internacionalização de startups

Internacionalização de Startups: O que você precisa saber

Quando se fala em internacionalização de startups, quais as grandes vantagens competitivas, e os cuidados necessários? Expandir os negócios em novos mercados, adquirir novas tecnologias , que geralmente surgem primeiro no exterior, ou captar investimento estão entre as razões para que muitas startups, quando iniciam suas operações, enxerguem na internacionalização uma oportunidade, ou mesmo a incluam em seus planos de negócio desde o início.

 

Para ajudar os empreendedores a transformar boas ideias em negócios rentáveis tanto no mercado brasileiro, como no externo, e evitar que percam tempo e dinheiro por erros de avaliação, ou dificuldades operacionais causadas por desconhecimento do mercado externo, que poderiam ser evitadas, preparamos essa postagem sobre a internacionalização de startups.

 

Startups têm vocação natural para atuar em um mundo globalizado

 

Comparadas a negócios que nasceram de uma maneira menos planejada, mais “orgânica”, startups têm a vantagem de muitas vezes já terem em seu DNA um modelo de negócios global, o que significa que para atuar em outros mercados elas precisam de poucas adaptações, em seus produtos ou serviços, o que economiza tempo e esforços.

 

 

vantagens da Internacionalização de startups

 

 

Adquirir novas tecnologias

 

Tecnologia é um grande diferencial competitivo em qualquer ramo de atuação. No caso das Startups, muitas são empresas 100% baseadas em aplicação de tecnologia, com serviços baseados em aplicativos.

Quando elas passam por um processo de internacionalização, e podem acessar os mercados externos onde boa parte dos avanços tecnológicos são gerados, elas conseguem uma grande vantagem competitiva.

 

Facilidade de exportar serviços

 

Não é novidade para ninguém que o Brasil tem uma grande desvantagem competitiva, que atinge empresas de todos os tamanhos, que é a precariedade da nossa infraestrutura logística e complexidade tributária. Mas quando se fala de empresas de tecnologia, não somente elas têm um regime de exportação de serviços específico, o REPES, como não dependem da nossa infraestrutura física.

 

 

Captar investidores estrangeiros

As startups que já nascem com o a globalização no DNA, têm maior chance de captar investidores no exterior, porque eles podem estar pensando não somente nas oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro, mas também na implementação do produto em outros mercados.

 

Mas para isso, nem sempre basta ter uma boa ideia ou um bom produto pronto. É importante a startup estar adequada ao sistema de trabalho desses investidores, porque eles têm regras muito rigorosas, não bastando apresentar cases de sucesso ou estimativas de lucro otimistas para conseguir recursos estrangeiros.

 

 

Constituir empresa no exterior.

 

Na condição de país emergente, o Brasil muitas vezes não é visto como um destino seguro para investimentos, por uma série de razões. E da mesma maneira que desejam o maior retorno possível, os investidores desejam mais garantias e menos riscos.

 

Então, investidores e fundos de investimento que têm um perfil mais sofisticado,  como por exemplos, os fundo soberanos, que administram recursos oriundos da riqueza de países inteiros, têm preferências, ou mesmo regras, de não realizar investimentos em mercados locais ou emergentes, optando por locais onde tenham mais confiança e estejam familiarizados com as regras.

 

Então, muitas startups de países emergentes, como estratégia de internacionalização  costumam constituir offshores em jurisdições como as Ilhas Cayman ou o estado americano de Delaware, que tem legislações favoráveis e tributação mais baixa, e os investidores internacionais se tornam acionistas diretos dessas offshores que se tornam holdings, investindo indiretamente na empresa brasileira, no nosso caso.

 

 

Cuidados a serem observados na Internacionalização de startups

Fatores culturais

Aprender sobre os costumes dos mercados em que se pretende investir, entendendo as semelhanças e diferenças culturais que possam influenciar o comportamento dos consumidores nesses mercados.

 

Línguas

Dar preferência a mercados cujas lingas faladas já sejam do domínio das pessoas da empresas. Lembre-se que são poucos os países do mundo onde se fala português. Se as pessoas de sua equipe já falam inglês, francês, espanhol ou mandarim, as  línguas de maior uso no mundo dos negócios, isso é positivo mas lembre-se de que isso só é útil para a comunicação entre executivos, com seus eventuais parceiros nesse mercado.

 

É muito importante que seu produto ou serviço esteja traduzido para as  línguas de uso local, especialmente se se tratar de um produto de tecnologia, como um aplicativo, cuja instalação e uso muitas vezes são feitas sem o auxílio de um executivo de vendas. Não economize na tradução. Se possível, envolva um falante nativo da língua do mercado para o qual você quer vender.

 

Câmbio Real x Dólar x Moeda Local

 

Preste atenção às diferenças cambiais. Dê preferência aos países onde elas são historicamente atrativas, se comparadas ao Brasil.

 

Tamanho do mercado, concorrência e potencial de vendas

Analise o tamanho do mercado, o potencial de vendas e quem são seus concorrentes diretos e indiretos. Que market share você terá de conseguir para chegar ao volume de vendas que você espera para o investimento dar retorno. E quais movimentos os concorrentes já estabelecidos no mercado podem fazer para não perder participação para você.

 

Infraestrutura e situação social, política e econômica

 

Potencial de lucro não é tudo. Existem riscos que vão além do negócio em si, como agitações políticas e sociais, ou crises econômicas. O quanto o mercado em que você quer investir está sujeito a esses acontecimentos?

 

Ter um plano de marketing

 

Se o seu objetivo é vender para outros países, a internacionalização garante apenas que você terá acesso àqueles mercados. A decisão de comprar, ou não,  seu produto ou serviço, seja ele B2B ou B2C é do consumidor. Tenha um plano de Marketing.

 

Analise o ROI (Return  on Investment) esperado, e garanta que você tem fundos suficientes para esperar o retorno do investimento acontecer.

 

Case de sucesso de internacionalização de uma startup brasileira

Existem vários casos de startups brasileiras que  se internacionalizaram, mas o mais  famoso é o da 99 Taxis, que teve seu controle acionário adquirido pela empresa chinesa Didi Chuxing, uma concorrente do Uber  em 2018 por um valor não confirmado, mas que se sabe que foi em torno de  US$ 1 bilhão, que garantiu à empresa brasileira a musculatura necessária para enfrentar seu maior concorrente.

 

Conclusão

 

Um dos fatores que fazem o sucesso de uma startup é ela oferecer ao mercado formas de as pessoas fazerem o que já fazem de uma maneira mais eficiente e barata. Ou até de uma completamente nova, criando novos usos e costumes nos consumidores.

 

Se você tem uma ideia assim, acredite nela e vá em frente. E se acredita também que mercados promissores ou investidores dispostos a acreditar na sua ideia podem estar fora das fronteiras do Brasil, não desperdice essa boa ideia. Procure a ajuda de um especialista em internacionalização.

internacionalização PME

Internacionalização de pequenas e médias empresas -PMEs. O que você precisa saber

 Ganhar dinheiro no mercado exterior não é uma exclusividade das grandes empresas. Negócios menores também podem obter lucros consideráveis importando ou exportando, além de ganhos indiretos  em termos de eficiência operacional e até marketing. Por isso, vamos falar das vantagens na internacionalização de pequenas e médias empresas, – PMEs, e dos cuidados que elas precisam tomar para a estratégia ser bem-sucedida no curto, médio e longo prazos.

 

Porque pequenas e médias empresas devem se internacionalizar

A vantagem da internacionalização de pequenas e médias empresas é primeiramente de diluir riscos, não dependendo unicamente do mercado brasileiro, que muitas vezes é inconstante e exposto a crises de causas diversas.

Outra razão é elevar o seu nível de profissionalização e eficiência operacional. Ao passarem por um processo de internacionalização, pequenas e médias empresas ajustam seus procedimentos a padrões internacionais,  otimizando detalhes de suas operações em que normalmente não prestavam tanta atenção, conseguindo uma redução de custos que aumenta sua lucratividade.

Finalmente, temos um aspecto do marketing, que é a mudança na percepção de valor que os clientes do mercado interno tem sobre produtos ou serviços que são exportados.

 

Existe alguma diferença em relação às grandes empresas?

 

O processo de internacionalização de pequenas e médias empresas, ou de  microempresas, não tem grandes diferenças em relação ao que acontece com as  grandes empresas do ponto de vista conceitual. O objetivo é poder comprar melhor, no caso de quem importa, e vender melhor, no caso de quem exporta, embora a grande maioria das pequenas empresas comece seus processos de internacionalização exportando.

 

Em relação ao valor do investimento e prazo de retorno, sempre se recomenda prudência, optando pela modalidade  indireta de exportação e importação, que exige  menos capital. E, embora possa acontecer de o tempo de retorno ser menor do que se espera, sempre se recomenda dar passos do tamanho da perna, e encarar a decisão de buscar o mercado externo como uma estratégia de longo prazo.

 

Burocracia e tributação

 

Pequenas e médias empresas que exportam têm benefícios garantido na  Lei 147/2014, que alterou o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, permitindo que elas acessem o mercado externo por meio de procedimentos simplificados de habilitação e despacho aduaneiro e pelo Simples Exportação, regulamentado pelo Decreto nº 8.870, de 5/10/2016 e pela  Instrução Normativa 1.676, de 06/15/2016.

 

Esse decreto também criou a figura do operador logístico internacional, uma pessoa jurídica que pode ser contratada por uma empresa que adota o  Regime tributário do Simples Nacional, e habilitado junto à Receita Federal, pode realizar as seguintes operações de exportação:

Habilitação

Licenciamento administrativo

Despacho aduaneiro

Consolidação e desconsolidação de carga

Contratação de seguro

Câmbio

Transporte e armazenamento de mercadorias objeto da prestação do serviço.

 

Fatores de atenção na internacionalização de pequenas e médias empresas

 

A internacionalização abre grandes oportunidades de negócios para as PMEs, e no longo prazo, elas ficam menos vulneráveis às intempéries da economia brasileira. Mas existem pontos que precisam ser ponderados para transformar oportunidades em resultados, como:

 

Conhecimento sobre os mercados em que se pretende atuar.

 

Para ter sucesso nos mercados externos, é importante ter informações como a legislação de cada país e o nível de concorrência do mercado, ou nicho ou segmento em que se pretende atuar. Saber se é um mercado pulverizado, com muitos concorrentes, ou se já existe uma empresa ou marca dominante é fundamental para elaborar sua estratégia de entrada.

 

Comportamento do consumidor

 

Vivemos hoje em um mundo globalizado, com marcas e símbolos sendo conhecidos mundialmente, principalmente através da internet. Mas isso não significa que consumidores de países diferentes necessariamente pensem ou ajam de maneira igual.

É importante conhecer as características socioculturais de cada país, e estar pronto e aberto para fazer adaptações em seu produto ou serviço.

 

Capacidade de Investimento em produção

 

Quando buscamos clientes no exterior, sempre é possível que apareçam muitos compradores para  grandes volumes, ou ainda um grande comprador para um grande volume. Produzir para atender a essa demanda requer um investimento antecipado, que as micro, pequenas e médias empresas devem analisar cuidadosamente se têm condições de fazer.

 

Capacidade de investimento em tecnologia e mão de obra

Muitas vezes, para poder ser competitivo no mercado de outros países, é necessário investir em mão de obra ou em atualização tecnológica. As micro, pequenas e médias empresas devem avaliar cuidadosamente como e onde podem adquirir essas competências e/ou equipamentos, e qual o tamanho do investimento necessário.

 

Investimento em adaptações

 

É importante que as Micro, Pequenas e Médias empresas tenham em mente que o retorno de um processo de internacionalização vem a longo prazo. Então, caso decidam fazer os investimentos em adaptações, devem fazer sua engenharia financeira levando esse fato em consideração.

 

 

Capital de Giro

 

Além do volume de investimento em si, as micro, pequenas e médias empresas devem avaliar se tem o capital de giro necessário para suportar prazos de pagamento mais longos, inclusive levando em conta as eventuais necessidades de investimento que já colocamos.

 

Vulnerabilidade a flutuações no câmbio.

 

O brasil adota o regime de câmbio flutuante. Isso significa que, tanto influenciado por fatores internos, quanto externos, a cotação entre o Real e o Dólar, ou o Euro, que são as principais moedas utilizadas nas transações de comércio exterior podem sofrer variações imprevisíveis.

Concentração de riscos

Diz a sabedoria popular que não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta. Isso também vale para a internacionalização Micro, Pequenas e médias empresas. Um dos principais ganhos do processo de internacionalização é diluir os riscos, diminuindo a dependência do mercado brasileiro.

 

Mas, da mesma maneira, deve-se tomar cuidado para não depender unicamente de um único outro mercado, trocando uma concentração de riscos por outra.

 

Como evitar a concentração de riscos

 

Na realidade das micro, pequenas e médias empresas, a melhor maneira de se evitar a concentração de riscos é manter uma proporção segura em relação a quanto um único mercado no exterior representa proporcionalmente na receita e nos lucros da empresa, evitando a situação de ter um cliente que, se por alguma razão começar a compra menos, ou parar de comprar, isso comprometa a continuidade da empresa.

 

Quanto as Pequenas e Médias Empresas brasileiras exportam

 

Colocada uma perspectiva realista dos riscos que precisam evitar e dos ganhos que podem ter,

Segundo o Sebrae, em 2019, portanto, antes da pandemia de Covid-19 criar uma situação totalmente anormal, 40% das empresas exportadoras brasileiras eram micro e pequenas empresas, que venderam US$1.239 milhões para o exterior.

 

Embora seja um volume pequeno, quando colocado em comparação com os US$ 225,4 bilhões de exportações total do Brasil no mesmo período, há razões para as pequenas e médias empresas brasileiras prestarem atenção ao mercado externo e incluírem a internacionalização como uma de suas estratégias no momento de retomada das atividades, porque talvez outros países se recuperem mais rapidamente, e  seus mercados estarão compradores.

 

O que as pequenas e Médias empresas  brasileiras exportam

Em 2019, aproximadamente 8.3 mil PMEs brasileiras exportaram, sendo que elas se dividem da seguinte maneira, por ramo de atuação:

Industrial – 47,10%

Comercial – 41,20%

Agropecuário – 10,60%

Serviços – 1,10%

Vale destacar que, na realidade das grandes empresas, o volume mais significativo das nossas exportações são commodities, especificamente minérios e produtos do agronegócio. Mas entre as micro, pequenas e médias empresas, essa lógica se inverte, mostrando a  predominância de indústrias entre os exportadores, especialmente nos seguintes segmentos, divididos entre microempresas e pequenas e médias empresas:

 

Microempresas: Vestuário, calçados , pedras preciosas ou semipreciosas,

Pequenas e médias  empresas: Madeira serrada, obras de mármore e granitos e pedras preciosas.

Fatores de sucesso na internacionalização de pequenas e médias empresas

 

Para a internacionalização ser interessante para uma empresa pequena ou média, ela precisa ter definidos quais serão os seus fatores de sucesso e competitividade.

 

Como elas não tem o mesmo capital ou acesso a crédito que maiores tem, os dois principais acabam sendo uma estrutura enxuta, capaz de se adaptar rapidamente às necessidades específicas e a capacidade utilizar essa flexibilidade para serem competitivas em nichos de mercado específicos.

 

Capacidade de focar em nichos e segmentos específicos do mercado

 

Existem certos nichos e segmentos de mercado cujo volume de vendas não é atrativo para grandes empresas, mas que são bastante interessantes para as pequenas e médias, que podem obter margens de lucro consideráveis nesses mercados.

 

Estrutura ágil e enxuta

 

Empresas pequenas e médias conseguem fazer com rapidez e agilidade as adaptações que precisariam para atender a um cliente do mercado externo, inclusive, passar pele processo de internacionalização, quando identificam uma oportunidade de ganho.

 

Case de sucesso: A Indústria de Granito do Espírito Santo

 

A Indústria de Granitos do Espírito Santo é um case de sucesso. Não somente por ser um produto brasileiro reconhecido como de boa qualidade, mas por utilizar estratégias como a designação de origem para evitar a comoditização do produto, conquistando mercado em países Estados Unidos, México, Itália, Canadá, Colômbia, Argentina, Alemanha, Polônia e países árabes.

 

Esses granitos conseguiram esse espaço no mercado internacional por serem tão resistentes quanto  os granitos comuns, mas tendo cores e padrões que permitem que eles disputem a preferência de arquitetos e designers de ambientes desses países com o mármore, que é muito menos durável e resistente.

 

O que é interessante no case do granito do Espírito Santo é que entidades que representam as empresas do setor, como o Sindrochas, utilizam estratégias de marketing consistentes, como criar uma designação de origem de granito brasileiro, que funciona como uma marca que agrega valor ao produto, da mesma maneira que café colombiano, vinho chileno, e design italiano ou escandinavo.

 

 

Conclusão

 

O mercado externo oferece muitas oportunidades para as pequenas e médias empresas brasileiras, e a internacionalização oferece a elas a oportunidade de acessar mercados quer tendem a ser recuperar mais rapidamente que o Brasileiro.

 

Procurem empresas ou profissionais qualificados para fazer seus processos de internacionalização e aproveitar essas oportunidades.