeiro, jurídico, comunicações, energia e transporte. Além disso, o país conta também com a maior bolsa de valores da África, que está entre as 20 principais do mundo.

A economia da África do Sul foi uma das que mais cresceu no mundo. Em 2000 o PIB sul africano era de 136,4 bilhões de dólares, Em 2010, ano em que foi realizada alia a Copa do Mundo da FIFA, o PIB do país chegou a 373,3 bilhões de dólares, mais do que dobrando em uma década, e chegando ao seu ponto mais alto em 2011, com 416,4 bilhões de dólares.

Agricultura – Gerando uma riqueza que corresponde a 2,8% do PIB, os principais produtos agrícolas sul-africanos são: Cana-de-açúcar, milho, leite, batata, uva, frango, laranja, trigo, soja, carne bovina

Indústria –  Correspondendo a 29,7 % do PIB da África do Sul, os principais produtos da indústria Sul-africana são Mineração, montagem de automóveis, metalurgia, maquinário, têxteis, ferro e aço, produtos químicos, fertilizantes, alimentos, reparação de navios comerciais

Serviços – Item de maior peso da economia da África do Sul, os serviços correspondem a 67,5% da riqueza do país. Os principais são: Varejo, serviços financeiros, comunicações e turismo.

Crescimento econômico da África do Sul

O  crescimento econômico da África do Sul desacelerou nos últimos anos para cerca de 0,7% em 2017. O desemprego oficial é alto, cerca de 28% da força de trabalho, mas  é significativamente maior entre os jovens negros. Essa mazela se reflete no IDH da África do Sul que é 0,597

A política econômica da África do Sul tem buscado controlar a inflação e capacitar uma base econômica de trabalhadores qualificados e consumidores mais ampla. No entanto, o país enfrenta restrições estruturais que também limitam o crescimento econômico, como escassez de mão de obra qualificada, declínio da competitividade global e frequentes greves.

A governo da África do Sul enfrenta uma crescente pressão da população urbana para melhorar a prestação de serviços básicos nas áreas de baixa renda, combater o desemprego e fornecer educação superior a preços acessíveis.

Infraestrutura da África do Sul

A infraestrutura moderna do país garante uma distribuição relativamente eficiente de bens aos principais centros urbanos da região, mas existe um gargalo energético, com o fornecimento de eletricidade instável retardando o crescimento econômico.

Tratados de Comércio Internacional de que a África do Sul faz parte

Grupo dos BRICS.

É um erro, em nossa opinião, tratar os BRICS como um bloco econômico, ou mesmo chama-lo assim.  O acrônimo, nascido das iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa) foi cunhado por investidores na década de 2000, quando esses cinco países experimentaram momentos de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que mercados tradicionais como destino de investimentos,  como Estados Unidos e Europa, enfrentavam dificuldades econômicas e estavam menos atrativos aos investidores.

Esses países têm perfis e interesses econômicos e geopolíticos muito diferentes entre si para formarem um bloco econômico no sentido mais comum da palavra. O correto seria considerar o BRICS como uma entidade de fomento econômico, visto que tem até um banco com esse objetivo, com sede em Xangai, na China, o Banco dos BRICS.

Para as empresas brasileiras e sul-africanas, existe a vantagem de que tanto o Brasil quanto a África do Sul são membros dos BRICS, e que isso pode facilitar algum tipo de aproximação.

Tratados comerciais no continente Africano

A África do Sul  faz parte também da União Aduaneira da África Austral (SACU), do Acordo África do Sul-União Europeia, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Tratado de Livre Comércio Africano, estabelecido em 2019 e que reúne 55 países.

Nos últimos anos, os países da África, na média, apresentaram taxas de crescimento acima da média global e potencial estratégico para o desenvolvimento, já que a região como um todo já conta com mais de 1,2 bilhão de consumidores, dos quais cerca de 350 milhões migraram para a classe média. A estimativa é que em 2050 o número de “consumidores” salte para 2,5 bilhões de pessoas.

O Acordo de Preferências tarifárias (ACP) entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral

O Acordo de Comércio Preferencial (ACP) entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral (SACU), formada pela África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia, foi firmado pelos países membros do Mercosul em Salvador, em 15 de dezembro de 2008, e pelos países africanos em Maseru, em 3 de abril de 2009.

O acordo foi aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro por meio do Decreto Legislativo nº 220, de 18 de setembro de 2015, promulgado pelo Decreto n.º 8.703 de 1º de abril de 2016 e assinado pelo Mercosul em 15 de dezembro de 2008 e pelo SACU em 03 de abril de 2009, entrando em vigor em 1º de abril de 2016. A Reunião do Comitê Conjunto de Administração do Acordo foi realizada em 25 e 26 de maio de 2017, em Joanesburgo, África do Sul..

O ACP MERCOSUL-SACU trata de temas como Comércio de Bens, Regras de origem, Medidas de Salvaguardas, Antidumping e Medidas Compensatórias, Barreiras Técnicas ao Comércio, Medidas Sanitárias e Fitossanitárias e Solução de Controvérsias e  engloba 1.026 de linhas tarifárias ofertadas pela SACU e 1.076 itens pelo Mercosul, com margens de preferência de 10%, 25%, 50% e 100%.

Exportações e Importações da África do Sul

A corrente de comércio da África do Sul com o mundo foi de 155.090 bilhões de dólares em 2020, sendo os seus principais parceiros comerciais a China, Índia, Estados Unidos, Alemanha e Arábia Saudita

Produtos exportados pela África do Sul

Pérolas naturais ou cultivadas,

Diamantes (incluídos na categoria pedras preciosas ou semipreciosas)

Ouro (Ouro banhado com platina, metais folheados a metais preciosos e suas obras);

Minério de ferro, escória e cinzas ,

Carvão Betuminoso

Paládio

Ródio

Veículos, exceto material rodante ferroviário ou elétrico, e suas partes e acessórios ,

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Substâncias betuminosas;

Ceras minerais,

Máquinas,

Aparelhos mecânicos-

Principais destinos das exportações da África do Sul

China 11,4%

Estados Unidos 8,3%

Alemanha  8,25%

Reino Unido 9,45%

Brasil 0,3%

 

Produtos Importados pela África do Sul

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Substâncias betuminosas;

Ceras minerais,

Máquinas,

Aparelhos mecânicos,

Maquinaria e equipamento elétrico e suas partes;

Gravadores e reprodutores de som,

Gravadores e reprodutores de imagem e som de televisão e peças e acessórios desses artigos ,

Commodities não especificadas ,

Veículos,  exceto material ferroviário ou elétrico, peças e acessórios

 

Principais origens das Importações Sul-africanas

China 20,72%

Alemanha  10%

Estados Unidos  6,4%

Índia 5,2%

Arábia Saudita 9,15 %

Brasil 1,1 %

 

As relações comerciais Brasil – África do Sul.

A aproximação econômica entre Brasil e África do Sul trouxe resultados positivos para o comércio exterior. O país africano recebeu investimentos de empresas brasileiras para o desenvolvimento de obras de infraestrutura e industrialização. Mas ainda assim, o Brasil é somente a origem de 1,1% das importações da África do Sul, e destino de 0,3% de suas exportações, mostrando que a espaço para crescer esse fluxo comercial.

O comercio bilateral Brasil-África do Sul movimentou em 2020  USD 1.601.267 , sendo que o Brasil importou do parceiro africano o total de USD 612.238 milhões.

Produtos exportados pelo Brasil para a África do Sul

Carnes e miudezas,

Comestíveis ,

Veículos automóveis,

Tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios ,

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Matérias betuminosas;

Ceras minerais

Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes ,

Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão

Açúcares de cana, de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido ,

Ferroníquel

Produtos importados pelo Brasil da África do Sul

Pérolas naturais ou cultivadas,

pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes,

metais preciosos,

metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e suas obras;

bijuterias;

moedas ,

Alumínio e suas obras ,

Produtos diversos das indústrias químicas ,

Combustíveis minerais,

óleos minerais e produtos da sua destilação;

matérias betuminosas;

ceras minerais

Ferro fundido,

ferro e aço

Paládio em formas brutas ou em pó ,

Ródio em formas brutas ou em pó ,

Herbicidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento para plantas ,

Alumínio

Conselho às empresas brasileiras

A África do Sul é um país que tem muitas semelhanças com o Brasil, tanto nas possibilidades que tem para crescer como nos desafios que precisa superar para isso. Mas, apesar de ser um mercado que esteve relativamente fora do radar de muitas empresas exportadoras e importadoras do Brasil, oferece inúmeras oportunidades.

E também é preciso ter em mente que , além da própria África do Sul, o continente africano como um todo é uma região do mundo que aumentará seu padrão de consumo nos próximos anos. Parcerias com os sul-africanos significam uma porta de entrada para os demais países africanos.

É questão de se preparar para aproveitar as oportunidades. Fica a dica para reflexão.

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