Tendências comércio exterior e investimento

Tendências para o Comércio Internacional e investimento estrangeiro no Brasil em 2023

2023 começou com sinais conflitantes para a economia brasileira. Se por um lado terminou 2022 embalada por um crescimento do PIB de 3,1%, pelo outro, o ano começou conturbado por agitações políticas internas e notícias ruins sobre a governança de uma das maiores varejistas brasileiras. Mas para entender como o mundo vai influenciar o Brasil, vamos analisar as tendências para o comércio internacional e investimento estrangeiro no Brasil em 2023.

O governo brasileiro que acabou de assumir, por um lado terá de lidar com um ambiente externo conturbado por algumas situações às quais terá de se adaptar. Pelo outro, é inegável que assume com “experiência no ofício” e um recall de imagem que pode ajudar. Se souber passar a mensagem certa para o mercado, pode extrair ganhos até de situações adversas, aproveitando oportunidades no comércio e nos investimentos.

Entre as incertezas que se colocam para o comércio e os investimentos internacionais estão a continuidade da pandemia da COVID-19 , a guerra Rússia-Ucrânia, sem esperanças de término no horizonte, a desaceleração econômica global, em função das recentes elevações das taxas de juros na Europa e Estados Unidos, que correm riscos de redução das atividades e até de recessão, e a China, que também não tem expectativas de crescimento acelerado.

Mas vamos falar de quais são as expectativas para as exportações e o crescimento, bem como de cada um dos fronts em que o Brasil deve atuar para ter uma boa performance em abrir, ampliar ou apenas manter posição no comércio Internacional e atrair investimento estrangeiro em 2023.

As perspectivas para as exportações do agronegócios brasileiro em 2023

Com referência às exportações do agronegócio, a expectativa atual de safra recorde de grãos neste ano vai beneficiar o embarque de commodities agrícolas, com uma combinação de volume e câmbio, apesar de que há projeções que os preços das principais commodities devem sofrer uma queda neste ano.

Quanto o Brasil exportará e importará em 2023

As exportações brasileiras totais projetadas para 2023 estão estimadas entre US$.325 bilhões a US$.360 bilhões, enquanto as importações deverão chegar entre US$.250 a US$.300 bilhões. O superávit comercial estaria entre US$.60 a US$.75 bilhões.
Alguns especialistas estimam um cenário mais pessimista, de um superávit comercial de US$.50 bilhões.

Qual será a participação dos negócios internacionais no PIB em 2023

A contribuição do setor externo para o Produto Interno Bruto (PIB) está estimado entre 0,6 a 0,7 ponto percentual, para o crescimento do PIB ao redor de 3,2% estimado para 2022.
Para o ano de 2023, a estimativa de contribuição se reduz para 0,3 ponto percentual, metade do ocorrido em 2022. O PIB de 2023, segundo estimativas, crescerá entre 0,5% a 1,0%.

 

 

 

A China em 2023

As perspectivas em relação à China apresentaram uma leve melhora, com o FMI prevendo um crescimento de 5,2% para o gigante asiático em 2023. Parece pouco quando se compara com os números do crescimento chinês desde o início do século, mas uma boa notícia quando se leva em conta um horizonte mais curto, como 2022, em que a China cresceu apenas 3,0%, primeira vez em 40 anos em que ficou abaixo da média global.

O FMI entretanto, alerta que a retomada chinesa provavelmente não terá muito fôlego, tendendo a cair para 4,5% em 2024 e tendendo a se manter abaixo de 4% nos próximos anos, pela lentidão em realizar reformas estruturais e retomar seu dinamismo empresarial.

Por outro lado, nada indica que o gigante asiático pretenda frear o aumento de seu gasto militar, que em 2022 foi de 230 Bilhões de dólares, preocupando países como a Índia, Japão, Austrália e claro, os Estados Unidos, com quem continuará tendo atritos, inclusive por Taiwan, o que continuará estimulando o processo de reversão da globalização econômica e nacionalização ou regionalização continental das cadeias de produção.

 

Como serão as exportações do Brasil para a China em 2023

A maior parte das nossas exportações para a China estará concentrada em minério de ferro, enquanto as exportações de proteína animal e soja estarão mais retraídas. O ponto positivo é a grande possibilidade de maiores exportações de milho, com a abertura do mercado.

Perspectivas em relação aos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, nosso segundo parceiro comercial, comprador de produtos manufaturados e investidor no Brasil, há preocupação com a possível recessão, mas devemos continuar investindo neste importante mercado, porque não somente ainda é a maior economia do mundo, como é também o maior poder político.

Como serão as exportações do Brasil para países do Sudeste Asiático

As exportações do Brasil para países do Sudeste Asiático tiveram resultados surpreendentes em 2022, e eles continuam abertos às exportações brasileiras. Países como Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã são excelentes mercados para os produtos brasileiros, e é preciso investir neles.

Como serão as exportações do Brasil para países do Oriente Médio

No Oriente Médio e Levante, a demanda por alimentos continuará crescente, para garantir a  segurança alimentar e sanitária da população. Então, é estratégico para o Brasil ampliar os negócios com países do golfo arábico, como Arábia Saudita, Bahrain, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, que além de bons mercados para os produtos brasileiros, têm muito potencial de investimento através de seus fundos soberanos.

 

Como serão as exportações do Brasil para a União Europeia em 2023

Com a promessa do novo governo no que se refere à proteção ambiental, não somente há possibilidades concretas de aumentar as exportações do agribusiness para a União Europeia, como não haverá mais motivo plausível para que não seja destravado o acordo entre o Mercosul e o Bloco Europeu.

Como serão as exportações do Brasil para os países da África

No caso da África, há mercados já consolidados, como Egito, Nigéria e África do Sul, entre outros em que podemos crescer, como o Marrocos, que também apresentam oportunidades para exportação de máquinas e equipamentos, além das exportações tradicionais.

Como será a relação do Brasil com os países da América Latina

Há crises instaladas em vários países da América Latina nesse momento, inclusive o Chile,  que devem impactar negativamente nossas exportações de manufaturados, e espera-se que o Brasil volte a ter a liderança na região, que, reconheçamos, ficou em segundo plano nos últimos anos,  e que possamos aumentar o comércio entre os países.

Atração de investimentos estrangeiros para o Brasil em 2023

Em 2022 o Brasil também vinha de uma situação relativamente confortável no que se refere à atração de investimentos estrangeiros diretos (IDP), que somaram USD 77,1 bilhões, o correspondente a 4,9 % do nosso PIB. Isso se deveu tanto a algumas reformas liberalizantes que foram feitas, quanto a outros destinos, que seriam nossos concorrentes na atração desses investimentos, que não passam por um bom momento.

Os países do Leste Europeu, por exemplo, não são atrativos a investimentos estrangeiros nesse momento por causa da Guerra entre Rússia e Ucrânia. Já, os países da União Europeia, em razão do mesmo conflito, lidam com altas dos preços da energia, o que também assusta investidores, o que abre mais oportunidades para o Brasil.

Como o Brasil pode atrair mais investimentos estrangeiros em 2023

O Brasil pode atrair mais investimentos estrangeiros em 2023. Se nos basearmos no passado, é inegável que o Presidente Lula tem prestígio internacional, trânsito e carisma. E espera-se do novo governo que passe uma mensagem mais construtiva em relação ao meio-ambiente, já que os fundos de investimento estrangeiros tem critérios bastante rigorosos em relação ao ESG.

Há também, como já falamos várias vezes, as oportunidades trazidas pela desglobalização econômica, em que as cadeias de produção estão sendo retiradas de países da Ásia para serem realocadas em processos de nacionalização ou regionalização continental, o que é uma grande oportunidade para trazer algumas dessas cadeias para o Brasil ou o Mercosul, dando impulso à reindustrialização.

Como o Brasil pode atrair mais investimento estrangeiro e aumentar o comércio internacional. 

Como já falamos anteriormente, existe hoje uma conjuntura internacional que torna o Brasil comparativamente mais atraente que outros destinos para investimentos estrangeiro. Mas uma economia do tamanho da brasileira, com uma população, e um mercado consumidor potencial, de 220 milhões de pessoas não pode se contentar em ser destino preferencial de investimentos somente quando outros destinos estão com problemas.

É preciso ter estratégia!

Para efeitos de curto prazo, é recomendável empreender novas missões comerciais e participar de feiras e exposições internacionais, para aumentar a nossa participação no mercado mundial.

Pensando no médio prazo, mas começando imediatamente,  é necessário fazer as chamadas reformas estruturais, como a administrativa, tributária e política, reduzindo a burocracia, e melhorando a performance dos acordos comerciais, aumentando nossa competitividade como economia,

Além disso, é muito aconselhável investir na construção de uma marca Brasil, em que a origem brasileira de produtos e serviços seja um agregador de valor, como a tecnologia japonesa, a engenharia alemã, o design italiano e até o café colombiano, citando um caso de sucesso de um país da América Latina.

E, finalmente, pensando no longo prazo, é necessário um investimento em educação de base, não somente com verbas, mas com a estratégia correta, para que o Brasil se torne também um polo de inovação tecnológica.

Tags: No tags

Comments are closed.