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As visitas do presidente lula à China e aos Emirados Árabes Unidos

As visitas do presidente Lula à China e aos Emirados Árabes Unidos, com uma comitiva de autoridades e empresários se mostrou positiva do ponto de vista econômico, visto  que a China é o principal parceiro comercial do Brasil, destino de aproximadamente 25% de nossas exportações, e os Emirados Árabes Unidos são um país importante em uma região também muito relevante comercialmente para nós.

Para se ter uma ideia dessa relevância comercial, em 2022 as exportações do Brasil para os 22 países árabes alcançaram USD 17,74 Bilhões, uma alta de 23,06% em relação a 2021, sendo que os principais itens vendidos para eles foram açúcar, frango e minério de ferro.

Acordos comerciais fechados entre o Brasil e a China na visita de Lula

Na visita de Lula foram assinados 15 acordos em nível do governo federal e outros acordos em nível dos estados e do setor empresarial, e serão criados mecanismos para a facilitação do comércio entre os dois países. Um dos mais importantes é o acordo para certificações sanitárias e para entrada de produtos animais.

Foi assinado também um acordo com a Vale para a construção de uma ferrovia no Pará, um projeto que prevê um investimento de aproximadamente R$7,00 bilhões, além de vários acordos nas áreas de energia e construção de navios para o transporte de celuloses, assinado entre a brasileira Suzano e a empresa chinesa Cosco, e acordos para pesquisa, desenvolvimento e inovação, que devem beneficiar a indústria de manufaturados no Brasil.

Transações internacionais em moedas nacionais: Dólar, Real ou Renminbi?

Sobre o acordo financeiro para transações de comércio exterior e de investimentos em moedas nacionais dos dois países, Real e Renminbi, ao invés do Dólar, é absolutamente prematuro fazer qualquer previsão se vai, ou não, dar certo, pois depende essencialmente das empresas que atual importando e exportando, e da conversibilidade das moedas no futuro.

É evidente que a China tem uma visão, um planejamento estratégico de longo prazo, que inclui ter sua moeda como padrão de comércio internacional. Mas, para uma maior internacionalização de uma moeda, no caso, o Renminbi, elas deve se tornar mais conversível, ou seja, precisa ser aceita em qualquer banco dos países estrangeiros, além de destacar o fator estabilidade, que a torna mais atrativa quando um país quer formar reservas cambiais.

As reservas cambiais brasileiras, até 2022, eram formadas nas seguintes moedas:

dólar norte-americano: 80,34%

euro: 5,04%

renminbi (China): 4,99%

libra esterlina (Reino Unido): 3,47%

ouro: 2,25%

iene (Japão): 1,93%

dólar canadense: 1,01%

dólar australiano: 0,97%

Não há a menor dúvida de que a China, além de um parceiro comercial muito importante para o Brasil, tem um planejamento estratégico, e deve ser levada à sério em tudo o que se propõe a fazer.

Mas, independentemente disso, inclusive do quanto a economia do gigante asiático cresceu, uma mudança de padrão do uso de uma moeda internacional depende de mudanças que, se forem acontecer, ainda não estão claramente colocadas no horizonte visível. Convém se preparar para todas as possibilidades, observar e aguardar.

Acordos comerciais fechados entre o Brasil e a os Emirados Árabes Unidos na visita de Lula

Na viagem aos Emirados Árabes Unidos, foram reforçados laços econômicos e políticos na região, sendo que o fundo Mubadala assinou um acordo para produzir combustíveis limpos na Refinaria na Bahia.

Guerra na Ucrânia é questão complexa, em que o Brasil não tem como interferir

A guerra na Ucrânia é uma questão complexa, que envolve diretamente, a Ucrânia (obviamente), a Rússia, um país que é parceiro do Brasil no BRICS, e indiretamente a China, nosso maior parceiro comercial, os Estados Unidos, nosso segundo maior parceiro comercial, e praticamente todos os países da Europa. Muitos deles, também países com os quais o Brasil mantém excelentes relações diplomáticas e comerciais.

O conflito, que já se estende por mais de um ano, chegou a um status de impasse, que infelizmente, não tem um fim previsível no horizonte, sendo a única certeza a de que já causou profundas mudanças na geopolítica mundial.

Com sua tradição de neutralidade e pacifismo, além de diplomacia conhecida por sua competência e credibilidade, o Brasil poderia, sim, dar sua contribuição para um processo de negociação que leve ao fim do conflito. Mas seria prudente esperar um momento mais adequado para isso.

O papel internacional do Brasil

Não temos como interferir no conflito entre Rússia e Ucrânia nesse momento. Mas isso não significa nenhum tipo de complexo de vira-latas ou de falta de confiança nas capacidades e potencialidades do Brasil, porque temos condições de ser players mundiais em duas questões importantes para todo o planeta. A preservação do meio-ambiente e a segurança alimentar.

ESG e Segurança Alimentar são oportunidades de atrair investimentos internacionais

O mundo está em transformação e os padrões ESG (meio ambiente, sustentabilidade e governança) terão um peso cada vez maior nas relações internacionais e na destinação de investimentos.

O Brasil é um candidato natural a líder regional e mundial na questão ambiental, que é importante para o público e os tomadores de decisão das principais empresas do mundo. O atual governo deve buscar um posicionamento propositivo nessa área, colocando as necessidades de investimento para a preservação do meio ambiente, assim como as ações de governança para oferecer segurança aos investidores, garantindo relações equilibradas entre os países.

Brasil  pode se posicionar como garantidor da segurança alimentar

Outra grande oportunidade para o Brasil é que nossa imagem, no mundo, a Marca Brasil, é diretamente relacionada a “real food”, alimentos de boa qualidade. É uma excelente oportunidade para posicionar o Brasil não como um exportador, mas como o garantidor da segurança sanitária e alimentar de vários países, entre eles os do  Sudeste Asiático e Oriente Médio.

Oportunidades para as empresas brasileiras com as viagens de Lula

Cabe ao setor empresarial brasileiro avançar na presença constante no mercado chinês e no mercado árabe, aproveitando as oportunidades abertas pelo governo e incrementar nosso comércio exterior, investir nesses mercados e receber investimentos deles.  E às empresas brasileiras que ainda não  se prepararam para dar esse passo, fazê-lo o mais rápido possível.

Como dizia Peter Drucker: “ O futuro não se prevê, se cria”.

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