Acordo de compras governamentais OMC

O que empresas brasileiras precisam saber sobre o acordo de compras governamentais da OMC

As compras governamentais de qualquer país do mundo são um mercado cobiçado por empresas de todos os ramos de atividade. Apesar de ser um tipo de venda com muito mais regras e exigências do que normalmente ocorre no setor privado, e em que muitas vezes o preço conta muito e nem sempre a força das marcas faz diferença, todos querem participar. Afinal de contas, mesmo em um país mais pobre, trata-se de um orçamento que envolve valores muito altos.

Mesmo entre países de tradição econômica mais liberal, que são economias de mercado e estimulam a competição, compras governamentais são um mundo à parte, em que o protecionismo é praticado abertamente, sob as mais variadas justificativas, como mostrou a ordem executiva Buy American, um dos primeiros atos de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, criando uma reserva de mercado de 600 bilhões de dólares para as empresas americanas em produtos e componentes.

Com o objetivo de liberalizar um pouco esse mercado, e assim estimular o comércio internacional, foi feito na OMC – Organização Mundial do Comércio, o Acordo de Compras Governamentais (ACP),  um tratado plurilateral que conta inicialmente com 21 signatários, correspondendo a 47 países membros da OMC e representando um mercado potencial de US$.1,7 trilhão.

 

Países signatários do Acordo de Compras Governamentais da OMC

Armênia,

Austrália,

Canadá,

Coreia do Sul,

Estados Unidos,

Hong Kong,

Islândia,

Noruega,

Israel,

Japão,

Liechtenstein,

Moldova,

Montenegro,

Nova Zelândia,

Aruba,

Singapura,

Suíça,

Taiwan,

Ucrânia

União Europeia  (com 27 membros)

Reino Unido

O acordo de compras governamentais da Organização Mundial do Comércio tem também membros observadores como Albânia, Cazaquistão, China, Geórgia, Jordânia, Macedônia do Norte,  Omã, Rússia e Tajiquistão, os dois últimos em processo de acesso ao acordo.

Objetivos do Acordo de Compras Governamentais da OMC.

O objetivo do acordo é promover a abertura mútua dos mercados de contratações públicas dos países integrantes, o que ocorre mediante a cessão de compromissos nas áreas de procedimentos, não discriminação e acesso ao mercado. Mas ele permite incluir exceções pontuais às obrigações gerais, a fim de preservar políticas públicas em setores considerados estratégicos.

Vantagens do Acordo de Compras Governamentais da OMC.

Ao promover a abertura dos mercados de licitações tanto de países desenvolvidos, como em desenvolvimento, há benefícios para todos os signatários, que passam a licitar suas compras governamentais para um número maior de fornecedores em potencial, tendo acesso a custos mais baixos, e mais possibilidades em matéria de qualidade e tecnologia.

Além de aumentar as chance que os cidadãos desses países recebam serviços públicos mais baratos e de melhor qualidade, há o benefício do aumento de investimentos estrangeiros diretos, que acabam influenciando para quebrar paradigmas e até preconceitos em relação a isso, resultando em alterações positivas na regulamentação, como maior segurança jurídica e da transparência nas operações de seus negócios.

 

A Participação do Brasil no acordo de compras governamentais da OMC

O mercado de compras governamentais brasileiras é estimado em 157,4 bilhões de dólares por ano, em épocas normais. Desse total, o Governo Federal faz 45% das aquisições, os Estados, 25% e os municípios, 30%.

Para se tornar membro do acordo, o Brasil fez uma oferta inicial para empresas estrangeiras poderem participar de licitações e acessar esse mercado, vendendo ao setor público brasileiro, em patamares entre US$ 186 mil e US$ 572 mil para as compras de bens e serviços e de US$ 7.150 milhões para serviços de construção.

Perto do tamanho do nosso mercado de compras do setor público, são valores relativamente modestos. Mas eles podem ser revistos, ampliando a abertura brasileira a fornecedores estrangeiros para compras governamentais,  dependendo do que os parceiros do acordo ofereçam em contrapartida. Independentemente de uma visão mais liberal, ou desenvolvimentista, sobre o assunto, as negociações sobre esse tema devem ser pragmáticas.

Comprar governamentais brasileiras que não entram no acordo da Organização Mundial do Comércio.

Na participação brasileira no acordo da OMC de compras governamentais , há as seguintes exceções:

Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),

AEB (Agência Espacial Brasileira),

CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Além dessas exceções, serão excluídas as compras de serviços relacionados à tecnologia da informação, como criptografia,  feitas pela Presidência da República, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça.

 

Vantagens e desvantagens para o Brasil do acordo de compras governamentais da OMC.

Perto do volume das compras do setor público brasileiro, os volumes permitidos a empresas estrangeiras pelo acordo de compras governamentais da OMC ainda são modestos, sem dúvida.

Mas a mera permissão da participação de estrangeiros já é positiva, pois as regras de compliance que muitas dessas empresas são obrigadas a seguir em seus países de origem podem contribuir para oxigenar um mercado que muitas vezes é cartelizado, ou envolve transações nebulosas, que frequentam o noticiário político e policial brasileiro com frequência muito maior do que gostaríamos.

Obviamente, as empresas brasileiras devem atentar também para o fato de que o acordo de compras governamentais da OMC não abre somente o mercado brasileiro para a atuação de estrangeiros. Ele também abre o mercado de compras governamentais de outros países para a atuação de empresas brasileiras, que caso ainda não sejam internacionalizadas, devem se passar por esse processo para atuar com mais eficiência.

Não basta ter a permissão legal de participar de um mercado. Para ser bem-sucedido nele, é preciso ser competitivo, do contrário, tal participação será apenas para “cumprir tabela”.

Malásia bons negócios

Malásia oferece oportunidades de bons negócios para empresas brasileiras

A balança econômica do planeta está pendendo para o Sudeste Asiático, e todas as empresas brasileiras que já atuam internacionalmente, ou têm pretensões de se internacionalizar, deveriam prestar atenção à Malásia, um dos países mais promissores, e com oportunidades de bons negócios, naquela região.

 

A Malásia faz fronteira com Brunei, Indonésia e Tailândia e possui uma localização geográfica estratégica, ao longo do Estreito de Malaca e no Sul do Mar da China Meridional. Grande parte da população do país (77%) encontra-se em áreas urbanas, sobretudo na capital, Kuala Lumpur.

 

A Malásia é uma sociedade plural e multicultural, formada por povos que etnicamente são malaios, chineses e indianos.  Os malaios são a maior comunidade, atingindo 60%  da população do país, e são em sua maioria, muçulmanos. Os chineses correspondem a 25% da população e são budistas, taoístas ou cristãos. Os indianos formam 10% da população e são budistas e muçulmanos. Os 5% restantes da população são compostos por euroasiáticos, vietnamitas, cambojanos e outros povos nativos da região.

 

A Economia da Malásia

 

O PIB da Malásia é de US$ 399 bilhões (2019) e a população malaia é de 32.652 milhões de habitantes (2020), sendo um país muito rico em recursos naturais como estanho, petróleo, madeira, cobre, minério de ferro, gás natural e bauxita, mas sem depender unicamente deles para movimentar sua economia.

 

Ciente de que depender unicamente da exportação de commodities tornava a economia da Malásia vulnerável às variações de preços e quedas de demanda, o governo malaio incentivou uma série de mudanças estruturais a partir da década de 1970, que transformaram  Malásia de um produtor e exportador de matérias primas em uma economia multissetorial.

 

Entre os anos de 2009 e 2018, o governo da Malásia buscou atrair investimentos em tecnologia de ponta, indústrias com alto valor agregado e serviços, através de uma série de projetos e políticas direcionadas à aceleração do crescimento econômico, impulsionando a demanda doméstica e reduzindo a dependência das exportações. A estratégia deu certo, e a demanda interna permanece como âncora para o crescimento da economia malaia, sendo que o consumo privado representa 53% do PIB da Malásia.

 

Tratados Internacionais de que a Malásia participa

 

Junto com outros nove países membros,  a Malásia estabeleceu a Comunidade Econômica da ASEAN em 2015, visando promover a integração econômica regional. Ademais, em novembro de 2020, o país assinou o acordo Parceria Econômica Regional AbrangenteRCEP, o qual eliminará tarifas de importação entre os signatários pelos próximos 20 anos e cujos membros somam quase um terço da população mundial e 29% do PIB do planeta.

 

Produtos exportados pela Malásia

 

A diversificação da economia malaia se reflete na sua pauta de exportação, que também é bastante diversificada, indo desde commodities até itens de tecnologia, com alto valor agregado, a commodities. Os principais produtos exportados pela Malásia são:

 

Semicondutores e equipamentos eletrônicos,

Óleo de palma

Madeira e derivados

Gás natural liquefeito

Borracha

Têxteis

Produtos químicos

Painéis solares.

 

Principais destinos das exportações da Malásia.

 

Singapura

China

Japão

Estados Unidos

Tailândia

Hong Kong

Índia

Austrália.

 

 

Produtos importados pela Malásia

 

A diversificação da economia da Malásia, e sua vocação para privilegiar o consumo interno também reflete nas pauta de importações. Os principais produtos importados pela Malásia são:

eletrônicos

máquinas

derivados de petróleo

plásticos

veículos

produtos de ferro e aço

produtos químicos

 

Países de Origem das importações da Malásia

 

China,

Singapura,

Japão,

EUA,

Tailândia,

Indonésia

Coreia do Sul.

 

 

 

As relações comerciais Brasil – Malásia

 

Com relação ao Brasil, a Malásia, de janeiro a novembro de 2020, teve um superavit de US$.1,786 bilhão, sendo as exportações brasileiras de US$.985 milhões e importações de US$.2,771 bilhões. O Brasil está em 18o. lugar como parceiro comercial nas exportações e 27o. lugar nas importações.

 

Principais produtos exportados do Brasil para a Malásia

 

Minérios

Escórias e cinzas

Cereais

Combustíveis minerais

Óleos minerais e produtos da sua destilação

Materiais betuminosos

Ceras minerais

Algodão

Açúcares e produtos de confeitaria

Carnes e miudezas

Comestíveis

Ferro e aço

Obras de ferro fundido

Café

chá- mate e especiarias

Borracha e suas obras.

 

Principais produtos importados da Malásia pelo Brasil

 

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos e suas partes,

aparelhos de gravação ou de reprodução de som,

aparelho de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão e suas partes e acessórios:

máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes: 

 

O que é importante para as empresas brasileiras

Impulsionado pela ascensão da China, o Sudeste Asiático será uma das regiões mais prósperas do planeta, que irá comprar e vender para todos os lugares do mundo. Será importante para o Brasil estar presente lá, política e diplomaticamente falando. E as empresas brasileiras, propriamente ditas, para exportar e importar. E a Malásia é uma localização privilegiada na região, pela competitividade de sua economia e receptividade ao investimento estrangeiro.

 

Para as empresas brasileiras, já internacionalizadas ou com intenção de fazê-lo, a maior chance de fazer bons negócios, e ganhar dinheiro, é estar presente onde as coisas vão acontecer.