oportunidades de exportação agronegócio

Há oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro mesmo após a pandemia

Uma das grandes incógnitas dos exportadores brasileiros em relação à recuperação econômica pós pandemia seria sobre qual o tamanho do mercado para os produtos brasileiros em economias que passam por processos diferentes de recuperação. Mas, de acordo com a FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura), a demanda mundial por alimentos será alta, gerando oportunidades de exportação para o agronegócio brasileiro.

 

Segundo a agência, as importações mundiais de alimentos poderão atingir US$.1,715 trilhão em 2021, cerca de US$.185 bilhões a mais do que em 2020, representando um aumento de aproximadamente 10% em um ano, demonstrando que a Pandemia de Covid-19 pode ter represado compras ou entregas em um primeiro momento, em função das restrições, mas não afetou a demanda mundial por alimentos.

 

O que está gerando o aumento de demanda por alimentos

 

De acordo com a FAO, o aumento de demanda está sendo gerado pela retomada econômica permitida pelas providências que as autoridade de diversos países tomaram para controlar a pandemia alguns meses atrás, como um controle rigoroso da circulação de pessoas, testes em grande escala, para medir a disseminação da Covid-19, medidas de isolamento, quando e onde foi necessário, e quando foi finalmente possível, vacinação.

 

A retomada da economia, com o consequente aumento das importações de alimentos, e de outros bens de consumo, e de um retorno ao que estamos acostumados a chamar de vida normal está diretamente associada aos processos de vacinação em massa.

 

Quais os países que estão abrandando as restrições

 

O abrandamento das restrições de circulação de pessoas está acontecendo quase simultaneamente em todos os países que conseguiram vacinar uma parte considerável de sua população, sendo as principais China, a Europa, Estados Unidos e países do Oriente Médio, sendo esses os mercados para onde o agronegócio deverá exportar mais.

 

 

Como os preços dos produtos do agronegócio se comportaram

 

Segundo o estudo apresentado no Comitê de Agricultura da Organização Mundial de Comércio, o Brasil, e outros países grandes produtores e exportadores agropecuários serão beneficiados em 2021 por um crescimento simultâneo dos preços e dos volumes demandados pelos mercados compradores, sendo que os preços continuarão altos, influenciados pelo alto custo dos fretes.

 

O índice de preços de alimentos da FAO chegou em maio de 2021 a 127,1 pontos, com aumento de 39,7% em relação a maio de 2020, um crescimento impulsionado pela valorização de óleos, açúcar, cereais, carnes e produtos lácteos, movimentando US$.185 bilhões.

 

Mercados dos países Ricos x Países em desenvolvimento.

 

O aumento dos preços dos alimentos não será uniforme entre regiões econômicas e geográficas do mundo. Os países desenvolvidos deverão comprar um volume menor em 2021, mas a um valor maior do que o de 2020, devido ao aumento dos custos e do frete internacional.

 

Já no caso dos países em desenvolvimento, apesar dos aumentos dos preços mundiais, a previsão é que as compras de alimentos vão crescer em todas as categorias de produtos em 2021, em função de economias se reaquecendo com algum retorno à normalidade à medida que os processos de vacinação forem avançando e  pandemia, arrefecendo.

 

Conclusão

 

Esse é um momento de ouro para as empresas do agronegócio preparadas para atuar no mercado internacional, e que aquelas que ainda não se internacionalizaram, não podem deixar passar.

 

Mas cabe a observação de que, mesmo com a infraestrutura deficiente do Brasil, temos o agronegócio mais competitivo do mundo. Caso façamos as reformas que permitirão mais investimento nessa área, essa competitividade aumentará ainda mais. E o agronegócio não será o único beneficiado. Nossa indústria, que sofre para competir no mercado internacional, teria enormes ganhos diminuindo seus custos com logística.

 

Fica a dica para reflexão.

exportar e importar Egito

Egito: Como fazer bons negócios com um dos países mais ricos da África

 

A República Árabe do Egito se localiza no Norte da África e a Península do Sinai, já na Ásia. Com seu litoral de2.450 km banhado pelo Mar Mediterrâneo e Mar Vermelho e tendo fronteiras terrestres com a Líbia.  Faixa de Gaza, Israel e Sudão, o Egito tem uma extensão territorial de 1.001.450km² dividida administrativamente em 27 províncias e é o país mais rico da África, quando se usa o tamanho do PIB como critério.

 

A História do Egito

 

No Egito se estabeleceu uma das mais desenvolvidas e fascinantes civilizações da história humana, que data de mais de três milênios antes de Cristo, que adquiriu conhecimentos avançadíssimos, perdidos no tempo, que foi capaz, dentre outros feitos, de legar uma herança arquitetônica na forma de pirâmides e templos que até hoje intrigam os cientistas, que tentam descobrir como foram construídas obras tão grandiosas.

 

A civilização Egípcia nasceu às margens do Rio Nilo, cujo cheia garantia terras férteis para o cultivo agrícola, ao mesmo tempo em que os desertos a Leste e Oeste, como o célebre Deserto do Saara, garantiram um relativo isolamento que protegeu os Egito de invasões e garantiu o seu florescimento.

 

O primeiro reino unificado do Egito surgiu por volta de 3.200 aC, e uma série de dinastias governou o país pelos três milênios seguintes. A última dinastia egípcia nativa caiu para os persas em 341 aC. Esses, por sua vez foram substituídos por gregos, romanos, bizantinos. A conclusão do Canal de Suez, em 1869,ligando o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, tornou o Egito um importante centro de transporte mundial. Para proteger seus investimentos no Egito, especialmente o Canal de Suez, a Grã-Bretanha assumiu o controle do governo do Egito em 1882.

 

Embora o Egito fosse nominalmente parte do Império Otomano, que acabou na I Guerra Mundial,  quem dominava realmente eram os britânicos. Parcialmente independente do Reino Unido em 1922, o Egito adquiriu total soberania da Grã-Bretanha em 1952, quando os militares nacionalistas Oficiais Livres, liderados por Gamal Abdel Nasser, derrubassem o Rei Faruk e estabeleceram a República Árabe do Egito, que era governado por egípcios pela primeira vez em quase 2.300 anos.

 

Nasser estabeleceu uma corrente política nacionalista, influente em todo o Oriente Médio nos anos seguintes, que teve seu grande momento quando nacionalizou o Canal de Suez e provocou a reação militar de França e Reino Unido, potências coloniais tradicionais. Mas essas perceberam que o mundo pós-segunda Guerra Mundial era diferente. Sem o apoio das grandes potências da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, não tiveram como garantir suas pretensões, decretando o fim da Era dos Impérios Coloniais.

 

Nasser governou até seu falecimento, em 1970, sendo sucedido por Anwar Al Sadat, que celebrou o acordo de Paz de Camp David, com Israel, afastou o Egito da esfera de influência da União Soviética e diminuiu a influência estatal na economia, uma herança de Nasser, em uma política chamada Infitah.

Anwar Al Sadat foi assassinado em 1981, sendo sucedido por Hosni Mubarak, que manteve o acordo de paz com Israel e governou até 2011, por trinta anos.

 

Hosni Mubarak renunciou após intensos protestos populares, na chamada Primavera Árabe. Em 2012 foi eleito Mohamed Mursi, que governou por pouco tempo. Depois de uma onda de protestos em 2013, Mursi foi derrubado por militares, assumindo o poder Abdelfattah El Sisi que foi reeleito em março de 2018.

 

A população do Egito

O Egito tem 106.437.241 habitantes, dos quais 95% vivem a até 20 km do delta do Rio Nilo, o que faz com que vastas áreas do país, que tem um clima de deserto muito rigoroso, sejam quase ou totalmente desabitadas.

A população é considerada etnicamente egípcia e 90% dela segue a vertente sunita da Religião Islâmica, sendo os 10% restantes cristãos, especialmente Ortodoxos Coptas. A língua oficial do Egito é o Árabe, embora o Francês e o Inglês sejam muito falados entre aqueles de melhor nível educacional.

 

 O PIB do Egito

 

O PIB do Egito é de U$323.763 bilhões, o que o torna o país mais rico da África, seguido pela Nigéria e África do Sul. Entretanto, se o critério para definir o país mais rico for o PIB per capita a posição do país cai bastante.

Antes da Pandemia o crescimento do PIB do Egito vinha seguindo uma taxa bastante significativa, sendo de 4,4% em 2015, 4,3% em 2016 e 4.2%  em 2017, Embora a inflação também seja bastante alta, tinha caído progressivamente nos mesmo período, sendo de 29,6% em 2017, 14,4% em 2018 e 9,3% em 2019.

 

 

A Economia do Egito

 

O peso de cada setor da economia do Egito na construção da riqueza do país é o seguinte:

 

Agricultura: 11,7%

Indústria: 34,3%

Serviços: 54%

 

Os principais produtos agrícolas são: Cana de açúcar, beterraba, trigo, milho, tomate, arroz, batata, laranja, cebola e leite.

Os principais produtos industriais são: têxteis, processamento de alimentos, produtos químicos, farmacêuticos, hidrocarbonetos, construção, cimento, metais e manufaturas leves.

O principal produto do setor de serviços do Egito é o Turismo.

 

O Egito recebe desde pessoas de países próximos para relaxarem nas praias do Mar Vermelho até milhões de turistas de todos os lugares do mundo, que vão lá para apreciar desde os passeios de barco no Rio Nilo, imortalizados nos romances de Agatha Christie até sítios arqueológicos incríveis, como as Pirâmides de Gizé, o Vale dos Reis e Abu Simbel, entre outros.

 

A taxa de desemprego no Egito é alta: 24,7% da População Economicamente Ativa.

 

Exportações e importações do Egito

 

O Egito se encontra em um processo de modernização e abertura de sua economia, que busca se tornar mais diversificada, o que impactará diretamente em suas exportações e importações.

 

Produtos importados pelo Egito

 

Total de Importações do Egito no ano de 2020 foi de US$ 60.279.554, sendo os principais produtos importados os seguintes:

 

Combustíveis minerais,

Óleos minerais e produtos da sua destilação;

Matérias betuminosas;

Ceras minerais

Caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes ,

Automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, especialmente pata transporte de pessoas,  suas partes e acessórios ,

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes;

Aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios

Trigo

Medicamentos

Milho

 

 

Países de origem das importações do Egito

 

Os principais fornecedores mundiais para as importações egípcias são:

 

China ,

Estados Unidos da América ,

Arábia Saudita ,

Alemanha ,

Turquia

 

Produtos exportados pelo Egito

 

O total das exportações do Egito no ano de 2020 foi de US$ 26.815.145, sendo os principais produtos exportados pelo Egito os seguintes:

 

Pérolas naturais ou cultivadas,

Pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes,

Ouro,

Metais banhados a ouro com platina, em formas brutas ou semimanufaturadas, como folheados ou chapeados e suas obras; como bijuterias e moedas

Plásticos e suas obras

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes;

Frutas e nozes comestíveis; cascas de frutas cítricas ou melões

Óleos de petróleo e óleos obtidos de minerais betuminosos, brutos ,

Fertilizantes nitrogenados minerais ou químicos (exceto aqueles em pellets ou formas semelhantes ,

Frutas cítricas, frescas ou secas  .

 

Principais destinos das exportações do Egito

 

Emirados Árabes Unidos,

Arábia Saudita ,

Turquia ,

Estados Unidos da América ,

Itália

 

As relações comerciais Brasil-Egito

 

O Brasil tem boas relações comerciais e diplomáticas com o Egito, e também com praticamente todos os países  árabes. Esse bom relacionamento é oriundo não somente de um trabalho diplomático competente e pragmático,  realizado ao longo de décadas, como pela peculiaridade de que boa parte da nossa população, que alguns estimam em quase 10% dos brasileiros, ser descendente de imigrantes de países árabes, em um processo que começou no fim do Século XIX e que continua até hoje.

 

Falando especificamente das relações comerciais Brasil-Egito, as exportações brasileiras para o Egito somaram US$ 1.754.031.562 em 2020. No mesmo ano, as importações do Brasil vindas do Egito somaram US$ 212.188.566, garantindo para o Brasil um superavit comercial bastante considerável nas relações com esse país árabe do Norte da África.

 

 

Principais produtos exportados pelo Brasil para o Egito

 

Cereais em geral

Milho, exceto para semeadura

Carne bovina, desossadas, congeladas e miudezas, comestíveis

Carnes de galos e galinhas da espécie doméstica não cortadas em pedaços, congelada

Açúcar de cana e produtos de confeitaria

Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados, escórias e cinzas

Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão

 

Principais produtos importados pelo Brasil do Egito

 

Fertilizantes

Preparações de produtos hortícolas, de frutas ou de outras partes de plantas

Azeitonas preparadas ou conservadas, exceto em vinagre ou ácido acético, não congeladas, ,

Plásticos e suas obras

Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação;

matérias betuminosas;

ceras minerais

Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis.

superfosfatos

Ureia, mesmo em solução aquosa

Policloreto de vinila,

Parafina

 

Acordos comerciais entre Brasil e Egito                                                                                              

 

O Acordo de livre comércio (ALC) entre o Mercosul e o Egito foi firmando em San Juan, Argentina, em 02/08/2010, aprovado pelo congresso nacional pelo decreto legislativo no. 216/2015 e promulgado pelo decreto no. 9229 de 6/12/2017.

 

O acordo, que entrou em vigor em 01/09/2017,  abrange cerca de 980 linhas do universo tarifário, que terão suas tarifas desgravadas até 01/09/2026. As preferências concedidas pelo Brasil ao Egito E vice-versa serão distribuídas ao longo de 10 anos e já completou 3 anos e meio de sua vigência.

 

Entre os produtos que o Brasil passou a vender mais para o Egito, após a vigência do acordo, estão: carnes de boi, frango, tijolos, placas, ladrilhos e peças cerâmicas semelhantes para construção, e óleos de petróleo ou de minerais betuminoso.

 

No caso do Egito, as exportações para o Brasil cresceram em: plantas, suas partes, sementes e frutos, para uso em perfumaria, inseticidas, azeitonas preparadas ou congeladas, parafina e cimentos.

 

 

A modernização da Economia Egípcia

 

A economia do Egito passou por um recente processo de modernização. As reformas macroeconômicas e estruturais estabilizaram a economia egípcia, tornando o ambiente de negócios no país mais saudável e atraente a investimentos externos. O timing dessas reformas foi propício, permitindo que o Egito enfrentasse as consequências econômicas da pandemia de COVID-19 em condições mais favoráveis do que em outros tempos

 

Efeitos da Pandemia de Covid -19 na economia do Egito.

 

 

O Egito entrou na crise global do COVID-19 com a contas fiscais e externas em uma situação bem melhor do que em outros tempos, o que deu ao país alguma margem de manobra.  No entanto, as repercussões adversas da pandemia, desde então, minaram esse progresso recente, lançando luz sobre desafios de longa data.

 

Entre esses desafios está a lenta atividade do setor privado e criação de empregos, especialmente formais, desempenho inferior das exportações não petrolíferas e do Investimento Estrangeiro Direto (IDE), elevada relação dívida pública / PIB, baixo potencial de mobilização de receitas e uma estrutura orçamentária desfavorável, com alocações limitadas a setores-chave, como saúde e educação.

 

Medidas de estímulo à economia do Egito após a Covid-19

 

No início da crise da COVID-19, o governo elaborou um pacote de resposta de emergência no valor de 100 bilhões de LE, Libras Egípcias, o equivalente a 1,7% do PIB do anos fiscal de 2018/2020.  As medidas incluem uma concessão monetária excepcional a trabalhadores irregulares, expansão dos programas de transferência de renda já existentes, maior tolerância nos atrasos das declarações de impostos e pagamento de empréstimos, além de crédito subsidiado para alguns  setores-alvo.

 

O Banco Central do Egito cortou as taxas de juros em 400 pontos-base, para aumentar a liquidez e permitir que pessoas físicas tenham acesso ao crédito em termos favoráveis. Em um cenário mais otimista, em que a vacinação contra a COVID-19 progrida de forma rápida e constante, ao longo de 2021 e início de 2022, espera-se que o Egito comece a recuperar lentamente seu ímpeto de crescimento econômico pré-pandemia,

 

Mas, Mas, se  o processo de vacinação se tornar mais demorado ou as variantes da doença causarem mais interrupções da atividade econômica,. crise causada pela pandemia terá um efeito ainda mais grave sobre a economia do Egito.

 

Oportunidades pós-pandemia na economia do Egito.

 

Como em outros países do mundo afetados pela Covid-19, a pandemia ressaltou a importância de fazer avançar a agenda do capital humano, acelerar a transformação digital e fortalecer a proteção social.

 

Além disso, uma segunda onda de reformas  econômicas,  projetada para desencadear a atividade do setor privado e enfrentar os desafios estruturais de longa data do Egito está pendente. Ela é crucial para criar melhores oportunidades de emprego e melhorar os meios de subsistência da população, e participar desse processo, em que a iniciativa privada será muito bem-vinda, é uma grande oportunidade para as empresas brasileiras.

Fica a dica para reflexão.

recuperação econômica pós-pandemia

O que esperar da recuperação econômica pós pandemia

A recuperação econômica pós pandemia já começou, segundo a OCDE.

De acordo com a  Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a economia global deverá crescer quase 6% em 2021,  uma reação vigorosa após a contração de 3,5% ocorrida em 2020, ano em que, como todos sabemos, o mundo inteiro foi atingido pela pandemia de Covid-19.

Essa recuperação é a maior expansão econômica desde 1973, e tem como principais vetores a vacinação em larga escala que ocorre em vários países do mundo, principalmente os mais ricos e desenvolvidos, e o recente estímulo fiscal promovidos pelos Estados Unidos.

Temos razões para comemorar?

O número por si só é exuberante. E merece ser comemorado depois de tanto tempo de notícias ruins, não somente no aspecto econômico e comercial, como no humano.

Mas se sempre cabe uma dose de cautela quando falamos de previsões e estimativas, mesmo vindas de uma entidade com credibilidade, essa dose de prevenção deve ser redobrada quando falamos do cenário criado pela pandemia de Covid-19.  Não somente pela previsão depender de diversas variáveis se confirmarem, como o controle da pandemia nas principais economias, como do não surgimento novos contratempos ou ameaças no horizonte.

Posto isso, devemos lembrar que esse número alto é uma média mundial. E médias, mesmo quando são números animadores, podem ser formadas por números bons, e outros que podem não dar margem a tanto otimismo. Ainda não é hora de soltar os fogos de artifício.

A própria OCDE, em seu estudo, alerta que os maiores riscos a essa projeção otimista se confirmar estão ligados às imprevisibilidades da própria pandemia e às condições dos países emergentes, como Brasil, Índia e África do Sul, que não tem conseguido impor um ritmo de vacinação tão rápido quanto o dos países desenvolvidos.

A Recuperação dos Países Emergentes

A OCDE considera preocupante a falta de vacinas para as economias emergentes e de baixa renda, o que as expõe a uma ameaça fundamental, pois elas têm menos capacidade de apoiar a atividade do que os países desenvolvidos. Um crescimento mais fraco, causado pela pandemia, é mais difícil de superar, resultando aumento de pobreza e problemas de financiamento.

A desestabilização das economias emergentes é uma realidade, exacerbando as desigualdades não somente entre países ricos e em desenvolvimento, mas também entre  ricos e pobres dentro dos próprios países.

As cadeias de fornecimento


As disrupções das cadeias de fornecimento, que em certos momentos de 2020, pareciam que iam colocar a globalização econômica em xeque, devem começar a melhorar no final de 2021 e no início de 2022, à medida que a oferta e demanda dos insumos e o consumo se normalize.

A recuperação econômica pós pandemia das principais economias do mundo

Estados Unidos – Previsão de crescimento do PIB dos EUA é de 7%em 2021 e de 3,5% em 2022.

Japão – A terceira maior economia do mundo teve contração do PIB no primeiro trimestre, e  acredita-se que haverá uma retomada gradual,  com a previsão de crescimento de 2,5% em 2021.

União Europeia –  Nós países da Zona do Euro, o PIB caiu no primeiro trimestre, mas a forte demanda externa está alavancando a atividade industrial. A expectativa de crescimento é de 4,3% em 2021

China –  No gigante asiático, o crescimento deve alcançar a 8,5% em 2021 e 5,8% em 2022. O comércio exterior chinês é muito dinâmico.

Índia – No outro gigante asiático,  a perspectiva não é tão animadora. A Índia, em função da pandemia, deve ter uma retração do seu PIB em cerca de 10% em 2021.

 

A recuperação econômica pós pandemia do Brasil

 

No Brasil, a previsão é que, se a pandemia for controlada e o ritmo da vacinação melhorar, o PIB poderá crescer 3,7% em 2021, abaixo da estimativa dos 4,5% feita pelos bancos privados e 2,5% em 2022.

Entretanto,  no início de 2021 o crescimento da economia brasileira superou as previsões,  com  O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro crescendo 1,2% em comparação com o trimestre anterior e 1% em relação ao mesmo período de 2020,  chegando a R$ 2,048 trilhões.

Com esse surpreendente resultado do primeiro trimestre, o PIB brasileiro voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, um período pré-pandemia.

Esse resultado deve ser comemorado? Sem dúvida que sim. O mesmo critério que usamos para analisar a economia mundial cabe para o Brasil. Depois de um período como uma sequência de incertezas e uma avalanche de notícias ruins, o crescimento econômico acima do esperado é mais do que bem-vindo. Mas isso não significa que a crise tenha acabado e já seja o momento de soltar os fogos de artifício.

O próprio IBGE aponta que a economia já vinha em recuperação desde os dois trimestres anteriores, ainda em 2020, e que mesmo com a perda de ritmo causada pela segunda onda de contaminações ocorrida no Brasil, foi o suficiente para conseguir um bom resultado.

Como se deu a recuperação do PIB do Brasil em 2021

Segundo alguns analistas, inclusive na imprensa internacional, como o que foi publicado nesse artigo do respeitado Wall Street Journal, a razão do crescimento seriam as exportações do nosso competitivo agronegócio, especialmente para a China, e a uma decisão de muitos brasileiros de ignorar os apelos dos cientistas para que ficassem em casa e retornassem ao trabalho.

Há sim pessoas que deliberadamente ignoraram os conselhos dos cientistas de ficar em casa. Assim como aquelas que, mesmo cientes dos riscos, escolheram sair de casa porque não tinham outra opção. Não nos cabe fazer esse tipo julgamento em uma situação como a pandemia de Covid-19, que é uma tragédia humana do ponto de vista sanitário, mas também do econômico.

Só nos cabe lamentar que o Brasil seja retratado negativamente em veículos de imprensa influentes ao redor do mundo. E aconselhar às empresas e órgãos diplomáticos brasileiros tenham uma estratégia para tentar remediar os danos que essa percepção, justa ou injusta, pode causar à imagem do país e às nossas empresas, produtos e marcas.

Os setores que impulsionaram o PIB brasileiro

Segundo dados do IBGE apontados nessa reportagem de O Globo, os setores que cresceram, impulsionando o crescimento do PIB brasileiro em 2021 foram os seguintes

  • Serviços: 0,4%
  • Indústria: 0,7%
  • Agropecuária: 5,7%
  • Investimentos: 4,6%
  • Exportação: 3,7%
  • Importação: 11,6%
  • Construção civil: 2,1%

 

Por outro lado, os setores que sofreram retração foram esses:

  • Consumo das famílias: -0,1%
  • Consumo do governo: -0,8%

Analisando, o Agronegócio, como sempre, é o setor mais competitivo do Brasil, internacionalmente, tendo preço e qualidade para disputar todos os mercados, enquanto a indústria, especialmente de bens manufaturados, continua dependendo de um mercado relativamente fechado para sobreviver.

Mas chamou a atenção o crescimento das importações, mesmo com a economia e o dólar a preços altos. Se por um lado a compra de produtos farmacoquímicos do exterior, para a produção de vacinas, explica essa alta, pelo outro a importação de máquinas e aparelhos elétricos pode sinalizar que algumas indústrias investiram em sua capacidade produtiva, o que é positivo.

Cenários da economia brasileira no curto e médio prazo

O cenário ainda é bastante incerto, apesar da boa notícia. Embora o tamanho do PIB seja o mesmo que no último trimestre de 2019, não podemos esquecer que os fatores que formam esse número mudaram.

Setores como os de serviços, responsáveis por grande parte do PIB brasileiro em épocas normais, e por gerar muitos empregos, foram duramente afetados. E a recuperação de muitos setores da economia pode ser mais demorada do que se imagina, já que a pandemia provocou uma mudança disruptiva em diversos ramos de atividade, que talvez demorem muito para retomar seu antigo ritmo, se é que um dia o farão.

A economia brasileira deslancha em 2021?

A análise que a OCDE fez sobre o aumento da desigualdade nos países emergentes serve bem para entender o momento da economia brasileira.

Por um lado, muitas micro, pequenas e médias empresas sofreram muito e até encerraram atividades durante a pandemia. Quantas dessas, e os empregos que geravam, serão capazes de retornar quando a situação se normalizar é uma questão que está sobre a mesa.

Por outro lado, a crise gerou muitas oportunidades para quem tinha algum capital, o que explica, por exemplo, o recente aquecimento do mercado imobiliário. E, olhando o copo meio cheio, não podemos esquecer que já houve alguma recuperação mesmo com vários setores importantes, como turismo, varejo físico, eventos e outros com um baixíssimo nível de atividade.

A retomada desses setores, com todo o consumo represado de produtos e serviços, sem dúvida gerará oportunidades. É toda uma cadeia econômica que só aguarda uma sinalização positiva para acelerar.

A questão é que durante algum tempo, ainda virão sinais com sentidos opostos. Por um lado, o histórico da pandemia já demonstrou que pequenos aumentos da atividade, quando as medidas restritivas são amenizadas, têm resultado em uma reação rápida da economia. Entretanto, tão rápida quanto a reação econômica é o de novos picos de contaminação, aumentando a quantidade de doentes e colocando o sistema de saúde próximo ao colapso.

Enquanto não tivermos a população vacinada, teremos de conviver com pequenos voos de galinha em termos de aquecimento econômico.

A recuperação da economia brasileira no longo prazo

Finalmente, uma ponderação deve ser colocada. O PIB brasileiro retornar ao tamanho que tinha no último trimestre de 2019 é muito positivo quando analisamos o contexto atual, do mundo atingido por uma pandemia e paralisando suas atividades.

Mas não podemos esquecer que o Brasil em 2019 era um país em compasso de espera, que se preparava para crescer depois de pelo menos meia década de estagnação econômica, que entre os anos de crescimento medíocre, teve dois de recessão profunda.

É preciso analisar o quanto restou do projeto de modernização da economia brasileira que deveria vir com as reformas econômicas tão necessárias para nos tornar mais competitivos e atrair mais investimentos.

E não custa novamente lembrar: Para que os cenários positivos se concretizem é preciso vacinar toda a nossa população. E assim que possível, contribuir para a vacinação de outros países mais pobres. Somente assim poderemos voltar a ter um grau de incerteza normal, para que empresas e famílias possam programas seus investimentos e consumo.