Uma das grandes incógnitas dos exportadores brasileiros em relação à recuperação econômica pós pandemia seria sobre qual o tamanho do mercado para os produtos brasileiros em economias que passam por processos diferentes de recuperação. Mas, de acordo com a FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura), a demanda mundial por alimentos será alta, gerando oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro.
Segundo a agência, as importações mundiais de alimentos poderão atingir US$.1,715 trilhão em 2021, cerca de US$.185 bilhões a mais do que em 2020, representando um aumento de aproximadamente 10% em um ano, demonstrando que a Pandemia de Covid-19 pode ter represado compras ou entregas em um primeiro momento, em função das restrições, mas não afetou a demanda mundial por alimentos.
O que está gerando o aumento de demanda por alimentos
De acordo com a FAO, o aumento de demanda está sendo gerado pela retomada econômica permitida pelas providências que as autoridade de diversos países tomaram para controlar a pandemia alguns meses atrás, como um controle rigoroso da circulação de pessoas, testes em grande escala, para medir a disseminação da Covid-19, medidas de isolamento, quando e onde foi necessário, e quando foi finalmente possível, vacinação.
A retomada da economia, com o consequente aumento das importações de alimentos, e de outros bens de consumo, e de um retorno ao que estamos acostumados a chamar de vida normal está diretamente associada aos processos de vacinação em massa.
Quais os países que estão abrandando as restrições
O abrandamento das restrições de circulação de pessoas está acontecendo quase simultaneamente em todos os países que conseguiram vacinar uma parte considerável de sua população, sendo as principais China, a Europa, Estados Unidos e países do Oriente Médio, sendo esses os mercados para onde o agronegócio deverá exportar mais.
Como os preços dos produtos do agronegócio se comportaram
Segundo o estudo apresentado no Comitê de Agricultura da Organização Mundial de Comércio, o Brasil, e outros países grandes produtores e exportadores agropecuários serão beneficiados em 2021 por um crescimento simultâneo dos preços e dos volumes demandados pelos mercados compradores, sendo que os preços continuarão altos, influenciados pelo alto custo dos fretes.
O índice de preços de alimentos da FAO chegou em maio de 2021 a 127,1 pontos, com aumento de 39,7% em relação a maio de 2020, um crescimento impulsionado pela valorização de óleos, açúcar, cereais, carnes e produtos lácteos, movimentando US$.185 bilhões.
Mercados dos países Ricos x Países em desenvolvimento.
O aumento dos preços dos alimentos não será uniforme entre regiões econômicas e geográficas do mundo. Os países desenvolvidos deverão comprar um volume menor em 2021, mas a um valor maior do que o de 2020, devido ao aumento dos custos e do frete internacional.
Já no caso dos países em desenvolvimento, apesar dos aumentos dos preços mundiais, a previsão é que as compras de alimentos vão crescer em todas as categorias de produtos em 2021, em função de economias se reaquecendo com algum retorno à normalidade à medida que os processos de vacinação forem avançando e pandemia, arrefecendo.
Conclusão
Esse é um momento de ouro para as empresas do agronegócio preparadas para atuar no mercado internacional, e que aquelas que ainda não se internacionalizaram, não podem deixar passar.
Mas cabe a observação de que, mesmo com a infraestrutura deficiente do Brasil, temos o agronegócio mais competitivo do mundo. Caso façamos as reformas que permitirão mais investimento nessa área, essa competitividade aumentará ainda mais. E o agronegócio não será o único beneficiado. Nossa indústria, que sofre para competir no mercado internacional, teria enormes ganhos diminuindo seus custos com logística.
Fica a dica para reflexão.