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Principais fundos soberanos dos países árabes – Onde e como investem

Fundos soberanos, ou fundos de riqueza soberana, em inglês Sovereign Wealth Fund (SWF), são fundos de investimento criados geralmente por países dotados de grandes reservas internacionais de moeda forte.

Ao contrário de outros fundos de investimento existentes em todo o mundo, os fundos soberanos são instrumentos financeiros capitalizados exclusivamente com as reservas monetárias dos países que os possuem, geralmente provenientes da venda de petróleo e outros recursos minerais, o que explica países árabes serem os donos de muitos dos maiores deles.

Os fundos soberanos cumprem uma dupla função para os países que os possuem. Internamente, eles permitem que os países lidem melhor com o grande fluxo de moeda forte em suas economias, o que poderia causar uma grande pressão inflacionária, entre outros desequilíbrios.

Externamente, eles são a forma que esses países têm para se preparar para um futuro em que as receitas do petróleo diminuirão, porque as reservas acabarão ou surgirão substitutos para alguns usos que o petróleo tem hoje, como por exemplo, o combustível fóssil.

 

Quanto os fundos soberanos árabes têm para investir

 

Segundo o Sovereign Wealth Fund Institute (SWFI) – grupo internacional sem fins lucrativos de gestores desse tipo de fundo, o maior fundo de riqueza soberana do mundo é o Fundo Estatal de Pensões, da Noruega, com US$ 1,09 trilhão de ativos, seguido de perto pelo China Investment Corporation, com US$ 940 bilhões. Mas logo depois deles, estão vários fundos de países árabes

Saiba quais são esses países e quanto esses fundos têm investido ao redor do mundo:

 

– Abu Dhabi – Abu Dhabi Investment Authority (ADIA) – US$ 696 bilhões;

– Kuwait – Kuwait Investment Authority (KIA) – U$ 592 bilhões;

– Arábia Saudita – Saudi Arabian Monetary Agency (SAMA Foreign Holdings) – US$ 515 bilhões;

Qatar -Qatar Investment Authority – US$ 328 bilhões.

– Fundo Mubadala – Emirados Árabes Unidos – US$ 229 bilhões.

 

Historicamente, ao redor do mundo, esses fundos soberanos são grandes investidores em portos, estradas, aeroportos e ferrovias. No Brasil, eles atuam relativamente há pouco tempo, tendo investido em infraestrutura e proteínas animais. Mas imóveis, turismo, rodovias, mineração, ecoturismo, transporte e até educação são áreas de interesse.

Vamos fala de alguns deles, e dos setores que eles podem ter interesse no Brasil.

 

Abu Dhabi Investment Authority (ADIA) – Fundo Soberano de Abu Dhabi, EAU.

 

Terceiro maior fundo soberano do mundo, a Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), de acordo com SWFI, conta com um total de ativos estimado em US$ 696 bilhões. A ADIA tem como origem de seus ativos o petróleo e foi criado com o objetivo de investir fundos em nome do governo do país.

 

A ADIA possui um processo de investimento disciplinado que visa gerar retornos estáveis a longo prazo, dentro dos parâmetros de risco estabelecidos. Hoje, estão presentes em quase todos os continentes e contam com um carteira de investimentos em áreas como:

Ações;

Energia;

Small caps;

Bônus de governos;

Imóveis;

Capital privado;

Infraestrutura.

 

No Brasil, a ADIA tem boa parcela de seus recursos investida na bolsa e vem aumentando, mas projeta investimentos em outras áreas como turismo (o fundo é dono do hotel Four Seasons do Brasil, em São Paulo), imóveis, galpões industriais, centros de distribuição, terras e até em educação.

 

Kuwait Investment Authority (KIA) – Fundo Soberano do Kuwait

 

Primeiro fundo soberano a ser criado no mundo, em 1953, o Kuwait Investment Authority (KIA) tem ativos superiores a US$ 592 bilhões.

 

Atua por meio de subsidiárias distribuídas em todo o mundo, das quais o Kuwait Investment Authority é a empresa-mãe. Seus investimentos são, principalmente, nos mercados de ações públicas e privadas, mas também atua nos segmentos de imóveis, renda fixa, moda e investimentos alternativos em mais de cem países, como Angola, Cabo Verde, Honduras, Cuba, Nicarágua, Argentina, também em nações da Europa, Ásia-Pacífico e mercados emergentes.

 

O Brasil tem uma relação comercial sólida com o Kuwait há quase cinco décadas, mas a Kuwait Investment Authority ainda não possui investimentos por aqui. Entretanto, seus executivos confirmam que pretendem investir pesado no Brasil e estão abertos à propostas, tendo interesse nos seguintes setores:

-Segurança alimentar;

-Concessões;

-Privatizações;

-Energia renovável;

-Agronegócio;

-Mineração;

-Saúde;

-Petróleo;

-Setor financeiro

 

SAMA Foreign Holdings – (Saudi Arabian Monetary Agency) – Fundo Soberano da Arábia Saudita

 

Também um dos mais antigos do mundo, o Fundo Soberano da Arábia Saudita – SAMA Foreign Holdings faz parte do Banco Central daquele país e conta com ativos na ordem de mais de US$ 515 bilhões, que vêm, principalmente, de empresas relacionadas ao petróleo, mas também do gerenciamento de pensões públicas sauditas.

 

Parte de seus investimos é destinada internamente para apoiar o orçamento geral. Usa seu superávit para investir em títulos públicos semigarantidos, mas com cautela, já que a maior parte de seu portfólio se destina à renda fixa de baixo rendimento e baixo risco, como instrumentos de dívida soberana e títulos dos Estados Unidos. Também investe em ações, no mercado financeiro. No Brasil, a SAMA ainda não tem investimentos, mas pode ser uma das fontes dos USD 10 bilhões em investimentos acordados para o Brasil.

 

Qatar Investment Authority (QIA) – Fundo Soberano do Catar

 

O Catar é um país que aberto a negócios em todas as áreas, mas diferentemente de outros fundos soberanos, que preferem ter participações menores em negócios considerados seguros, sem se envolver em sua gestão, o fundo qatari algumas vezes assume a direção de negócios de grande visibilidade mundial, com o objetivo de promover a “marca Qatar”.

 

Essa é uma estratégia de soft power, em que, além do retorno financeiro, se busca promover o país e criar uma percepção positiva sobre ele, aumentando sua influência política e econômica no mundo.

 

Foi isso que levou a Qatar Investment Authority, através de sua subsidiária QSI (Qatar Sports Authority) a adquirir o controle do Paris Saint Germain – PSG, um dos mais populares clubes do futebol francês, e a investir pesado para tornar o clube uma potência do futebol mundial, contratando o brasileiro Neymar por 222 milhões de Euros. O ápice dessa estratégia será a realização da Copa do Mundo da FIFA, em 2022.

 

Mas isso não significa que o fundo soberano do Catar não esteja presente em muitos setores mais tradicionais da economia. Segundo o SWFI, o Qatar Investment Authority é o dono de um percentual do fundo Brookfield, do icônico Empire State Building e também de 17% das ações da montadora alemã Volkswagen.

 

No Brasil, a Qatar Investment Authority tem contatos com os governos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul para investimentos na produção e exportação de grãos para o Oriente Médio, bem como a compra de terras na região Centro-Oeste, juntamente com empresas agrícolas brasileiras. Além disso, a QIA deverá se unir à Qatar Petroleum e ser potencial candidata a participar de leilões do pré-sal, que devem acontecer a partir de 2020.

 

Como muitos outros investidores estrangeiros, o fundo só aguarda a votação de projeto de lei que libera a entrada do capital estrangeiro no setor. O Qatar, por meio da QIA, tem investimentos no Brasil em torno US$ 5 bilhões. Esse valor está dividido em áreas como transporte aéreo (é dona de 10% da Latam), bancos, agricultura, petróleo e gás, editorial e educação (grupos Abril, Anglo e Sigma; além das editoras Saraiva, Ática e Scipione). Mas o forte são os investimentos nos setores imobiliário e financeiro. Ainda tem interesse em segmentos como:

Combustível;

Automóveis;

Segurança alimentar;

Vigilância em saúde pública;

Ecoturismo;

Infraestrutura;

Transportes;

Agronegócio

 

Fundo Mubadala – Abu Dabhi. Emirados Árabes Unidos

 

Outro fundo soberano de Abu Dhabi, nos EAU, o Mubadala conta com US$ 229 bilhões de valor total dos ativos. O fundo tem como áreas de atuação tecnologia da informação, comunicação, turismo, petróleo, rodovias, mineração, infraestrutura etc. Está presente em mais de 50 países.

 

Um dos primeiros a chegar ao Brasil, em 2011, o Mubadala já conta com investimentos na ordem de US$ 2 bilhões no país, sendo dono do Porto Açu e adquirido a Rota das Bandeiras, uma concessionária de rodovias paulistas, como a Dom Pedro I, que liga o Vale do Paraíba a Campinas, em uma negociação estimada em R$ 1,65 bilhão.

 

No Brasil o Mubadala pretende ser referência em entretenimento e eventos esportivos, tendo adquirido o controle acionário de marcas como São Paulo Fashion Week (moda), Taste of São Paulo (gastronomia) e Rio Open (tênis). Sendo um dos credores que herdou parte do Império esfacelado de Eike Batista, o Mubadala transformou a antiga IMX em IMM, e atua na organização e produção no Brasil de eventos como o Cirque de Soleil e espetáculos musicais.

 

Recentemente, o Mubadala anunciou que pretende continuar investindo em esporte e entretenimento no Brasil, além de outros setores, em um aporte que pode chegar a US$ 1 bilhão. Uma parte substancial desse valor iria para tentar adquirir o Ginásio e o Complexo Esportivo do Ibirapuera. Se vencer a licitação, o IMM promete fazer da cidade de São Paulo uma das maiores plataformas de entretenimento da América do Sul.

 

O fundo também tem interesse em participar da licitação para as obras da ligação rodoviária entre Piracicaba e Panorama, marcada para este ano e que pode chegar a R$ 16 bilhões. Além disso, deve entrar nas rodadas de aeroportos, previstas para 2020 e 2021. Essas licitações incluem os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont. Entre outros setores de interesse também estão:

Portos;

Rodovias;

Mineração;

Imóveis.

Petróleo

Em 2021, o fundo confirmou a entrada no ramo de refino de petróleo no Brasil.  Em 8 de Fevereiro de 2021, foi anunciado que o Mubadala ofereceu a proposta mais alta pela Refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás, US$1, 65 bilhão de dólares, em uma compra que ainda precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores.

 

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Além destes, existem dezenas de outros fundos soberanos que podem investir no Brasil, e certamente olham o país com interesse. Não poderia ser diferente, dado o tamanho da nossa economia e nosso mercado consumidor.  Mas para transformar esse potencial em realidade, o Brasil precisa mostrar que tem segurança jurídica.

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Entrevista de Michel Alaby no Jornal O Tempo

Especialistas não acreditam em 3ª guerra mundial por causa de ataque ao Irã

No Brasil, uma chuva de memes na internet mostrou que a população está dividida entre fazer piada da situação e sentir medo de um conflito mundial

Por RAQUEL PENAFORTE

03/01/20 – 17h55

General iraniano Qassim Suleimani morto em ataque dos EUA

Foto: KHAMENEI.IR / AFP

A notícia do assassinato do general iraniano Qassem Suleimani, em um ataque americano na madrugada desta sexta-feira (3), em Bagdá, provocou reações em todo o mundo.

Aqui no Brasil, uma chuva de memes na internet mostrou que a população está dividida entre fazer piada da situação e sentir medo de uma possível terceira guerra mundial. Especialistas em relações internacionais, entretanto, afirmam que ainda é cedo para falar em um conflito mundial.

“No cenário político, o evento ainda está em escala regional. No contexto europeu, os principais aliados dos EUA foram os que apresentaram maior preocupação. No contexto mundial, ainda é um pouco incerto. Ambos os lados demonstraram não ter o desejo de conflito direto”, afirmou o doutor em relações internacionais Pedro Neves.

O consultor em comércio exterior Michel Alaby também disse que ainda é cedo para pensar em guerra. “Acredito que é mais uma guerra de twitters entre o Trump e o 1o. Ministro iraniano. Devemos esperar o desenrolar dos acontecimentos. Rússia, China e os países europeus estão colocando panos tentando apaziguar os ânimos”, disse.

A principal preocupação é o aumento do preço do combustível, tendo em vista que o Iraque é uma das principais regiões petrolíferas do mundo. “Já podemos observar que o preço do petróleo subiu, o real se desvalorizou, as bolsas de valores caíram no mundo. O perigo maior será o Irã fechar a passagem do estreito de Ormuz , onde passa todo o petróleo proveniente do golfo arábico (pérsico) . A consequência principal é aumentar a instabilidade da região já tão conturbada”, alertou Alaby.

Entre especulações e incertezas sobre os próximos eventos após o ataque, a preocupação dos especialistas é sobre a resposta dada pelo Irã que prometeu vingança sobre o assassinato.

“Se a gente observar o padrão de comportamento das retaliações, a gente pode esperar algo vinculado à embaixadas ou representação diplomática dos EUA, tanto na região, quanto fora. Se a gente pensar na representação do EUA, os alvos podem ser executados por aliados iranianos”, afirmou Neves.

 

Confira as entrevistas na ítegra; 

(Pedro Neves – Doutor em relações internanacionais
Michel Alaby – Consultor de comércio exterior)

Quais as principais consequências do ataque para os brasileiros?

PEDRO NEVES: Desde as primeiras horas do dia tenho acompanhado o que as pessoas aqui tem falado sobre o ataque. Nos últimos anos não tivemos nada tão significativo entre EUA e Irã, e é claro que as pessoas estão ansiosas sobre o que pode acontecer.

Dois comentários me chamaram a atenção: aumento do preço dos combustíveis, que, apesar de ser especulativo ainda, há o risco de aumento.

No cenário político, o evento ainda está em escala regional. No contexto europeu, os principais aliados dos EUA foram os que apresentaram maior preocupação

No contexto mundial, ainda é um pouco incerto. Ambos os lados demonstraram não ter o desejo de conflito direto.

MICHEL ALABY: Acredito que é mais uma guerra de twitters entre o Trump e o 1o. Ministro iraniano. Devemos esperar o desenrolar dos acontecimentos. Rússia, China e os países europeus estão colocando panos tentando apaziguar os ânimos.

Com a notícia do ataque, milhares de meme começaram a surgir na internet e brasileiros pedindo Ao Bolsonaro para que não “fale bobagem”. Um posicionamento político do líder brasileiro podem trazer algum tipo de consequência para o Brasil?

 

PEDRO NEVES: A gente está vivendo um momento que pode ser entendido como guerra cinzenta, ou período de interpretações equivocadas. Se um dos lados faz uma interpretação errada sobre o que os EUA declaram ou sobre o que o Irã declara, corre o risco das decisões que podem ser tomadas tanto pelo Trump ou ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, não terem condições de segurar os tipos de desdobramento que podem, acontecer para fora da região.

Ou seja, apoiar um conflito, defender ou condenar, podem aumentar o risco para ambos os estados. O que tem sido mais falado no mundo é termo de escalada. Desde que assumiu a presidência, Trump começou a regredir nos acordos internacionais.

Quando o Trump se retira, começa apresentar nova proposta para região que é, pressionar o governo do Irã e aguarda uma contradição.

Precisamos pensar qual é a razão desse evento: assassinar um braço dentro do Iraque. Por que só agora ele foi assassinado? Qual trunfo de informação que o governo dos EUA tem diante da possível retaliação do Irã que poderia aumentar a vulnerabilidade do estado Iraniano? É um cálculo difícil. Nós, do outro lado do mundo só acompanhamos, mas podemos dizer que os EUA estão tentando criar um espaço para que o Irã se contradiga em possível retaliação. Mas é um risco alto.

MICHEL ALABY: O Irã é um grande comprador de proteínas e açúcar. Vendemos mais de 1 bilhão de dólares para o Irã. Não acredito que um posicionamento a favor de Trump possa trazer consequências imediatas para o Brasil. Não esqueçamos que o presidente Trump e candidato à reeleição e criou um fato que o ajuda internamente.

Quais possíveis alvos de ataques do Irã?

PEDRO NEVES: Não dá para apresentar certezas sobre os próximos movimentos. O que foi pontuado pela liderança iraniana é que haverá retaliação. Se a gente observar o padrão de comportamento das retaliações, a gente pode esperar algo vinculado à embaixadas ou representação diplomática dos EUA, tanto na região, quanto fora. Se a gente pensar na representação do EUA, os alvos podem ser executados por aliados iranianos.

MICHEL ALABY: Acredito que podem ser as  bases americanas nos países próximos, tais como a Arábia Saudita, Bahrain e Catar. Mas são hipóteses. Não convém adiantar os fatos.

O ataque pode provocar o fechamento o Ormuz e trazer consequências para a produção e distribuição de petróleo no mundo?

PEDRO NEVES: O que acompanhei foi movimentação de tropas, nenhum tipo de circulação de navios, não teve nenhum tipo de manifestação iraniana neste contexto. Mas há um risco. Estamos todos em stand by, acompanhando.Agora é tudo especulativo, a produção e distribuição de petróleo é constante e este ataque faz com que principais investidores atuem de forma ofensiva, tanto que, se observarmos os índices vemos uma variação desigual. Esta é uma questão sensível para todos, pode gerar efeitos negativos inclusive para os envolvidos.

MICHEL ALABY: Traria problemas para a passagem dos navios. O preço do petróleo dispararia. O Brasil e produtor também, a Venezuela, a Rússia, a Nigéria, entre outros países fora do conflito. Logicamente, traria consequências para o preço do combustível no Brasil, principalmente do diesel e da gasolina.

https://www.otempo.com.br/mundo/especialistas-nao-acreditam-em-3-guerra-mundial-por-causa-de-ataque-ao-ira-1.2280732

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Brasil pode abrir Mercosul para o mundo

Pauta de possíveis negócios é grande e mais diversificada do que pode parecer num primeiro momento.

Michel Alaby, O Estado de S.Paulo

31 de dezembro de 2019 | 05h00

Mercosul foi criado em 1991 com o objetivo de integrar Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai economicamente. A ideia central era aprofundar essa integração, para um dia ter no Cone Sul o Mercado Comum do Sul. Em 1995, iniciaram-se a zona de livre comércio e a união aduaneira, sempre inspiradas na experiência da Comunidade Econômica Europeia.

Não vou entrar, aqui, em detalhes sobre o que deu certo na ideia, o que não deu e o que parece uma distante utopia. Mas, sim, no grande ganho que ela pode trazer para um futuro muito mais próximo do que parece. O Mercosul é uma importante porta de entrada para negócios com União Europeia (UE), EUA, países do Sudeste Asiático, entre outros. E o Brasil pode ser o grande protagonista dessas possíveis negociações.

Comparados a nossos vizinhos, temos uma economia estável, uma política sem grandes solavancos, como insurreições ou convulsões sociais, e, principalmente, um cenário futuro mais promissor. Além disso, somos parceiros comerciais e destino dos investimentos dos grandes players do mercado internacional há décadas.

Para ter ideia do potencial de negócios, em outubro, durante a Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (CI19), o presidente nacional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, apresentou estudo da entidade que prevê impacto acumulado de aproximadamente US$ 79 bilhões na economia brasileira até 2035, em decorrência do acordo Mercosul-União Europeia. Os objetivos seriam o comércio de produtos do agronegócio do Mercosul e de bens industrializados europeus. Se acordos semelhantes forem fechados com EUA, China e Japão, além dos países árabes, esses valores podem mais que triplicar.

E todos esses grandes players olham o Mercosul com interesse. No Brasil, por exemplo, o agronegócio ainda é o setor mais promissor. Por isso, China e Japão são dois grandes interessados em aportar recursos no transporte sobre trilhos – um investimento em logística e infraestrutura que tornaria nossos produtos agropecuários ainda mais competitivos.

O Brasil já alinhava, juntamente com a Argentina, um acordo de livre comércio com os EUA. Mas a recente troca de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o novo governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner levantou receios de que as relações com a Argentina possam ficar estremecidas. Ou, ainda, que interfira no acordo do Mercosul com a União Europeia.

Cabe um alerta: não se pode deixar que ideologias e simpatias políticas interfiram nas relações diplomáticas e econômicas entre Argentina e Brasil, que há décadas têm cada vez mais integrado suas economias.

A pauta de possíveis negócios é grande e mais diversificada do que pode parecer num primeiro momento. Além de produtos do agronegócio, em que os países do Mercosul são competitivos (ou têm vocação para sê-lo), os países do Oriente Médio, por exemplo, têm interesse na compra de manufaturados e serviços, além de ver na região um possível destino para seus investimentos. Há anos já existem negociações, que não avançaram, com o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo, do qual fazem parte Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Omã, Catar e Kuwait.

Mas, mais importante que alinhavar parcerias e acordos, acenando com a possibilidade de ganhos, é dar garantias. É preciso minimizar os riscos e diminuir a percepção de que os países do Mercosul, incluindo o Brasil, são complicados para fazer negócios. De nada adianta haver interesse do mundo no Mercosul se os países do bloco não promoverem a segurança jurídica nos contratos e na questão tributária, além das necessárias reformas econômicas para tornar os negócios instalados em seus territórios mais competitivos internacionalmente. Para que os investimentos venham, essa é a lição de casa principalmente para Brasil e Argentina.

 

investimento chinês no Brasil

Como atrair Investimento chinês para a sua empresa

O investimento chinês no Brasil é de cerca de 80 bilhões de dólares, feito por mais de 300 empresas chinesas, das quais vinte e cinco estão entre as 500 maiores do mundo.

 

O dinheiro chinês é percebido no Brasil através de marcas cada vez mais familiares aos consumidores brasileiros, como a CAOA Chery, Jac Motors, Lifan e BYD, montadoras que já têm fábrica no país, assim como a Gree, maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do mundo.

 

Além da presença dessas marcas globais, espera-se grandes aportes de dinheiro chinês em diversos setores da nossa economia, como:

  • Projetos de infraestrutura, especialmente transporte sobre trilhos.
  • Mineração
  • Agricultura
  • Geração e transmissão de energia

 

Mas os grandes projetos não são os únicos setores em que os investidores chineses têm aportado recursos no mercado brasileiro. Qualquer projeto, mesmo menor, mas com potencial de crescimento e lucro pode ser do interesse de empresários e fundos de investimento chineses, já que a aproximação econômica da China com o Brasil só tem crescido na última década.

Entenda porque esse é um movimento que deve ser observado com atenção por empresários e gestores de empresas brasileiras.

 

Investidores chineses podem ser aliados na internacionalização de empresas brasileiras

 

O crescente processo de abertura econômica do Brasil exigirá das empresas brasileiras a ampliação de sua competitividade, tanto para disputar mercados externos, como para manter suas participações no mercado doméstico, que pode ter a entrada de novos concorrentes.

Para poder enfrentar esse processo de internacionalização, é necessário investimento em tecnologia, capacitação de mão-de-obra, e desenvolvimento de produtos. E da mesma maneira que a competição acirrada pode vir do exterior, de lá também pode vir o capital para que as empresas brasileiras precisarão. E os investidores chineses têm se mostrado fortes candidatos a fornecer esse capital.

 

Fusões e Aquisições de Empresas brasileiras por chineses

Um movimento que já se iniciou, e terá cada vez mais impacto na economia brasileira, será a fusão ou aquisição de empresas brasileiras, ou estrangeiras que atuam no Brasil, por investidores chineses, em parte ou na totalidade do controle.

Só para dar dois exemplos de como qualquer setor pode ser do interesse de investidores, em 2017 a Concremat, maior empresa de engenharia consultiva do Brasil, teve seu controle acionário adquirido pela CCC (China Communications Construction Company), assim como a 99, startup brasileira de tecnologia foi adquirida pela empresa chinesa de transportes Didi Chixing.

Embora ainda exista uma certa resistência cultural a essa forma de atrair o investimento estrangeiro para o Brasil, é inegável que é uma forma de manter as empresas brasileiras competitivas e saudáveis, o que ajuda a criar e manter empregos no Brasil.

 

Mudança na legislação de propriedade de terras atrairá investimentos

Uma das grandes oportunidades para atrair investidores chineses, especialmente para o agronegócio, será uma alteração na legislação, atualmente em discussão no legislativo, que regula a posse de terra por estrangeiros no Brasil.

Esse assunto já foi alvo de grande polêmica no passado, mas os eventuais temores de “desnacionalização de terras” ou coisa semelhante não se justificam.

Existem no Brasil pouco mais 3.6 milhões de hectares, divididos em aproximadamente 28.000 propriedades, em nome de estrangeiros, pessoas físicas e jurídicas. Essa área, que equivale à do estado do Rio de Janeiro, é praticamente a mesma desde 2010.

Isso não teve nenhum efeito negativo sobre o agronegócio brasileiro, que é cada vez mais competitivo. E pode ser muito mais, se o capital estrangeiro tiver menos empecilhos para investir no Brasil.

 

 

 

Como atrair investidores chineses para o seu negócio?

 

Para atrair investidores chineses, é importante tentar enxergar da perspectiva deles, identificando onde eles podem perceber valor nas empresas brasileiras, e assim, considera-las como uma possibilidade de investimento.

 

Empresas brasileiras para abastecer o mercado chinês

 

Fornecer para o mercado chinês é um grande negócio. A China é uma voraz compradora de praticamente tudo para atender ao seu enorme mercado interno, e no caso do Brasil, especialmente de commodities, como produtos do agronegócio, especialmente soja e milho, e minério de ferro.

Então, em um primeiro momento, não só a produção desses bens, como tudo o que faz parte da sua cadeia de valor, como a estrutura logística, que inclui estradas, transporte sobre trilhos e portos pode ser do interesse dos investidores chineses.

Mas futuramente, nada impede uma empresa brasileira que produza com qualidade e custos competitivos de fornecer também para o mercado chinês, pois ao contrário do que muitos pensam, apesar de produzir e exportar muitos produtos manufaturados, a China também é uma grande importadora desses produtos.

 

Empresas brasileiras voltadas para o mercado interno

 

O segundo fator de atração do dinheiro chinês é o investimento pensando no próprio mercado brasileiro, que já é grande e tem o potencial de crescer ainda mais, aumentando o seu consumo de uma série de bens e serviços.

 

Empresas brasileiras que exportam para Mercosul e América Latina.

 

A terceira razão que pode atrair investidores chineses ao Brasil é o interesse não somente no mercado brasileiro, mas no dos países vizinhos, principalmente os do Mercosul. De todos os países da região, o Brasil é o que oferece as maiores possibilidades de ganho comparadas aos menores riscos.

 

Como se apresentar ao investidor chinês?

 

Da mesma maneira que existem os fatores que atraem os investidores estrangeiros, existem aqueles que os deixam receosos. E novamente, é preciso tentar se pôr no lugar do candidato a investidor, para entender como ele percebe os eventuais empecilhos. E saber como dar as respostas certas a essas dúvidas.

No caso do Brasil, um dos maiores problemas é a fama de ser um país complicado para se fazer negócios, com um sistema tributário e legal complexo, difícil de entender, e uma forma de trabalho sujeita à influência de grupos de interesse, entre outros fatores.

Para tornar sua empresa atraente ao capital chinês, não é necessário somente ter seus processos de compliance em dia. Agrega muito valor aos olhos do investidor estrangeiro ter na casa os conhecimentos e competências para lidar com todos os aspectos do chamado “custo Brasil”, mostrando que conhece todos os eventuais problemas, e os caminhos para superá-los.

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